Festa La Vie e demais atrações confirmadas no fim de semana em JF
Espaços como casas de shows, museus e cinemas seguem com sua programação inalterada durante o fim de semana
A arte, a cultura e o entretenimento não param em Juiz de Fora, pelo menos por enquanto. Com a cidade ainda sem confirmações oficiais de chegada do coronavírus, praticamente não há cancelamentos e adiamento de eventos, ou fechamento de escolas, universidades, espaços culturais, entre outros. Uma das poucas exceções é a partida do JF Vôlei pela Superliga B, neste sábado, às 19h, em que a equipe local enfrenta o Brasília/Upis com portões fechados. Na parte cultural, os eventos agendados para este fim de semana continuam confirmados, seja em casas de shows, cinemas, museus e centros culturais. Até o momento, apenas o show do cantor Jão, marcado para a próxima sexta-feira (20) no Cine-Theatro Central, foi transferido para o dia 22 de maio, em princípio. “A mudança foi necessária devido ao fato de um membro da equipe de produção da Turnê Anti-Herói estar sob suspeita de contágio do novo coronavírus”, informa comunicado divulgado pela produção do evento.
Em geral, o que pode ser observado após a Tribuna conversar com alguns proprietários de espaços de shows, responsáveis por cinemas e a UFJF, que administra vários espaços culturais, é que existe um compasso de espera, uma expectativa pela forma como a Covid-19 chegará a Juiz de Fora e o quanto afetará a população e o seu funcionamento cotidiano, a não ser que exista uma determinação de instâncias superiores quanto ao possível fechamento de espaços e cancelamentos de atividades. A Prefeitura informou no final da tarde desta sexta-feira (13), por meio de sua assessoria, que fará uma reunião na próxima segunda-feira (16) e então vai emitir uma nota com recomendações sobre a realização de todos os eventos, tanto públicos quanto privados.
Até lá, os eventos prosseguem normalmente. O Cultural, por exemplo, tem agendada para a noite desta sexta, 13, o evento “St. Patrick’s Day”, com shows de três bandas; no sábado (14), apresentação do Come Quieto. De acordo com um dos proprietários do espaço, Luqui Di Falco, a programação será suspensa apenas em caso de ordem superior. “Acreditamos que seria uma confusão muito grande realocar esses eventos, pois temos muita procura, e isso geraria uma dano de imagem e muito complicação para todos. Nós, assim como muitos produtores, estamos com o pensamento de manter tudo até haver uma determinação superior.”
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“O respeito à informação oficial, por meio de órgãos e autoridades competentes, sempre definirão as ações do Cultural”, acrescenta outro proprietário da casa, André Luiz Pereira. “Porém, entendemos que locais de grande fluxo de pessoas, como as ruas centrais de Juiz de Fora, transportes públicos e outros setores da economia que possuem público rotativo intenso e constante, são mais propícios à propagação do vírus do que eventos culturais, simplesmente pela maior número de pessoas juntas em um menor espaço. Entendo que o número de casos é muito pequeno perto de toda a população, especialmente em Juiz de Fora. Nos cuidarmos é importante, mas não vemos motivo, hoje, para cancelar qualquer evento.”
Festa La Vie está mantida
O Terrazzo recebe no sábado a festa La Vie, para o público adolescente, a partir das 16h. Integrante da diretoria do espaço, Fernando Sotrates Ferreira explica que o centro de eventos não pode determinar unilateralmente o cancelamento de atividades no local, uma vez que o Terrazzo faz a locação da casa, e a decisão de adiar ou suspender shows e festas, neste caso, cabe aos produtores dos eventos.
“Nós temos um contrato de locação com esses produtores, então se não houver justificativa, respaldo jurídico, será considerado quebra de contrato. Temos que deixar a decisão a cargo dos responsáveis pela produção. Tentamos entender a situação, mas não podemos nos envolver nas decisões do produtor, a não ser que haja uma determinação do poder municipal, estadual ou federal. É uma questão complicada, pois envolve público, produção, fornecedores”, pontua.
Fernando acrescenta que os produtores estão procurando um respaldo caso surja a necessidade de cancelamento por motivo de força maior. “É preciso saber, neste caso, como ficaria a parte de devolução de ingressos, cachê; o prejuízo seria muito grande, o evento de amanhã (sábado), por exemplo, está todo pago.”
No caso da UFJF, responsável por vários espaços culturais na cidade (Cine-Theatro Central, Museu de Arte Murilo Mendes, Espaço Reitoria, Forum da Cultura), a assessoria de comunicação da Pró-reitoria de Cultura informou nesta sexta que os eventos do final de semana seguem confirmados e serão realizados normalmente.
