No primeiro dia de lockdown, movimento é grande nas ruas de Juiz de Fora
Flagrantes de desrespeito ao decreto foram feitos pela reportagem em diversas ruas da região central e bairros da cidade
No primeiro dia após o lockdown ser decretado em Juiz de Fora, o movimento no Centro da cidade foi intenso. Nos bairros por onde a Tribuna circulou também foi possível perceber a grande circulação de pessoas e o funcionamento de estabelecimentos não previstos nas novas regras. Por volta de 8h desta segunda-feira (8), diversas pessoas circulavam pelo Calçadão da Rua Halfeld e pelas ruas paralelas, como foi observado pela reportagem.
Na tarde de domingo, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) publicou o decreto que suspende o funcionamento de todas as atividades no âmbito municipal. Apenas serviços considerados essenciais, como supermercados, farmácias e atendimentos de saúde, estão autorizados a funcionar. A medida foi anunciada pela prefeita Margarida Salomão (PT), em coletiva de imprensa, convocada em caráter emergencial neste domingo.

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Como havia sido explicado pela Administração Municipal, o sistema bancário deverá funcionar em horário estendido e sem filas nas portas das agências. Na última sexta, a PJF já havia informado que iria ampliar a fiscalização em bancos, bem como a definição de normas para evitar a aglomeração de pessoas na área externa desses estabelecimentos. Como observado pela reportagem, no entanto, por volta das 9h desta segunda, diversas pessoas se concentravam na entrada dos bancos da região central. O movimento se intensificou ao longo da manhã. Por volta de 11h, foram verificadas filas em estabelecimentos na Avenida Getúlio Vargas, Rua Halfeld e na Avenida Rio Branco.
Na sexta-feira, a a PJF também informou que empresas de transporte coletivo deveriam operar com 100% da frota contratada junto ao Município. O novo decreto do Executivo também vedou o transporte de passageiros em pé. Entretanto, a Tribuna recebeu relatos de coletivos circulando lotados, no período da manhã, especialmente nas primeiras horas do dia. Usuários do transporte coletivo mencionaram ainda à reportagem que alguns passageiros viajaram em pé nos ônibus por conta da alta demanda.
Ainda na região central, a reportagem também flagrou em funcionamento lanchonetes – com consumo interno -, lojas de materiais de construção e autopeças, além de oficinas mecânicas, floriculturas, óticas e lojas de bijuterias e outros utensílios. Também foram flagrados diversos ambulantes circulando nas ruas centrais, atividade não prevista no decreto municipal. No princípio da manhã, a fiscalização da Prefeitura foi vista circulando pelo Centro e ordenando o fechamento de alguns estabelecimentos.
No período da tarde, a Tribuna voltou às ruas da região central e constatou novos flagrantes, apesar de constatar que havia menos pessoas em circulação. Mas, na Avenida Getúlio Vargas, por exemplo, foi possível perceber muitas lojas em funcionamento. Algumas estavam com as portas fechadas pela metade, com clientes entrando e saindo sem constrangimentos, como nos estabelecimentos de venda de roupas. Também foi possível flagrar lanchonetes com atendimento interno.
Cenários sem alteração nos bairros
Depois do Centro, a reportagem partiu para alguns bairros de Juiz de Fora. Ao trafegar pela Avenida Brasil, entre os bairros São Bernardo e Manoel Honório, a Tribuna constatou que, praticamente, não há diferença no funcionamento dos estabelecimentos comerciais, quando se compara com os dias de antes do decreto. Em Santa Terezinha, Zona Nordeste, com uma volta de carro pela Avenida Rui Barbosa, também foi possível ver o funcionamento de lojas e grande circulação de pessoas pela via.
Em São Pedro, na Cidade Alta, o cenário constatado foi o mesmo dos lugares já citados, assim como nos bairros Santa Luzia e Teixeiras, Zona Sul. Na Zona Norte, no Bairro Francisco Bernardino, muitas pessoas nas ruas e lojas dos mais variados segmentos estavam em funcionamento, algumas realizando atendimento com portas pela metade.
“Precisei sair para ir ao supermercado, porque fui pega de surpresa pelo anúncio do lockdown, no domingo. Minha casa estava desabastecida e só sai pela necessidade. Mas estou surpreendida com o que estou vendo nas ruas. Nem parece que existe lockdown, nem pandemia. Está tudo como era antes e tem muita gente sem máscara. Isso é uma temeridade desse povo”, desabafou a dona de casa Mirtes Conceição de Oliveira, de 48 anos, que aguardava um veículo de transporte de aplicativo para levar suas compras para casa. Ela estava de máscara e mostrou à reportagem um vidrinho com álcool em gel que levava na bolsa, depois de deixar um supermercado.
Dúvidas
Pelo que foi observado ainda havia dúvida entre comerciantes e populares com relação ao que era permitido e o que não podia funcionar neste primeiro dia de restrições mais severas. O marceneiro Renato Araújo da Silva é um dos populares que circulam pelas vias centrais durante a manhã de lockdown. Ele mostrou insatisfação com a falta de informação. “Eu tinha que ir na UAI (Unidade de Atendimento Integrado), no Shopping Jardim Norte, mas só descobri depois que não ia funcionar. Como não vou trabalhar, eu vim ao Centro para comprar uma coisa e agora vou para casa”, justificou.