Empresário sequestrado por engano

Informação foi divulgada em coletiva da Polícia Civil na manhã desta quarta
O empresário de 34 anos que conseguiu escapar do cativeiro em Volta Redonda (RJ) depois de ter sido sequestrado no Bairro Barbosa Lage, Zona Norte, na noite da última segunda-feira, teria sido levado por engano pela quadrilha. A informação foi divulgada ontem, em entrevista coletiva, na sede da 1ª Delegacia Regional de Polícia Civil. Conforme o investigador que participou das negociações por telefone com os sequestradores, Rogério Marinho, a polícia tem suspeitas sobre o provável alvo e também sobre um morador da cidade, que teria dado as informações aos bandidos, e está sendo procurado para prestar declarações. Das cinco pessoas presas pela PM no município fluminense, quatro eram policiais militares do estado do Rio.
O advogado da vítima, Manoel Roberto Rosa, contou que seu cliente foi torturado no alto de um morro em Barra Mansa (RJ), antes de ser levado ao cativeiro. "Ele foi confundido com outro empresário da cidade, e isso só foi descoberto depois. Foi um trauma, mas a família agora está mais tranquila e agradece às instituições de Minas e do Rio, pois resolveram uma situação complexa em tempo recorde." Ainda conforme o advogado, a vítima ficou bastante machucada, já que teria apanhado com frisos de borracha de carro, em forma de chicotadas, e levado pancadas na cabeça.
"Por volta das 4h30, o levaram para o cativeiro e o deixaram amarrado até o pescoço. A pessoa que tomava conta deve ter cochilado, e ele conseguiu escapar pulando a janela e o muro. Mas como estava algemado e com cordas, ninguém quis ajudar na rua. Ele encontrou uma igreja aberta e se escondeu dentro de um freezer por uma hora. Depois pediu ajuda a um senhor que cortava grama para chamar a polícia."
Segundo o advogado, o empresário começou a desconfiar que os sequestradores poderiam ser policiais por causa da linguagem usada por eles e pelo fato de que haveria vários coturnos no cativeiro. "Ele achava que ia morrer, porque os criminosos não tamparam o rosto e fizeram roleta-russa quando descobriram que ele não era quem esperavam. O emocional dele está muito abalado."
De acordo com o investigador Rogério, que integra a equipe da 3ª Delegacia de Polícia Civil, responsável pelas investigações em Juiz de Fora, os policiais souberam o paradeiro da vítima antes do contato feito pela polícia de Volta Redonda. "Nossa equipe chegou meia hora após o fato no Barbosa Lage. Orientamos a família, que já havia recebido duas ligações dos sequestradores, e gravamos os telefonemas seguintes." As negociações teriam durado 12 horas. Eles ligavam a cada uma ou duas horas. Pediram R$ 600 mil de resgate, depois baixaram para R$ 400 mil, mas não chegaram a indicar um local para encontro. Faziam ameaças de morte." Os policiais mineiros também participaram das ações em Volta Redonda. "As prisões foram feitas pela PM do Rio, com a Corregedoria e o serviço reservado deles, mas participamos da diligência que resultou nas prisões."