Casa Bethânia ganha sede com maior capacidade
Instituição vai para imóvel de seis andares, para atender pacientes de outros municípios que estão em tratamento do câncer em JF
O sonho do acolhimento de pacientes em tratamento de câncer, realizado pela Bethânia Casa de Passagem e Acolhimento, ganhou seis andares em 2017, e, a partir desta segunda-feira (8), depois do recesso, passa a funcionar com uma estrutura maior. A instituição retoma os atendimentos em horário normal. Foram cerca de cinco anos da construção do prédio que a entidade ocupa atualmente. As confraternizações de fim de ano com os voluntários e assistidos ganharam outros tons de gratidão. Não só em função do novo espaço, mas também por conta do cuidado e do trabalho realizado ao longo de todo o ano. Os passantes e hóspedes levaram muito mais do que cestas de Natal para suas residências. Carregaram uma injeção de esperança e uma memória afetiva de acolhimento.
“Muitos se emocionaram. Quando íamos embora, depois da confraternização, já bem tarde da noite, um deles foi até a sacada e nos dava adeus chorando, porque ele teria que ir embora. Isso toca muito no coração de cada um de nós. Eu penso que estamos no caminho certo, não podemos perder essa trilha”, contou a presidente da Casa, Maria Elizabeth Vidaurre Nassif. De acordo com o marido de Elizabeth, Paulo Sérgio Nassif, que é vice-presidente da instituição, o local recebe cerca de 30 pessoas por semana. Algumas passam o dia, fazem refeições, mas não pernoitam, voltando para seus municípios de origem. Os hóspedes são os que precisam pernoitar na cidade de segunda a sexta-feira. Eles recebem cinco refeições por dia. Todo o serviço é prestado gratuitamente.
“Antes disso, o trabalho era feito de maneira mais empírica, a mensagem que fica desse trabalho e desse tempo é que o amor transforma verdadeiramente. Foi providencial que essa confraternização acontecesse nessa época do ano, para dizer que, nessa obra, Cristo nasce todos os dias. Cada pessoa que chega aqui recebemos como o próprio Cristo, a quem queremos amar e servir”, diz o idealizador e fundador do trabalho, padre David José Reis. A ampliação da sede permitirá que mais pessoas possam ser atendidas, no entanto, ainda não é possível indicar números, segundo a presidente Maria Elizabeth. A intenção é ajustar a capacidade de atendimento aos poucos. “Trabalhamos atualmente com 20 pacientes, e, nos primeiros meses, devemos continuar mais ou menos com essa quantidade de pessoas, por uma questão de ajuste do trabalho que era feito em uma casa horizontal e passa a ser vertical. O que não podemos e não vamos fazer é empilhar as pessoas. Vamos continuar prezando pelo tratamento humano e digno. Não hospedamos além do que podemos.”
Generosidade entre os juiz-foranos
A base do sonho sempre foi o acolhimento em seu sentido mais amplo, detalha o padre David José Reis. “Quando estudava para ser padre, alguém me orientou para esse sentido de acolher. ‘Quando alguém chegar à sua casa, não pergunte nome, idade, de onde veio. Pergunte: irmão, do que você precisa?’ Atender o íntimo de cada um é o nosso maior propósito. Percebemos que isso está acontecendo. Quando alguns dos hóspedes foram embora, muitos deles foram chorando, seja por saudade, seja pela convivência.”
Eles dizem que conseguem prestar o serviço há tanto tempo pela providência divina e por doações que recebem por vários canais, desde carnês, até valores que chegam ao estabelecimento por meio da conta-corrente. “Nos encanta o fato de que o recurso chega, quando a gente mais precisa. O povo juiz-forano é muito sensível a essa causa e é muito generoso. Até hoje não entrou um centavo do Governo aqui, não temos vínculo em nenhuma instância. Nem a própria Casa precisou entrar com recurso”, comemora Elizabeth. O padre David exemplifica a força do trabalho por meio de uma situação cotidiana. “Um senhor me chamou e me disse de um jeito bem interiorano: ‘Seu vigário, eu queria ser sepultado aqui. Respondi que a casa foi feita para acolher, receber e ajudar no tratamento e devolvê-lo vivo, com saúde à sua família. Aqui não se sepulta ninguém, aqui se dá uma vida nova.”
Força e doação
Todo o trabalho de Bethânia Casa de Passagem e Acolhimento começou na casa paroquial da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, quando o capelão do Hospital Oncológico e pároco da comunidade, o padre David José Reis, identificou a necessidade de ajudar as pessoas que vinham de outros municípios para tratamento de câncer em Juiz de Fora, mas não tinham um local para ficar durante a passagem pela cidade. Ele começou a reservar um espaço na casa para essas pessoas. Esse trabalho foi ampliado. Em 2008, passou a ser feito em duas casas na Rua Santos Dumont, nos números 117 e 236, no Bairro Granbery, Centro. Agora, depois de aproximadamente cinco anos de construção, a obra social recebeu a doação desta nova sede, que conta com a instalação de seis andares, na mesma rua, mas no número 112. Desde 2008, mais de 11 mil pessoas foram atendidas pela instituição, conforme o vice- presidente, Paulo Sérgio Nassif. A casa também conta com 60 colaboradores voluntários.