Preocupações com os cuidados com a higiene
Se os espaços continuam abertos, a preocupação com os cuidados para uma eventual propagação do vírus tem como medida já em aplicação um reforço na higiene de funcionários e público. Quanto ao Terrazzo, Fernando Sotrates disse que foi realizada uma reunião na manhã desta sexta para tratar de várias questões ligadas aos procedimentos por conta da pandemia. “Vamos entregar aos produtores uma cartilha falando sobre a necessidade de colocar álcool gel no banheiro, por exemplo, e colocar cartazes orientando as pessoas a utilizar o álcool gel, lavar as mãos, a fim de impedir a disseminação da doença.”
Além disso, Fernando disse que os funcionários ganharão um reforço na orientação, incentivando a reforçar os hábitos atuais, como o uso de luvas e álcool gel. A casa também pretende, nos dias sem atividades, manter abertas por mais vezes e tempo as janelas da casa de espetáculos, a fim de permitir maior ventilação.
Sobre o Cultural, Luqui Di Falco destaca que a casa segue as determinações da Vigilância Sanitária. De acordo com ele, cada bar tem uma pia para os funcionários lavarem as mãos, e eles são orientados a fazer a higienização constantemente, além de servir os produtos com guardanapos. “O Cultural, desde a síndrome do H1N1, está totalmente adequado às determinações da Vigilância Sanitária. Não há mais o que fazer, a não ser reforçar as práticas. Só adotaremos máscaras e luvas se houver uma ordem nesse sentido. Acredito que tem faltado bom senso neste momento, pois o pânico tem feito as informações correrem de forma indevida; colocar os funcionários de máscaras e luvas daria uma mensagem equivocada.”
E se o coronavírus chegar?
Nos últimos dias, a notícia de pessoas infectadas no local de trabalho tem resultado em medidas drásticas. No esporte, por exemplo, bastou a McLaren descobrir um funcionário com o coronavírus para a equipe anunciar que não disputar a abertura do Mundial de Fórmula-1, na Austrália, prova que acabou sendo cancelada. O mesmo se deu na NBA, a liga profissional de basquete dos Estados Unidos, nas ligas europeias. Festivais de música, moda, já foram cancelados em cidades onde a doença tem se espalhado. No Brasil, há registro de empresas que suspenderam as atividades quando um de seus funcionários teve os teste dando positivo para o vírus; outras já se preparam para colocar todos os empregados em home office.
Questionado sobre a possibilidade, Luqui Di Falco deu seu posicionamento sobre o fechamento do espaço numa situação dessas. “Estamos muito bem informados e ligados quanto a isso, até porque alguns eventos estão sendo cancelados. Se houver uma contaminação de algum funcionário do Cultural, imediatamente pararemos as atividades, a não ser que a Vigilância Sanitária não veja necessidade. E poderemos cancelar um evento específico caso o artista que fosse se apresentar, um integrante da equipe técnica, apresentasse os sintomas. Vamos resolver caso a caso, o resultado das amostragens vai dizer muito para nós. Entendemos que, no momento, as cidades que têm malha aérea muito ativa são as mais atingidas, o que não é o caso de Juiz de Fora. Estamos avaliando todas as situações de risco, mas no momento estamos preparados para receber os clientes.”
Cinemas abertos
Outro ponto crítico são os cinemas, que nos últimos dias teve uma onda da adiamentos de estreias de vários blockbusters, como “007 – Sem tempo para morrer”, “Mulan”, “Um lugar silencioso – Parte II”, “Novos Mutantes” e “Velozes e furiosos 9”. Fernando Costa Junior, da Rede Cine Minas Exibidora – que em Juiz de Fora administra os cinemas do Santa Cruz Shopping -, diz que por enquanto não há previsão do fechamento das salas, mas aponta outras preocupações.
“Para a próxima semana, já temos o problema da suspensão de alguns filmes, como ‘Velozes e furiosos’ e, ‘Mulan’, dos quais esperávamos bons resultados. Isso causa preocupação, pois outros também estão indo no embalo. Fica uma interrogação, pois não sabemos se diminuímos as exibições, por exemplo, se mantivermos os mesmos filmes vai ficar muito difícil. Os custos são elevados e perdemos os filmes que dão os melhores resultados. Há empresas no setor que já pensam em demissões, férias ou folgas”, alerta.
Procurada pela Tribuna, a assessoria da Rede UCI de Cinemas segue o posicionamento da Feneec (Federação Nacional das Empresas Exibidoras Cinematográficas), que informa que “as empresas exibidoras brasileiras estão acompanhando atentamente todos os comunicados do Ministério da Saúde e das Secretarias Estaduais de Saúde relativos à Covid-19 ou coronavírus. As equipes de profissionais que atuam nas salas de cinema estão recebendo informações sobre como realizar a manutenção e a higiene para garantir que o ambiente esteja seguro. No momento, não há orientação do Ministério da Saúde para alterações e restrições no funcionamento das salas, e as sessões estão confirmadas. Como é um quadro de mudanças constantes, seguiremos respeitando as orientações das autoridades de saúde.”
Tópicos: coronavírus