Polícia Civil abre inquérito para investigar agressão envolvendo ex-Mister JF
Médica, que denunciou violência do ex-namorado pelas redes sociais, compareceu nesta segunda-feira à delegacia, onde prestou depoimento
A Polícia Civil instaurou inquérito, nesta segunda-feira (9), para apurar o caso de agressão envolvendo o Mister JF, de 22 anos, e sua ex-namorada, 25. A médica que denunciou nas redes sociais ter sido agredida pelo rapaz – que perdeu o título do concurso após a divulgação do caso – compareceu à Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher na tarde desta segunda-feira (9). O conteúdo do depoimento não foi informado em detalhes. A delegada Ione Barbosa disse apenas que a jovem relatou como ocorriam as agressões. Ainda conforme a delegada, foram requeridas medidas protetivas para a denunciante.
Em seu post no Facebook, a médica havia informado ter tido um relacionamento de três anos marcado pela violência e lamentou só ter tido coragem de denunciar oito meses depois do término da relação. Desde sexta-feira (6), quando o caso já havia repercutido nas redes sociais, os policiais civis tentavam contato com a médica. No mesmo dia, Ione informou à Tribuna não haver prazo de seis meses para denúncias de casos de lesão corporal contra vítimas do sexo feminino, porque independe de representação, sendo esse tempo levado em conta nos crimes de violência psicológica, ou seja, ameaça. Desta forma, um inquérito poderia ser instaurado, e o grau das lesões poderia ser constatado por meio de um exame de corpo de delito indireto, com base na ficha de atendimento médico. Após o depoimento da vítima, nesta segunda, Ione informou que o exame já foi solicitado. “Pedimos exame do corpo de delito indireto e iremos intimar o médico que realizou o atendimento dela na época para que preste depoimento e apresente a ficha médica da jovem. Além dele, uma testemunha também foi ouvida”, disse.
A delegada acrescentou ao depoimento uma imagem da jovem com um olho roxo, sobre a qual desabafou: “Na ocasião dessa foto eu estava a metros da delegacia da minha cidade sendo espancada por esse indivíduo, que me fez tomar banho e vestir a sua camisa porque eu me encontrava toda ensanguentada depois dele ter quase me matado. Essa não foi a única vez. Chutes, socos, pontapés, asfixia eram recorrentes e aconteceram durante os três anos de namoro. Namoro abusivo, física e emocionalmente.”
Ainda em suas declarações, a médica questionou o fato de o rapaz ter liderado o concurso no qual uma das perguntas (direcionada a outro candidato) era exatamente sobre agressão contra a mulher. Em sua página oficial, a organização do Mister e Miss Juiz de Fora justificou a exoneração por “descumprimento de cláusulas existentes no regulamento do concurso em suas etapas municipal, estadual, nacional e internacional”. Com isso, o homem eleito no dia 30 de maio deixou de ser o “representante oficial de Juiz de Fora para o Mister Minas Gerais CNB (Concurso Nacional de Beleza) 2019”.
Nesta segunda (9), o coordenador da competição, Diley Almeida, disse que ainda aguarda a resposta do segundo colocado na competição para anunciar o novo Mister JF. Ele destacou que o primeiro colocado não foi deposto pela denúncia em si, já que o crime ainda precisa ser investigado, mas pelo envolvimento em um caso de repercussão. Pelas regras, segundo ele, o candidato precisa ter boa conduta moral e não pode se envolver em escândalo.
Procurado pela Tribuna, o jovem denunciado não atendeu a ligação e não respondeu às mensagens por meio do aplicativo WhatsApp e pelo Facebook.