Moradores do Santa Luzia ainda contabilizam prejuízos após forte tempestade

Populares se dizem surpresos com volume de água que atingiu a região e relatam apreensão com possibilidade de novos temporais


Por Gabriel Silva, sob supervisão do editor Eduardo Valente

20/12/2021 às 11h43- Atualizada 20/12/2021 às 11h55

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Trabalhadores do Demlurb ainda atuam em limpezas nas ruas do bairro (Foto: Gabriel Silva)

Os moradores do Bairro Santa Luzia, Zona Sul, seguem contabilizando prejuízos e trabalhando na limpeza dos locais atingidos pelo temporal registrado em Juiz de Fora na noite da última sexta-feira (17), enquanto tentam voltar à rotina normal após as fortes chuvas. Na manhã desta segunda-feira (20), a reportagem da Tribuna esteve nos pontos mais impactados e colheu relatos de populares preocupados com a possibilidade de novas enchentes durante o período chuvoso.

Na sexta-feira, o transbordamento do Córrego Santa Luzia resultou em um alagamento por um longo trecho da Rua Ibitiguaia. O cenário de caos causado pela enchente foi registrado em diversos vídeos publicados nas redes sociais, nos quais é possível ver veículos ilhados ou, até mesmo, sendo arrastados pela correnteza. No sábado (18), a Tribuna esteve no local e observou o rastro de lama deixado no local, além de acompanhar os trabalhos de limpeza realizados por moradores e comerciantes que convivem às margens do córrego.

Nesta segunda, foi possível notar a grande quantidade de poeira que permanece na região. Moradores ainda tentam limpar os resquícios da sujeira que seguem nas residências e contabilizam as perdas. O morador Antônio José da Rosa Neto, por exemplo, estava varrendo a varanda da sua residência quando conversou com a reportagem. Segundo o relato dele, a sexta-feira foi de desespero quando a água lamacenta começou a entrar na casa, inclusive causando o estouro de pisos. “Toda vez que o céu fica preto, a gente fica com medo”, diz Neto, ainda receoso com a possibilidade de ter que se desfazer de um guarda-roupas, que foi atingido pela lama.

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Nível do córrego já está mais baixo, mas moradores temem por novos temporais (Foto: Gabriel Silva)

“Nunca vi tanta água”, diz comerciante

Conversando com os populares, é possível notar a surpresa com a velocidade com que o nível do córrego subiu e com a consistência da água que invadiu as residências, com muito barro, segundo os moradores. “Nunca vi tanta água, não sei de onde veio aquele volume todo. Foi maior que nas chuvas de 2016”, diz o comerciante Bruce Leite Saad, que tem um estabelecimento na Rua Ibitiguaia há 22 anos. No local, Saad relata não ter tido perdas porque o ponto comercial é situado acima do nível da rua, algo já pensado por experiências anteriores causadas por enchentes.

A comparação com as chuvas de 2016, citada por Bruce Saad, é inevitável. Na ocasião, também aconteceu o transbordamento do Córrego Santa Luzia, com situações mais graves na Rua Ibitiguaia e na Avenida Santa Luzia. “Acredito que a gente vá ficar mais uns dois dias tirando barro. Se fosse chuva, nós já tínhamos limpado tudo. Mas foi terra. A Prefeitura já veio para lavar e ainda continua com muita terra”, diz Aladir Gonçalves, morador da região e proprietário de uma loja de roupas no local. 

Segundo Gonçalves, uma reunião entre a comunidade do Santa Luzia deve ser realizada nesta segunda para contabilizar os prejuízos e propor soluções para os problemas enfrentados pelos populares. “Já tinha acontecido enchentes outras vezes, mas com menos barro. Dessa vez, tinha mais barro do que água”, diz o morador.

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Carros arrastados pela água chamaram atenção na noite de sexta-feira (Foto: Leandro Soares)

Ações emergenciais da PJF

Nesta segunda, funcionários do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (Demlurb) continuavam retirando lama da Rua Ibitiguaia, em ação que ocorre desde sábado. Na manhã seguinte ao temporal, a prefeita Margarida Salomão (PT) esteve nos locais mais afetados pelas chuvas e creditou os problemas ao movimento inadequado das terras. “Precisamos também reforçar a necessidade de disciplinar o uso da terra em Juiz de Fora. Muitas pessoas fazem movimentação de terra nesse período. Nosso dever é cuidar de quem sofreu ontem e trabalhar para que isso não se repita”, afirmou a chefe do Executivo, na ocasião.

Segundo a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), cerca de 30 pessoas atuam na varrição, capina e remoção de lama nas margens do córrego e em ruas adjacentes. Durante o final de semana, os agentes tiveram apoio de três retroescavadeiras, cinco caminhões caçambas e dois caminhões pipas durante os trabalhos. “A Secretaria de Obras (SO) realiza mutirão de limpeza das bocas de lobo em toda a extensão da Avenida dos Andradas e a Empav vai atuar na retirada de lama em Filgueiras assim que o nível do córrego estiver menor. Já a Cesama está atuando nos fundos da Rua da Esperança, na Vila Olavo Costa. No local, será construída uma rede de esgoto aérea provisória, pois o sistema de esgotamento sanitário local foi danificado pelas chuvas”, afirma a PJF, em comunicado divulgado no domingo (19).

A Defesa Civil municipal ainda orienta que os populares permaneçam atentos à indícios de deslizamentos, como trincas e fissuras em residências. Em caso de emergência, é necessário contatar a central de atendimento do órgão pelo número 199. O serviço funciona ininterruptamente.

Semana pode ter mais chuvas

De acordo com a Defesa Civil, na noite de sexta-feira choveu 50 milímetros no município em cerca de uma hora. Na manhã daquele dia, o órgão já havia emitido um alerta para a possibilidade de temporais. Nesta semana, o tempo deve permanecer instável, com maior possibilidade de pancadas de chuvas na próxima quarta-feira (22). As temperaturas ainda devem ficar elevadas, entre 21 e 30 ºC, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

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