Quatro são presos por estupro de vulnerável; fotógrafo segue foragido, diz PC

Defesa do quinto investigado afirma que ele tem intenção de se apresentar à delegacia


Por Bernardo Marchiori

14/04/2025 às 18h27

Quatro dos cinco suspeitos do caso de estupro coletivo de vulnerável, ocorrido na madrugada do dia 7 de abril no Bairro Cruzeiro de Santo Antônio, na Cidade Alta, foram presos. Em operação deflagrada na manhã desta segunda-feira (14), a Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão e de prisão temporária contra os investigados – os quatro vigilantes do condomínio em que aconteceu o crime. O fotógrafo Rian Rabelo, de 24 anos, que havia se apresentado na delegacia na última quinta (10), é considerado foragido pela PC. A informação foi dada por volta das 15h de segunda.

A investigação, que tramita em segredo de justiça, já ouviu diferentes versões e ainda está em etapas iniciais, como informou a delegada Flávia Granado, em entrevista coletiva à imprensa. “Com as quatro prisões temporárias efetuadas, temos mais 30 dias para poder concluir as investigações. Se for necessário, podemos prorrogar por mais 30 a prisão dos investigados.” As idades dos vigilantes são 48, 44, 41 e 33 anos.

Ainda conforme a delegada, a Polícia Civil compareceu até a casa do fotógrafo para cumprir os mandados, mas ele não comparecia ao local desde ontem. O advogado de Rian, Thiago Rodrigues, afirma que “recebeu com estranheza o deferimento dos mandados”, pois já havia se apresentado, prestado todos os esclarecimentos no dia e liberado pela delegada. Além disso, foi informado que ele pretende se apresentar novamente à Justiça. Também mantém a versão de que foram apresentados arquivos de mídia que comprovariam a inocência do acusado e que a relação teria acontecido com o consentimento da vítima.

Com o objetivo de esclarecer o motivo de o investigado não ter sido preso quando chegou à delegacia, a Polícia Civil explica que não havia situação em flagrante delito. Com isso, era necessária uma ordem judicial, deferida posteriormente. Em relação às mídias citadas pela defesa do fotógrafo, Flávia ressalta que será analisada para averiguar seu valor e sua autenticidade para a conclusão da investigação. Ainda reforça que ele poderia responder por mais um crime a depender do conteúdo da mídia, caso não tenha sido autorizado.

Outros detalhes sobre o caso de estupro

Na coletiva, a delegada destaca que, de certa forma, o crime foi premeditado. “As imagens das câmeras de segurança mostram o fotógrafo saindo de um restaurante, levando a vítima, junto com as amigas, para casa, onde as deixou. Um amigo delas chega e as coloca para dormir, tomando os cuidados necessários, e vai embora. Passados alguns minutos, o investigado chega, conversa com os vigilantes – que o acompanhavam no trajeto até a casa da vítima – e entra pulando o muro. Depois de 40 minutos, os seguranças também pulam a mesma estrutura e entram na residência, onde ficam quase 30 minutos junto ao fotógrafo.”

Primeiro, saem os dois vigilantes. Cinco minutos depois, o fotógrafo sai e vai embora. Em um segundo momento, um terceiro vigilante sai da portaria, encontra os outros dois – ainda na frente da casa da vítima -, entram e ficam mais 30 minutos na casa. “Quando convidamos alguém para nossa casa, essa pessoa entra pela porta da frente, não pulando o muro”, reflete a delegada. A amiga, que estaria dormindo na mesma casa no momento do crime, prestou depoimento à polícia que confirma a versão da vítima.

A delegada Carolina Magalhães ainda reforça mais um ponto: a vítima, corroborada pelos depoimentos das testemunhas, teria tomado medicação para dormir. “Iremos verificar, através de pareceres médicos, se isso poderia ter influenciado no consentimento da vítima. Ainda que o fotógrafo tenha dito que a relação sexual foi consentida, isso poderia ter acontecido sem a ciência do que estava fazendo”, acrescenta.

A Tribuna tentou entrar em contato com as defesas dos seguranças e da empresa para a qual trabalhavam. Até o momento, apenas um deles se posicionou, por meio do advogado Renato Neves: “não tem como se posicionar até a defesa ter acesso ao inquérito por completo. Vai se manifestar dentro do processo.” A Forte Juiz de Fora Vigilância, em nota, afirma que “caso fique confirmada a participação de qualquer colaborador da empresa nos fatos sob investigação, as medidas administrativas cabíveis serão imediatamente adotadas, inclusive com o desligamento definitivo dos envolvidos”. A reportagem também segue buscando contato com a defesa da vítima. O espaço está aberto.

Confira o posicionamento da empresa

A Forte Juiz de Fora Vigilância, por meio de seu Departamento Jurídico, vem a público informar que está adotando todas as providências legais cabíveis para a apuração rigorosa dos fatos recentemente noticiados, colaborando ativamente com as autoridades competentes e colocando-se à disposição para que a verdade seja integralmente esclarecida.

A empresa reafirma seu compromisso com a legalidade, a ética e o respeito à dignidade humana, e reitera que qualquer conduta desviante, se comprovada, será tratada com a máxima seriedade. Os envolvidos deverão ser responsabilizados na exata proporção de seus atos, conforme determina a legislação brasileira.

Caso fique confirmada a participação de qualquer colaborador da empresa nos fatos sob investigação, as medidas administrativas cabíveis serão imediatamente adotadas, inclusive com o desligamento definitivo dos envolvidos.

Com mais de 25 anos de atuação no setor de segurança privada, a Forte construiu sua reputação com base na confiança, no profissionalismo e na integridade. Eventuais atos isolados, praticados por terceiros, não refletem os princípios que norteiam a conduta da empresa e de seus colaboradores.

A Forte também expressa sua total solidariedade à vítima e se coloca inteiramente à disposição para prestar qualquer tipo de apoio necessário, reafirmando seu compromisso com a empatia, a justiça e a responsabilidade social.

Por fim, manifesta seu repúdio incondicional a qualquer forma de violência ou conduta criminosa, reafirmando sua confiança na justiça e na plena elucidação dos fatos.

Tópicos: estupro / polícia civil

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