Saiba como proteger seu pet contra a varíola dos macacos

Primeiro caso em animal no Brasil foi confirmado em Juiz de Fora; cachorro infectado após ter contato com o dono segue em observação


Por Mariana Floriano, sob supervisão da editora Fabíola Costa

24/08/2022 às 18h27- Atualizada 25/08/2022 às 17h52

Foi confirmado, nesta terça-feira (23), em Juiz de Fora, o primeiro caso de varíola dos macacos em animal no Brasil. Trata-se de um filhote de cinco meses que conviveu no mesmo ambiente e teve contato com um caso humano confirmado. Como a nova varíola é uma doença zoonótica, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) informou que existe risco potencial de transmissão entre animais mamíferos, consequentemente, com os pets contraindo a varíola dos macacos.

Sendo assim, a SES, junto ao Ministério da Saúde, divulgou nota orientando que pessoas com suspeita ou confirmação de contaminação evitem contato direto ou próximo com animais, sejam eles pets e domésticos ou selvagens. Na nota também fica estabelecido que todo resíduo proveniente de pessoas contaminadas seja descartado de maneira correta, para evitar que fique acessível a roedores e outros animais.

Sintomas da varíola dos macacos que merecem atenção de tutores

Em entrevista à Tribuna, o médico veterinário Rômulo Castro sinaliza quais são os possíveis sintomas de varíola dos macacos nos pets que devem chamar a atenção dos tutores. Conforme a SES-MG, o filhote com Monkeypox teve início dos sintomas no dia 13 de agosto, começou com prurido, apresentando lesões no dorso e no pescoço. Rômulo afirma que tais sintomas são muito parecidos com as lesões de pele convencionais, típicas de algumas raças de cachorro, como shitzu, labrador e shar pei, por exemplo.

“A lesões em pápula, pústula e crosta são sintomas de animais que têm alguma dermatite. Essas doenças de pele são cerca de 60% dos atendimentos que fazemos no consultório. O que o tutor tem que ficar de olho é se o animal estiver apresentando alterações generalizadas, como prostração, anemia, apatia e febre. Nesses casos é bom procurar um veterinário e realizar, se preciso, um exame mais aprofundado.”

Rômulo afirma que não há motivo para alarde, destacando a preocupação de que pets possam ser vítimas de violência ou abandono por medo da varíola dos macacos. “Temos um bom indicativo nos países africanos, onde a doença é endêmica, de que ela não transita entre animais domésticos. Os maiores índices são em animais silvestres. Aqui no Brasil, acredito que também será assim.” O veterinário afirma que, para o animal, a doença não é tão agressiva e ainda não há vacina que a previna, no caso dos pets.

Cuidados com os pets são necessários

Por conta de a varíola dos macacos se tratar de uma doença nova, o médico infectologista Marcos Moura afirma que é necessário ter cuidados com os pets. “Os cuidados com os animais devem ser os mesmos que temos com o ser humano. Ele deve ficar isolado até que todas as feridas cicatrizem, o que pode levar de três a quatro semanas.”

Para o médico, é preciso também adotar medidas restritivas em casos humanos suspeitos ou positivos, para evitar que o animal tenha contato com o vírus. “A transmissão da varíola acontece pelo contato próximo às lesões da pele, por secreções respiratórias ou objetos usados por uma pessoa infectada. Como os animais têm uma relação muito próxima com os tutores, é preciso ficar atento para isolar esses pets e evitar uma possível infecção.”

De acordo com ele, até o momento, não foram notificados casos no qual o pet transmita o vírus da varíola dos macacos para humanos ou outros animais, mas que é preciso ter cuidado. “Em caso de teste positivo, o animal precisa ficar isolado, inclusive de outros animais. Os pox vírus têm uma resistência muito grande na natureza. Em um ambiente contaminado, o animal vai estar disseminando esse vírus pelo ambiente e pode chegar a outras espécies.”

O caso

Segundo a SES-MG, o dono do cachorro infectado também teve diagnóstico positivo para varíola dos macacos, com o início dos sintomas no dia 3 de agosto. Ele foi orientado pelo Município a manter o animal em isolamento e adotar medidas sanitárias para a rotina e a alimentação do cão, como o uso de luvas, máscara, blusa de manga comprida e calça para proteção da pele, bem como desinfecção da área com água sanitária.

Paciente infectado com a varíola dos macacos e seu pet estão isolados em domicílio e passam bem, conforme informação da Regional de Saúde de Juiz de Fora. O único contato humano domiciliar do paciente com varíola dos macacos continua assintomático e segue em monitoramento.

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