População contabiliza estragos do vendaval que atingiu Juiz de Fora
Árvore caiu em cima de três carros na tarde desta quinta-feira, em decorrência do vendaval que atingiu a cidade na quarta; órgãos de segurança atuaram para minimizar transtornos
Um dia depois dos estragos causados pela chuva, nesta quarta-feira (21), Juiz de Fora voltou a registrar precipitações no início da noite desta quinta (22). Desta vez, entretanto, a chuva teve menor intensidade: em três horas, entre 17h e 19h, os aparelhos do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) mediram 17,6 milímetros na Cidade Universitária, no campus da UFJF.
A Defesa Civil afirmou que, até por volta das 19h30, não tinha registrado nenhuma ocorrência em relação à precipitação desta quinta. Já os Bombeiros foram acionados por conta da queda de uma árvore, que atingiu três carros, no estacionamento da Catedral Metropolitana, na Rua Santo Antônio, Centro. Segundo os bombeiros, não houve vítimas.
Em função do vendaval da última quarta, que chegou a 93 km/h, a Defesa Civil da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) contabilizou 11 ocorrências. Nenhuma de gravidade, conforme o órgão. A região com maior número de ocorrências foi a Sudeste, com quatro. Conforme a Defesa Civil, em caso de emergência, a orientação é para acionamento do número de telefone 199.
Trechos interditados
Ainda em decorrência dos trabalhos de rescaldo da tempestade da última quarta, algumas ruas ficaram interditadas ao longo desta quinta. A maioria foi liberada para o tráfego, mas, até por volta de 19h30, a Rua Pedro Gonçalves de Oliveira, no Bairro Bom Pastor, ainda estava fechada.
BR-040
Já na BR-040, um trecho próximo a Petrópolis também foi interditado durante a chuva que atingiu Juiz de Fora nesta quinta. A Concer, concessionária responsável pela administração da BR-040 entre Rio de Janeiro e Juiz de Fora, informou que um acidente com caminhão no km 52, em Pedro do Rio, região de Petrópolis, interditou a pista sentido Juiz de Fora. Segundo a concessionária, a ocorrência não registrou vítimas. Na noite desta quinta, as equipes da Concer atuavam para desinterditar o trecho, mas ainda não havia previsão de liberação da pista.
Demlurb recolhe mais de 5 toneladas de entulho
A PJF informou que mais de 5,4 toneladas de entulho foram recolhidas pelo Departamento Municipal de Limpeza Urbana (Demlurb) após a tempestade de quarta. Já a Empav, atendeu a 14 regiões e colocou mais de cem trabalhadores nas ruas para darem suporte ao Corpo de Bombeiros e à Defesa Civil. A Cesama atendeu a 43 ocorrências, conforme a PJF, relacionadas a problemas como drenagem.
Em vídeo divulgado na manhã desta quinta, a prefeita Margarida Salomão (PT) informou que o Município fez um levantamento dos estragos causados pelo vendaval. Conforme a prefeita, cerca de 50 árvores, galhos e troncos caíram na cidade. A chefe do Executivo destacou a importância de alguns trabalhos preventivos que evitaram o alagamento de áreas que historicamente sofreram com o problema ao longo de anos.

Maior parte dos chamados para queda ou risco de queda árvores
Já o Corpo de Bombeiros afirmou que recebeu 35 chamadas, a maior parte, 25, com relação a queda ou risco de queda de árvores. Ainda na noite de quarta, a corporação foi acionada para corte de uma palmeira de aproximadamente 13 metros de altura (maior que um prédio de quatro andares), na Rua Mariano Procópio, bairro homônimo, Zona Nordeste.
A árvore ficou tombada e com as raízes expostas após as fortes chuvas que caíram no município, e apresentava risco iminente de queda sobre a via, com a possibilidade de atingir veículos e pedestres. Com o apoio de um Munk cedido pelo Exército, as guarnições de Bombeiros no local conseguiram realizar a supressão da palmeira e eliminar o risco. Esse atendimento durou cerca de cinco horas de intenso trabalho dos Bombeiros no local.
A corporação também foi acionada para salvamento de pessoas ilhadas na Rua Morais e Castro, no Bairro Altos do Passos, Zona Sul. Segundo os Bombeiros, várias pessoas ficaram ilhadas em seus veículos devido ao grande volume de chuva no local. Ao final do atendimento as águas já haviam baixado. Não houve maiores intercorrências.
