Justiça retoma audiência com delegado Rafael, preso na operação Transformers
Procedimento segue até sexta, quando serão realizados os interrogatórios dos réus, incluindo outros policiais civis e dois advogados
A Justiça retomou na tarde desta terça-feira (7) a audiência de instrução e julgamento relacionada ao processo que envolve o delegado da Polícia Civil Rafael Gomes de Oliveira, pelos menos outros seis policiais civis e dois advogados presos na operação Transformers. A sessão foi iniciada às 13h30 na 1ª Vara Criminal de Juiz de Fora, no Fórum Benjamin Colucci, e é presidida pelo juiz Daniel Réche da Motta. Neste primeiro dia estão sendo realizadas as oitivas das testemunhas de acusação, segundo informou o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). A audiência prossegue na quarta e quinta-feiras, com os depoimentos das testemunhas de defesa, e termina na sexta, com os interrogatórios dos réus.
Conforme o TJMG, além do delegado Rafael, atualmente estão presos mais cinco policiais civis. Os demais réus encontram-se em liberdade provisória, com exceção de um, que é considerado foragido. A audiência de instrução havia sido marcada, inicialmente, para os dias 4, 5, 6, 12, 13 e 14 de julho, mas foi cancelada no terceiro dia pelo juiz, que suspendeu o procedimento para conceder prazo às defesas para acesso às provas entregues pelo Ministério Público. Depois desta fase, o processo segue para alegações finais e, após, é proferida a sentença.
Entenda o caso que envolve o delegado Rafael
A operação Transformers foi deflagrada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) em 20 de outubro do ano passado, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), com o apoio das polícias Civil, Militar e Rodoviária Federal. O delegado Rafael, à época titular da Delegacia de Combate ao Narcotráfico da Regional de Juiz de Fora, pelo menos mais seis policias civis detidos que trabalhavam na mesma delegacia e dois advogados são suspeitos de integrarem um esquema que envolveria pagamento de propina, em troca da “blindagem” de membros da organização criminosa, que teria ligação com tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva, adulteração veicular, entre outros crimes, como roubo, furto, receptação e desmanche de veículos. Após a repercussão do caso, as delegacias especializadas foram extintas na cidade.
Ao todo, foram cumpridos 250 mandados de busca e de prisão em Juiz de Fora e nas cidades de Esmeralda, Botelhos e Três Corações, contra mais de 30 investigados. A suspeita é de que a organização criminosa tenha movimentado cerca de R$ 1 bilhão em cinco anos. O processo inicial, cautelar e sigiloso, foi desmembrado em quatro, com denúncias separadas, segundo o TJMG. O delegado ficou preso entre 20 de outubro de 2022 e 28 de junho deste ano, quando deixou a Casa de Custódia em Belo Horizonte por meio de habeas corpus concedido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). No entanto, a liberdade provisória foi revogada no dia 12 de setembro, e logo depois o réu foi internado em uma clínica psiquiátrica localizada na Cidade Alta, sendo transferido para o Hospital Ana Nery uma semana depois. No dia 26 de outubro, o delegado deixou a unidade hospitalar e retornou à Casa de Custódia.