Aposentado é exemplo de dedicação à natureza
No Dia da Árvore, comemorado hoje, a história da luta de Ilson Marques Pinto, 81 anos, em prol de uma área de preservação permanente no Alto Bairu, região Leste, é, por si só, uma homenagem. Aposentado, ele conta que iniciou, em 1983, o plantio de mudas em uma área de 5.410 metros quadrados. Na época, o local era um pasto abandonado, sem qualquer semelhança com a atual morada de pássaros, como tucanos, gaviões e saracuras. Na última vez que catalogou as espécies plantadas no lugar, hoje conhecido como Bosque Bairu, Ilson encontrou 64 tipos de árvores, entre angicos, ipês, cabinas e muitas outras. "Meu pai sempre cuidou de plantas na fazenda onde morávamos, e eu sempre gostei de estar cercado de verde. Este espaço era abandonado, e pensei que seria melhor se fosse ocupado pela natureza do que invadido."
O aposentado relembra os quase 30 anos de batalha para que o local fosse preservado. Em 1984, ele obteve permissão da Prefeitura para utilizar a área, plantando cem mudas de árvores nativas da região, concedidas pela Empav. "Só tinha bambu quando eu e uns outros 20 moradores cercamos o terreno e iniciamos o plantio." O idoso relata ter cuidado do bosque sozinho, enfrentando, muitas vezes, a falta de apoio público e da própria população. "Certa vez, atearam fogo em alguns bambus que ficam na divisa da Rua José Teixeira Lopes com o muro do bosque, mas consegui recuperar o estrago plantando mudas que trouxe da minha casa. Em outra ocasião, fui processado por um morador, que alegava que a mata encobria a vista da cidade."
Emocionado, Ilson conta que o terreno só se tornou Área de Preservação Permanente em 1996, através da Lei Municipal nº 8.918. "Sempre lutei para que isso acontecesse porque era a única maneira de garantir longa vida ao local. Desde então, as sementes caem de árvores mais antigas, e a natureza se encarrega do milagre da multiplicação." Desde 2000, a manutenção do Bosque do Bairu é de responsabilidade do Grupo Escoteiro Frederico Ozanan, vinculado à Sociedade São Vicente de Paula. Segundo um dos chefes da organização, Luiz Gomes Mendes, a falta de recursos financeiros dificulta a realização desta tarefa. "Utilizamos a área para atividades de educação ambiental, acampamento e trabalho em equipe, além do plantio de árvores. O custo operacional da limpeza é muito grande, o que é agravado pela falta de consciência da população, que joga lixo no terreno." Sabendo de tais dificuldades, o pioneiro da iniciativa espera que seu trabalho seja mantido. "Espero que o bosque continue a existir, porque a presença de todo este verde a poucos minutos do Centro é um bem imensurável."
Semana da Árvore
Em menção ao Dia da Árvore, profissionais de diversos órgãos municipais estarão no Parque Halfeld, no Centro, das 9h às 17h de hoje, atuando em estandes com material informativo sobre preservação do meio ambiente. "Também haverá distribuição de mudas, com orientação de especialistas sobre plantio e manutenção", afirma Aristóteles Faria, superintendente da Agenda-JF. Na tarde de ontem, ele e funcionários da pasta estiveram em quatro escolas municipais, onde alunos plantaram mudas de ipê-amarelo."Os estudantes percebem que o convívio com a natureza melhora a qualidade de vida e aprendem que preservá-la é garantir um futuro melhor." A Semana da Árvore, com palestras, apresentações artísticas e oficinas, será encerrada na sexta-feira, com uma visita guiada e aberta ao público no Parque da Lajinha.