Julgamento de caso Cláudia segue por mais de dez horas

Seu ex-companheiro foi a júri popular por feminicídio e ocultação de cadáver da vítima, cujo corpo foi localizado cinco meses após ter desaparecido


Por Michelle Meirelles e Marcos Araújo

25/08/2020 às 09h28- Atualizada 25/08/2020 às 19h15

Iniciado na manhã desta terça-feira (25), o julgamento do caso de assassinato de Cláudia de Paiva Rezende Alves, de 47 anos, não tinha chegado ao fim, depois de mais de dez horas duração. O crime teve grande repercussão, uma vez que o corpo da vítima ficou desaparecido durante cinco meses, depois de Cláudia ter entrado no carro do seu ex-companheiro, que esteve sentado no banco de réu, ao longo do dia, denunciado pela morte da mãe de seus filhos, pela prática de feminicídio e por ocultação de cadáver.

No período da manhã, conforme explicou o juiz Paulo Tristão, presidente do Tribunal do Júri, foi realizada a escolha dos jurados e, em seguida, por solicitação das partes envolvidas, os jurados foram levados a locais onde alguns fatos do crime ocorreram. Acompanhado pelo juiz, o grupo, no primeiro momento, fez o trajeto que Cláudia percorreu quando saiu de casa, no Bairro Nova Era, Zona Norte, onde também teria sido abordada pelo suspeito.

O grupo também esteve no local onde o cadáver foi localizado, na Barreira do Triunfo, mesma região. De acordo com o magistrado, ao longo do dia, a expectativa era de que fossem ouvidas cerca de dez pessoas, entre defesa e acusação.

Contradições levantaram suspeitas na hora de registrar BO

Moradora do Bairro Nova Era, Cláudia desapareceu, no dia 6 de julho, do ano passado. O ex-marido foi quem realizou o boletim de ocorrência do desaparecimento, mas, segundo os policiais, teria caído em contradição. Após as suspeitas se recaírem sobre ele, o homem deixou a cidade, mas acabou preso pela Polícia Civil, em 8 de agosto daquele ano, em uma casa em Rochedo de Minas, município da Zona da Mata, situado a cerca de 50 quilômetros de Juiz de Fora.

O cerco contra ele ocorreu após a polícia conseguir mostrar, por meio de imagens de câmera de segurança, que Cláudia teria entrado no carro dele, quando foi vista pela última vez na Rua Eraldo Guerra Peixe, em Nova Era. O local fica a uma quadra da casa onde ambos ainda moravam, apesar da separação.

No dia 10 de dezembro, a Polícia Civil localizou o corpo da mulher em uma mata às margens de uma estrada vicinal no Bairro Barreira do Triunfo, próximo à BR-040. Devido ao avançado estado de decomposição, não foi possível identificar a causa da morte. O cadáver estava com as mesmas roupas que a vítima usava quando foi vista pela última vez no Nova Era: calça jeans, blusa rosa e botas marrom.

No dia de sua prisão, ao chegar na delegacia, o réu parou para falar com os jornalistas e afirmou não ter cometido o crime contra sua ex-companheira. “Jamais faria isso. É a mãe dos meus filhos, que eu amo. Estou sendo acusado injustamente e vou provar minha inocência”, disse, naquela ocasião.

 

 

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