Casos prováveis de coronavírus seriam o dobro sem isolamento, aponta especialista
Estudo de professor da UFJF aponta que, sem medidas de restrição, já seriam mais de 2.600 pacientes em suspeita
As medidas de isolamento domiciliar, as quais foram adotadas em Juiz de Fora a partir de 19 de março, diminuíram pela metade as transmissões do novo coronavírus no município. É o que afirma a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), tendo em vista estudo do professor Fernando Antônio Basile Colugnati, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Conforme análise feita pelo pesquisador, sem as restrições, os casos prováveis no município estariam em cerca de 2.600.
Os dados são da “Modelagem Epidemiológica da Covid-19 em Juiz de Fora”, trabalho realizado pelo docente do programa de pós-graduação em Saúde da UFJF. A pesquisa consiste em um acompanhamento semanal do combate à epidemia no município, utilizando modelo matemático que traça cenários possíveis da proliferação do novo coronavírus na cidade, de modo a auxiliar a tomada de decisões estratégicas do poder público e das unidades de atendimento.
O monitoramento do pesquisador acontece desde o princípio do isolamento domiciliar em Juiz de Fora e é baseado em relatório do Imperial College de Londres, o qual teve a participação de cientistas ligados à Organização Mundial da Saúde (OMS). “Simulamos diferentes cenários de intervenção a partir de 19 de março, data do primeiro decreto. Usamos quatro cenários, onde havia reduções em torno de 40%, 70% e 80%” explica Colugnati, em nota divulgada pela Secretaria de Saúde da PJF. Atualmente, a taxa de progressão do vírus está batendo com o cenário de 80% de redução da transmissão, ou seja, o mais otimista projetado inicialmente pela pesquisa.
O resultado positivo, entretanto, está condicionado à manutenção do isolamento domiciliar, conforme o professor. O relaxamento das medidas pelo poder público ou o desleixo da população, ainda segundo o pesquisador, pode rapidamente mudar o cenário e sobrecarregar o sistema de saúde. “Tem surtido efeito e temos que manter um pouco mais (o isolamento). Por quanto tempo? Não temos como prever. As coisas são observadas de acordo com que a epidemia vai mostrando os números. Mas, certamente, precisamos de mais isolamento”, orienta Colugnati, ainda em nota da PJF.
Nesta quinta-feira (16), reportagem da Tribuna apontou aumento gradual no fluxo de pessoas pelas ruas de Juiz de Fora, tendo como base o crescimento na demanda do transporte urbano coletivo do município. “Os resultados aqui apresentados devem ser revistos periodicamente, ao menos uma vez por semana, ou sempre que ocorra algum fato relevante em termos de informações sobre intervenções populacionais, gargalos nos serviços ou eventos correlatos. Epidemias com este tipo de vírus possui propriedades exponenciais”, completa o professor da UFJF.