Suposto pastor de JF aplica golpe em empresário de Rondônia
Atualizada às 19h30
Um empresário de 51 anos do ramo de construção civil, do interior do Estado de Rondônia, caiu em um golpe e perdeu US$ 90 mil, na manhã desta sexta-feira (8), durante transação de um empréstimo milionário realizada no quarto de um hotel da Avenida Getúlio Vargas, Centro. O golpista, que havia se identificado à vítima como pastor de Juiz de Fora, entregou a ela uma maleta que deveria conter R$ 1,2 milhões. No entanto, após a saída do estelionatário, o construtor verificou novamente a pasta, que estava trancada, e, ao arrombá-la, constatou que apenas R$ 1.300 eram verdadeiros. O restante das mais de 1.100 notas de cem reais era falso. Cada cédula continha ao centro as inscrições "sem valor" e "jogos de mesa", enquanto as bordas eram semelhantes às originais, configurando falsificação grosseira. Enquanto isso, o bandido deixou o local onde a vítima estava hospedada carregando junto ao corpo os 90 mil dólares que ele havia pedido como garantia do negócio, a título de caução.
Diante da descoberta da fraude, a Polícia Militar foi acionada e compareceu ao hotel para coletar dados. Buscas foram realizadas na região, mas o suspeito não foi localizado. De acordo com o comandante de policiamento do 2º Batalhão, tenente Eliel Eloi, a expectativa é de que as imagens do circuito interno de segurança do estabelecimento possam ajudar na identificação do suspeito, já que a vítima não possuía muitas informações acerca do homem. "É uma ocorrência de estelionato, e o golpe é conhecido. O que chamou a atenção foram o alto valor e o envolvimento de uma pessoa de fora da cidade. O suspeito se identificou para a vítima como sendo pastor de Juiz de Fora, disse que o dinheiro seria proveniente de uma igreja e que não cobraria juros. As únicas exigências que ele fez foi de que o empréstimo fosse pago em dólares e que ele recebesse a caução na mesma moeda."
Em entrevista à Tribuna, a vítima contou que chegou até o homem por meio de um amigo, depois de uma negociação envolvendo venda de ouro, que não foi concretizada. O empresário disse que, desta vez, pretendia fazer um empréstimo de mais de R$ 4 milhões, que seriam investidos na construção civil. Depois de um primeiro contato há cerca de dois meses, ele e o golpista chegaram a se encontrar pessoalmente em Juiz de Fora, há 20 dias, em outro hotel da Getúlio Vargas. "Foi nosso primeiro contato físico. Acertamos os detalhes da negociação."
O amigo da vítima, 42, também estava no hotel nesta sexta-feira. "Sou liderança de tribo indígena. Há uns meses estava em Brasília, e outra pessoa nos indicou ao homem (golpista), porque ele queria comprar ouro." O empresário afirmou não ter desconfiado do estelionatário e acreditou estar agindo com cautela, acertando apenas uma quarta parte do empréstimo nesta sexta-feira. "Sou empreiteiro, e o dinheiro era para uma obra de valor alto. Ele disse que não cobrava juros, mas queria que o pagamento fosse em dólar, na cotação do dia." Ontem (sexta-feira), quando o construtor chegou ao hotel, mandou mensagem ao homem avisando que ira descansar, mas ele logo apareceu. "Verificamos juntos a pasta, e todas as notas de cima eram verdadeiras. Ele ainda tirou uma do meio original e me mostrou. Como estavam presas com o lacre escrito ‘Banco Central’, acreditei que estava certo. Mas depois que ele foi embora, não consegui mais abrir a maleta e liguei para ele. Me disse para colocar o código com todos os números zero, mas também não consegui. Telefonei de novo, e não me atendeu mais. Tive que abrir a maleta à força e, quando vi, caiu a ficha", lamentou.
O golpista, que aparentava ser idoso e usava uma boina durante o encontro, guardou os dólares dentro do casaco antes de deixar o hotel. "Eu ainda trouxe oito litros de açaí para ele, porque me ligou pedindo", contou a vítima. "Com certeza, é profissional e já aplicou esse golpe em outras pessoas", avaliou o empresário. O dinheiro falso e também as cédulas verdadeiras foram apreendidas pela PM e encaminhadas para a Polícia Federal, que vai investigar o caso.