Médico suspeito de abusos já está com atividades suspensas

CRM publicou suspensão de José Tarcísio em seu portal; Unimed também interrompeu atendimentos prestados por ele


Por Sandra Zanella

13/12/2018 às 16h44- Atualizada 13/12/2018 às 16h46

José Tarcísio Vereador 2009 Crédito Paula Rivello arquivoTM
Vereador também teve consultas interrompidas pela Unimed (Foto: Paula Rivello/Arquivo TM)

O médico e ex-vereador José Tarcísio Furtado, 78 anos, está com suas atividades profissionais suspensas. O delegado do Conselho Regional de Medicina (CRM) de Juiz de Fora, José Nalon, confirmou nesta quinta-feira (13) que o CRM/MG publicou em seu portal a medida, após ordem judicial, levando a público que o ginecologista e obstetra, inscrito desde 1970, encontra-se inativo. A decisão da 3ª Vara Criminal ocorreu no processo sobre os casos de suposto abuso sexual de pacientes durante consultas, denunciados em julho deste ano por três mulheres, com idades entre 19 e 25 anos, atendidas no Hospital São Vicente de Paulo, no Centro.

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Imagem da publicação disponível no site do CRM (Foto: Reprodução)

A assessoria do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) informou que a determinação foi comunicada tanto ao CRM quanto à Unimed de Juiz de Fora, que já oficiou a Justiça, confirmando o afastamento do médico nos atendimentos pelo plano. “A Unimed atendeu prontamente a determinação judicial da 3ª Vara Criminal de suspender, de imediato, as atividades do médico José Tarcísio Furtado junto à operadora e aos seus prestadores de serviços”, afirmou em nota.

José Nalon também garantiu que “já foram tomadas as providências no sentido de decretar a suspensão do exercício profissional. “Está sendo enviado um ofício para ele levar a carteira (funcional) ao setor de registro de pessoas físicas do CRM, em Belo Horizonte, para fazer a anotação pertinente”. Ainda conforme o delegado, o documento ficará retido até nova decisão. Ele esclareceu que o caso segue em fase de sindicância na Corregedoria do CRM, na capital. “São muitas demandas, mas pedi ao corregedor que agilize esse julgamento”, enfatizou Nalon, acreditando que o procedimento será transformado em processo, devido à gravidade das denúncias e dos indícios de infração ao Código de Ética Médica.

’40 mil partos’

Conforme o TJMG, o ex-vereador já compareceu em juízo e foi citado para apresentar a defesa preliminar. Ainda segundo o Tribunal, o juiz José Clemente Piedade de Almeida foi quem procedeu a decisão de suspender as atividades do médico. Procurado pela Tribuna na última terça-feira (11), antes de ter sido notificado, José Tarcísio afirmou que “continuava trabalhando normalmente” e considerou a medida uma “injustiça”. Ele afirma ser inocente e considera absurdas as acusações, afirmando ter realizado em sua carreira quase cem mil atendimentos, 40 mil partos e mais de 20 mil cirurgias.

A comunicação sobre a determinação judicial chegou à delegacia do CRM na cidade no último dia 4 e foi entregue à Corregedoria em Belo Horizonte na data seguinte para ser anexada à sindicância, que corre sob sigilo, e para as providências serem tomadas no sentido de efetivar a ordem da Justiça. Além de responder ao processo judicial, o obstetra pode sofrer sanções do CRM, que vão desde advertência e censura confidencial ou pública até a suspensão do exercício profissional por 30 dias ou a cassação definitiva do registro e do direito de exercer a medicina. As partes ainda poderão recorrer ao Conselho Federal de Medicina (CFM).

Há cerca de quatro anos o profissional foi penalizado com censura pública em jornal de grande circulação na cidade, mas os casos envolvendo José Tarcísio começaram a vir a público antes, em 2012, quando ele era vereador de Juiz de Fora.

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