Juiz-forana vence competição nacional com app para vítimas de paralisia

Desempenho de Mirella Diniz Wunderlich, de 17 anos, a levou a Brasília, onde recebeu medalha de ouro


Por Carolina Leonel

12/12/2021 às 07h00

O projeto da juiz-forana Mirella Diniz Wunderlich, 17 anos, realizado junto a outros quatro estudantes do Brasil, foi campeão na Olimpíada do Futuro – Sapientia, competição de projetos de impacto social que conta com a participação de estudantes do Brasil e do exterior. O grupo apresentou a proposta do aplicativo Sorria!, destinado ao tratamento de pessoas com paralisia facial. A ideia partiu de Mirella, estudante do terceiro ano do ensino médio do Colégio Jesuítas.

ciencia e tecnologia
Estudante recebeu premiação das mãos do ministro Marcos Pontes durante cerimônia da 18ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, em Brasília (Foto: Neila Rocha/ASCOM-SEAP-CMCTI)

Ela conta que por ter obtido um bom desempenho na Olimpíada Brasileira de Economia, no início deste ano, foi convidada a participar da fase de grupos da Sapientia, quando conheceu os outros quatro colegas. “A proposta da competição é bem aberta, mas no nosso caso, fomos de cara em uma proposta, e trabalhamos em cima do terceiro objetivo de desenvolvimento sustentável proposto pela ONU, que é garantir saúde e bem-estar”, conta.

A ideia de criar o aplicativo nasceu a partir de uma história pessoal: a mãe e o pai da jovem tiveram episódios de paralisia facial após passarem por cirurgias para a retirada de glândulas salivares, em 2012 e 2017, respectivamente. Na olimpíada, a estudante teve a oportunidade de colocar em prática a vontade de criar um projeto de impacto social direcionado a ajudar pessoas que passam pelo mesmo problema.

“Foi assim que surgiu a nossa ideia, aliada ao uso da tecnologia, que é uma área que os participantes do grupo gostam também. Tentar encaixar isso (o tratamento) em um aplicativo, a baixo custo e de forma acessível e rápida nos motivou muito”, conta. Além de Mirella Wunderlich, os outros quatro integrantes da equipe vencedora são de Belo Horizonte, Fortaleza, São Paulo e São José dos Campos (SP).
O grupo passou por várias etapas de elaboração do projeto, adaptações e apresentações aos jurados. Na última sexta-feira (3), a estudante e seus colegas estiveram entre os finalistas da competição, em Foz do Iguaçu, no Paraná, e o primeiro lugar veio. “Foi uma surpresa, no sentido de que a competição estava muito boa, havia pessoas com trabalhos maravilhosos e muito bem desenvolvidos. Mas não dá para dizer que foi totalmente inesperado, porque a gente se esforçou muito. Foi fruto de um trabalho muito duro, e uma sensação incrível vencer. Estou no fim do ensino médio, então estou fechando com chave de ouro”, comemora.

Medalha de Ouro

Encerrar o ciclo com chave de ouro não foi só no sentido figurado. Nesta segunda-feira (5), a estudante esteve em Brasília e recebeu uma medalha de ouro e um certificado das mãos do ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, na 18º Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), pelo seu desempenho e participação na Olimpíada do Futuro.

ciencia competicao nacional
Competição reúne projetos de impacto social que conta com a participação de estudantes do Brasil e do exterior (Foto: Jacsson Biano)

A possibilidade de participar desta competição surgiu para Mirella e para os outros integrantes de seu grupo após obterem resultados positivos na edição 2021 da Olimpíada Brasileira de Economia. Nesta competição, a jovem foi medalhista de prata e a representante do sexo feminino com o melhor desempenho, o que lhe rendeu um outro título, o de “Menina Olímpica”. Na ocasião, o desempenho de Mirella foi destacado pelo diretor do Departamento de Promoção e Difusão da Ciência, Tecnologia e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Daniel Lavouras, no evento de entrega das medalhas realizada em Brasília.

Proposta pode sair do papel

Segundo a estudante, a ideia é de o que aplicativo seja, de fato, disponibilizado a usuários. “A nossa meta sempre foi fazer um projeto que fosse viável e executável”, afirma. “Estamos trabalhando para conseguir captar investimentos e fazer com que o projeto saia do papel. É o nosso foco agora”.

Pela proposta do aplicativo Sorria!, o paciente poderá fazer exercícios direcionados a cada estágio e tipo de paralisia, por meio do acompanhamento de vídeos instrutivos com profissionais especializados, como fisioterapeutas faciais. O algoritmo de inteligência artificial será responsável por corrigir os movimentos feitos pelos usuários, por meio da tecnologia de reconhecimento facial. Cada paciente terá um cronograma personalizado. O aplicativo terá também um sistema de recompensa para estimular a continuidade e a frequência diária de exercícios.

Segundo a estudante Mirella, um dos pilares do projeto é o acesso democrático ao aplicativo. “A gente tem como meta o acesso a baixo custo, dessa forma, todo o acesso primário ao aplicativo será gratuito. Como forma de monetização, contamos, principalmente, com propagandas e compras dentro do aplicativo. Então o usuário poderá ter, por exemplo, um upgrade, de acordo com sua vontade. Mas o uso primário é completamente gratuito”, conta a estudante, que também prevê parcerias com hospitais, seguros e planos de saúde, com o objetivo de levar o serviço a mais pacientes e gerar viabilidade financeira para a empreitada.

A parte da “modelagem financeira” foi uma das partes da proposta a receberem elogios na fase final. Segundo Mirella, os jurados “falaram que nossa apresentação do projeto era quase um plano de negócios, que estava muito bem estruturada. Eles elogiaram muito a nossa conexão pessoal com o problema e a atenção que a gente deu para uma questão que normalmente não é abordada, passa muito despercebida”, conta.

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.