Creches e escolas ficaram fechadas
Três escolas municipais e uma creche não tiveram atendimento nesta quinta-feira também por conta da chuva intensa de quarta. São elas: a Escola Municipal Carolina de Assis, no Bairro Floresta, Nilo Camilo Ayupe, no Centro, e Raymundo Hargreaves, no Bairro Bom Jardim, além da creche Olga de Oliveira Frizero, também no Centro.
De acordo com a Prefeitura, apenas a Escola Raymundo Hargreaves não terá aula presencial nesta sexta-feira (23), por conta de problemas com a rede elétrica que atende a unidade. As aulas nesta escola vão ocorrer de forma remota.
Sede da Amac é invadida pela água

A sede da Associação Municipal de Apoio Comunitário (Amac), localizada na Rua Espírito Santo, no Centro, também sofreu com a inundação provocada pelas chuvas, e nesta quinta precisou suspender as atividades técnicas. De acordo com o diretor-presidente da Amac, Márcio Vargas, com o vendaval, houve destelhamento do prédio e da galeria onde está localizada a instituição. Com isso, água invadiu todo o espaço e molhou mobiliários, alguns equipamentos como computadores e parte de documentos. A Tribuna esteve no local na manhã desta quinta, onde a equipe trabalhava para limpeza do espaço.
A tempestade também causou prejuízos em instituições vinculadas à Amac, como a Creche Comunitária Olga de Oliveira Frizero, no Centro. No local também houve destelhamento, conforme o Vargas. Unidades Centro de Referência de Assistência Social (Cras) também sofreram como o vendaval e precisaram suspender as atividades nesta quinta. A Tribuna entrou em contato com a PJF para detalhamento da suspensão do serviço, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.
Segundo o superintendente da Amac, Alexandre Andrade, na sede, prejuízo só não foi maior devido à ação rápida dos funcionários. “Rapidamente a equipe conseguiu arredar os móveis. Colocamos lona, para poder proteger os objetos”. No momento da tempestade, cerca de 50 funcionários estavam no local. A equipe de manutenção da instituição, segundo Vargas, já avaliava sobre a questão de reparo do telhado nesta quinta. Ainda não se sabia se será necessária a contratação de um equipe especializada para o serviço.
Prejuízos foram contabilizado ao longo do dia
Na quarta, o motorista Marcelo Cruz, proprietário de uma agência de viagens localizada na Avenida Itamar Franco, viu o espaço ser tomado pela água em questões de minutos. Ela narra que estava sentando em uma mesa quando percebeu a água subindo. “Fui pego de surpresa. Quando olhei para meus pés, a água já tinha invadido todo o estabelecimento. Em cerca de dois minutos a água subiu uns dois palmos. Eu não consegui fechar portas, levantar mesas, nem computador. Subiu muito rápido, não teve ação que desse conta ou que fizesse reverter a situação”, relata. Na manhã desta quinta, o motorista fazia o rescaldo da situação e avaliação dos prejuízos, além de limpeza da loja. No entorno, segundo ele, cerca de dez outras lojas sofreram com a invasão da água.
A advogada Márcia Cristina Campos Pereira estava dentro de uma loja na região central de Juiz de Fora no momento da tempestade. Ela fez registro da situação que causou pânico e desesperou lojistas. De acordo com ela, na Praça da Estação, onde às quartas ocorre a Feira Noturna, os feirantes iniciaram uma força-tarefa para evitar perdas. “Todo mundo começou a cobrir as barracas com lonas, segurar as ferragens para evitar que as barracas desarmassem ou voassem”, conta. No entorno, ela afirma que muitas lojas ficaram sem energia e foram fechadas às pressas para evitar que a água avançasse ainda mais.
Cemig alega restabelecimento de energia para 90% dos clientes afetados
Durante a chuva, diferentes pontos da cidade ficaram sem energia elétrica. De acordo com a Cemig, a principal causa dos desligamentos são objetos lançados em direção à rede elétrica, como partes de telhados e galhos de árvores, que provocaram curtos-circuitos e rompimentos de cabos. Dessa forma, os serviços para reparo destes problemas, que representam maior risco à população, estavam sendo priorizados, conforme a companhia.
Ainda conforme a Cemig, imediatamente após o início das ocorrências, equipes da empresa iniciaram os reparos, e os trabalhos continuaram durante toda a madrugada. Na tarde desta quinta, 90% dos clientes já estavam com o serviço restabelecido.