Moradores do Bairro Niterói seguem há dois meses sem ônibus
Tribuna voltou a conversar com moradores do Bairro Campo Alegre, antigo Niterói, que relataram dificuldade com ausência de transporte público; Presidente da Câmara diz estar solicitando que PJF faça vistoria no local após obra na estrada de acesso à comunidade
Nesta semana, os moradores do Bairro Campo Alegre, chamado de Niterói até 2023, localizado na Zona Sudeste de Juiz de Fora, completaram dois meses sem transporte coletivo e tendo que se deslocar até a BR-267 para usufruir do serviço público. Desde o acidente com um micro-ônibus, na manhã de 19 de maio, quando o veículo despencou de um barranco enquanto trafegava pela via sem asfalto da Rua João Duarte Silveira, matando dois moradores, os ônibus deixaram de circular pelo local.
À Tribuna, moradores relataram que seguem sem assistência e enfrentando dificuldades devido à falta de acesso ao transporte público. Para se locomover, precisam caminhar até a BR-267, em um trecho conhecido como Estrada da União Indústria. Alguns residentes da região destacam o risco de percorrer esse caminho com crianças e também durante horários de pouco movimento, enquanto outros desabafam sobre a insatisfação causada pela impossibilidade de chegar ao Centro da cidade por conta de limitações físicas.
Procurada pela reportagem para um posicionamento sobre a reclamação dos moradores em relação à falta de ônibus, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) informou que a linha que atende aos moradores do bairro segue em funcionamento, ainda que ela não passe mais pelo interior da localidade em questão.“A linha 300 – Campo Alegre / Via Granjas Primavera, que atende ao bairro Niterói, segue operando. A linha, no entanto, no momento não está atendendo ao trecho do itinerário que passa pelo bairro Niterói, que é onde ocorreu o acidente”, afirmou a PJF, em nota.
O Executivo já havia ressaltado que, com a conclusão das intervenções na Rua João Duarte Silveira, estrada de acesso ao bairro, uma análise seria realizada para verificar se há condições seguras para a retomada de atendimento no local. “É importante reforçar que a Prefeitura está em diálogo com a comunidade para garantir que a retomada aconteça da forma adequada, respeitando as demandas trazidas pelos usuários e moradores”, finalizou em nota.
O Consórcio Via JF reforçou que o retorno do atendimento de transporte público no local está condicionado à finalização das intervenções e à emissão das autorizações legais pela Secretaria de Mobilidade Urbana (SMU).

O presidente da Câmara Municipal de Juiz de Fora, Zé Márcio Garotinho (PDT), tem sido apontado pelos moradores como o articulador da volta do transporte coletivo para o bairro. À Tribuna, o vereador revelou que a obra de alargamento da via, que está sendo realizada de forma particular por uma pedreira, proprietária do terreno onde passa a estrada de acesso ao interior do bairro, deve ser finalizada na próxima semana. Diante disso, já foi feita uma solicitação para que a PJF analise a possibilidade do retorno do ônibus ao local.
Conforme o parlamentar e moradores do Campo Alegre, antigo Niterói, conversas têm sido realizadas desde a aquisição de um micro-ônibus para o atendimento ao bairro, há cerca de um ano, e agora com a luta para o retorno do serviço de transporte coletivo. Em um encontro no dia 9 de julho, junto do subsecretário de Participação Popular, Eng. Rafael Ribeiro, e de moradores, algumas demandas foram ressaltadas para a Prefeitura. Em caráter de urgência, aparece como a principal reivindicação a necessidade de que os ônibus voltem a circular. Além disso, também foi exposta a carência de asfaltamento nas ruas do bairro, de iluminação pública na Rua João Duarte Silveira e de extensão da rede de iluminação na Rua Hélio Falci e na parte superior da comunidade.

Moradores seguem à espera do retorno de ônibus e conclusão da estrada
A moradora Elisabete Salgueiro, 60 anos, que já conversou com a Tribuna anteriormente, quando o bairro estava prestes a completar um mês sem transporte coletivo, confirmou que mudanças começaram a aparecer nas últimas semanas, ainda que sem uma volta à normalidade. “Eles abriram uma estrada e vieram aqui fazer testes com ônibus”, ela conta. Pelo que percebeu, porém, um dos responsáveis pela fiscalização teria considerado que não há espaço hábil para a manobra de retorno, o que não foi confirmado pela PJF.
A comunidade teria, então, tentado propor uma alternativa. Quem conta sobre isso é a moradora Bete da Silveira, 69 anos. Ela é esposa de José Antônio, comerciante e filho de João Duarte Silveira, morador antigo da região que dá nome a principal rua do bairro. A família é composta por uns dos primeiros moradores do local.
Assim como João, à sua época, que auxiliou para que o relógio de luz – que antes era na barragem -, se aproximasse dos moradores, José chegou a cogitar oferecer o estacionamento do seu estabelecimento para que a PJF construísse, ali, um local para o ônibus manobrar. Apesar das ideias, eles comentam que ainda não conversaram com a Prefeitura e não sabem exatamente se a questão é essa, aguardando a conclusão das intervenções apontadas pelo Executivo como a pendência para a retomada do serviço de transporte coletivo.
A “sorte”, segundo Luiz Antônio Coelho, de 65 anos, dono de outro estabelecimento em frente ao antigo ponto final do ônibus, é que ainda não choveu. Ele também comemora o avanço de uma nova via, que está sendo aberta no local. “A estrada está ficando muito boa, e esperamos que o asfalto venha”, afirma. A nova estrada, bem como o alargamento da Rua João Duarte da Silveira, está sendo construída e custeada pela empresa proprietária do terreno.
Investigação sobre acidente com micro-ônibus continua
O inquérito que apura as circunstâncias do acidente com o micro-ônibus no Bairro Campo Alegre/Niterói segue em andamento, sob responsabilidade do delegado Márcio Savino. Em nota enviada à reportagem, a Polícia Civil informou que as oitivas já foram concluídas, mas que diligências ainda estão em curso e os laudos periciais seguem em fase de elaboração.
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