Adesão à dose de reforço cai em relação à 2ª dose em Juiz de Fora
População está comparecendo menos aos postos; na comparação com a segunda dose, percentual da terceira etapa deveria ser de 60%, mas não chega a 40%
Cerca de 35% da população de Juiz de Fora recebeu a terceira dose contra a Covid-19, conforme dados da Secretaria de Saúde, atualizados na última terça-feira (15). O percentual considera a estimativa populacional de 2021 (população de 577.532 pessoas), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Considerando os dados do último censo demográfico, realizado em 2010 (população de 516.247 pessoas), o percentual é um pouco maior: 39,49%. Ambos os índices, entretanto, estão aquém do esperado. Há quatro meses, em 18 de outubro, o município alcançava 60% da população vacinada com duas doses. Atualmente, portanto, a cobertura com a dose de reforço deveria estar próxima deste percentual, uma vez que o intervalo para a aplicação da terceira dose é de exatos quatro meses.
O percentual de cobertura vacinal abaixo de 40% é insatisfatório, na avaliação do pediatra e infectologista Mário Moraes. De acordo com ele, o ideal era que 95% da população estivesse coberta com a dose de reforço, ou, pelo menos, que todos que já podem receber a terceira dose estivessem com o esquema vacinal completo. “É importante que as pessoas que já estejam no prazo para se vacinar busquem tomar a dose de reforço ou todas as doses que estão disponíveis”, enfatiza. Conforme o médico, o reforço faz com que a imunidade da pessoa contra o coronavírus volte a aumentar. A vacinação completa, com três doses para adultos e quatro para pessoas imunossuprimidas, tende a reduzir a incidência de casos graves, conforme autoridades em saúde e especialistas na área.
Em Minas Gerais, o percentual de cobertura vacinal com a dose de reforço também é baixo. Cerca de 37% dos mineiros haviam recebido a terceira dose até esta quinta-feira (17), conforme dados do painel de vacinação da Secretaria de Estado de Minas Gerais (SES-MG). Na última segunda-feira, o governador Romeu Zema pediu em suas redes sociais para a população se vacinar. Conforme Zema, atualmente, em Minas, os que não se vacinaram são proporcionalmente três vezes mais do que aqueles que tomaram todas as doses preconizadas pelo Ministério da Saúde.
Mais de 75% com segunda dose
Os percentuais de vacinação referentes às primeiras e segundas doses estão mais satisfatórios. Conforme dados da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), cerca de 86% da população está vacinada com pelo menos uma dose. O percentual considera a estimativa populacional de 2021 (população de 577.532 habitantes), feita pelo IBGE. Considerando os dados do último censo demográfico, realizado em 2010 (população de 516.247 habitantes), o percentual é um pouco maior: 96%.
Já aqueles que tomaram a segunda dose representam 75% da população estimada para 2021, e cerca de 85% da população da cidade considerada em 2010. Até esta quarta-feira (16), Juiz de Fora já havia aplicado um total de 1.136.845 doses de vacinas contra a Covid-19.
PJF diz que trabalha para identificar faltosos
Em entrevista à Tribuna para balanço de gestão e exposição de metas e desafios para 2022, publicada em 1° de janeiro, a então secretária de Saúde da PJF, Ana Pimentel, falou sobre uma das estratégias da pasta municipal para avançar na campanha de imunização. Conforme Ana, neste ano seria realizada busca ativa para a vacinação na cidade, tanto contra a Covid-19, quanto no combate a outras doenças, como a gripe.
“Nossa principal forma de combater a epidemia é continuar a campanha de imunização e as medidas não farmacológicas. No começo de janeiro vamos lançar uma campanha de busca ativa para as pessoas que não se vacinaram. Essa campanha vai ser articulada com a campanha de combate às arboviroses (dengue, zika e chikungunya), que também será uma frente importante de trabalho em 2022”, citou, na época.
A Tribuna voltou a questionar a secretaria de Saúde sobre essa possibilidade. Em nota, a pasta informou que através das equipes das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) está realizando, nos territórios, a identificação de pessoas que ainda não receberam a imunização ou que estão com esquema vacinal incompleto. A secretaria, contudo, não especificou se a busca ativa das pessoas que não se vacinaram ou estão com a imunização incompleta está de fato sendo realizada.
Cobertura infantil é de 62%
Até a última terça-feira, 62,43% do público infantil estimado em Juiz de Fora havia recebido a primeira dose da vacina contra a Covid-19 – um total de 27.596 crianças com idades entre 5 e 11. A expectativa da Secretaria de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) é de que quase 46 mil crianças dessa faixa etária sejam vacinadas no município.
Embora o índice esteja acima do percentual de crianças vacinadas em Minas Gerais (34%), o número também está aquém da expectativa. Com doses disponibilizadas para o público infantil com idades entre 5 e 11 anos, o percentual de cobertura deveria estar maior, na avaliação do médico Mário Novaes. “Está insatisfatório. Embora o índice esteja acima do percentual em Belo Horizonte e Minas Gerais, o ideal é que o percentual de crianças vacinadas estivesse acima dos 95%”, diz.
Conforme o infectologista, é fundamental que pais ou responsáveis vacinem as crianças, que, ao contrário do que algumas pessoas pensam, podem se contaminar e transmitir o coronavírus – em alguns casos, crianças também pode ter complicações causadas pela Covid-19 e morrer. “É importante que as crianças também sejam vacinadas, porque elas também podem se contaminar e transmitir. Não há nenhum efeito adverso mais grave em crianças do que em adultos, mas é preciso que todos se vacinem e intensifiquem o uso de máscara, a higienização das mãos e procurem manter o distanciamento social e, na medida do possível, o isolamento social”.
Brasil tem doses pediátricas para vacinar todo o público infantil
O Ministério da Saúde informou que o Brasil já tem doses pediátricas suficientes para imunizar com a primeira dose todo o público infantil. O órgão federal já destinou mais de 20 milhões de doses para a cobertura vacinal de crianças de 5 a 11 anos. A distribuição das últimas doses destinadas tiveram início na última terça-feira. Nesta remessa, serão enviadas 4,6 milhões de doses de vacinas Covid-19 para crianças, sendo 3,2 milhões para a primeira dose e 1,4 milhões para a segunda dose.
Para a vacinação de crianças, o Ministério da Saúde distribui os imunizantes da Pfizer (pediátrica) e da Coronavac. Aqueles que tomaram a vacina da Pfizer devem retornar ao posto de vacinação para receber a segunda dose oito semanas (cerca de dois meses) depois de tomar a primeira. Já para as crianças que receberam o imunizante Coronavac, o intervalo entre uma dose e outra é de 28 dias.