Juiz de Fora registra mais de 160 furtos a hidrômetros em 2022
Conforme Polícia Civil, crimes seriam cometidos por usuários de drogas em busca de revenda de componentes do equipamento
Em 2022, Juiz de Fora registrou 163 casos de furto de hidrômetros na cidade, de acordo com dados da Cesama. O número foi 6,3% abaixo do observado em 2021, quando houve 174 ocorrências do tipo, mas ainda chama a atenção pela excentricidade do problema, já que o material não possui alto valor de mercado. De acordo com a Polícia Civil, esses furtos geralmente são cometidos por usuários de drogas, que buscam revender o plástico e o cobre contidos no hidrômetro.
Em Juiz de Fora, os ladrões têm mirado, especialmente, estabelecimentos comerciais, como ocorreu na loja Brasil Informática, localizada no Centro de Juiz de Fora. De acordo com o proprietário, Rone Cruz, outros estabelecimentos próximos também passaram pelo mesmo problema. O espaço já foi furtado anteriormente, mas esta é a primeira vez que o hidrômetro foi alvo de ação criminosa.
O furto do equipamento ocorreu na madrugada do último dia 27 de dezembro. Como relatado por Rone e registrado no boletim de ocorrência, ao chegar ao estabelecimento pela manhã, o proprietário percebeu um vazamento de água no local do hidrômetro e, ao verificar, constatou que o mesmo havia sido levado. As câmeras de segurança do estabelecimento flagraram a ação do ladrão, que agiu por volta de 1h da madrugada.
“Nós suspeitamos que existe alguém que compra o equipamento. E pela quantidade [considerando os demais estabelecimentos], deve ser algo muito barato. Tem que vender no mínimo uns cinco para conseguir comprar seja o que for”, imagina Rone, acreditando que a ação foi realizada por algum usuário de drogas.
Ainda conforme o proprietário da Brasil Informática, o furto causou um transtorno à loja, já que foi preciso realizar B.O. para conseguir repor o equipamento, além do estabelecimento ficar sem água enquanto aguardava o problema ser solucionado. “Vamos reforçar a grade de proteção e trancar, porque os hidrômetros que estavam trancados, não tentaram roubar.”
No Centro de JF
Na mesma madrugada do dia 27 de dezembro, outro estabelecimento, também no Centro de Juiz de Fora, teve o hidrômetro furtado. O crime ocorreu na empresa Omni Financeira e também foi constatado pela manhã, quando funcionários chegaram ao local e depararam com o vazamento de água.
Conforme o supervisor de cobrança da empresa, Breno Pontes, o mesmo problema também chegou a acontecer com outros estabelecimentos nas proximidades. “Metade da loja ficou comprometida com a situação”, conta. “Tem uma câmera na frente, mas como o hidrômetro fica do outro lado, não conseguiu pegar exatamente o que aconteceu, mas deu para observar uma movimentação.”
Furtos visam à revenda de plástico e cobre
Geralmente, os responsáveis por furto de hidrômetros são usuários de drogas, e a região central é o lugar da cidade de maior concentração dessas pessoas, de acordo com o delegado Darcilio Neto, que atua na 7ª Delegacia de Polícia Civil em Juiz de Fora. “O Centro tem grande oportunidade para isso porque, normalmente, o hidrômetro é de acesso ao público, não é à toa que a medição é feita do lado de fora.”
Conforme o delegado, plástico e cobre são os materiais visados pelos ladrões, sendo que o segundo costuma ser revendido em ferros-velhos para a compra de drogas. “Em uma noite, um indivíduo pode furtar vários lugares. Ninguém está vendo, então ele pega dez, 11, 12 hidrômetros seguidos”, explica, completando que os dois furtos registrados no dia 27 de dezembro, possivelmente, foram feitos pela mesma pessoa. “O importante é fazer as ocorrências e disponibilizar as imagens para começarmos a identificar, porque com a prisão de dois ou três suspeitos, há uma queda brusca, já que um indivíduo comete vários furtos”, aponta Neto.
Conforme o delegado, a inspetoria da 7ª Delegacia, que atua na região central de Juiz de Fora, já tem conhecimento dos crimes envolvendo furto de hidrômetros na área. A pena por furto e receptação simples é de um a quatro anos. Já a receptação qualificada – quando o material é revendido pelo ferro-velho, por exemplo – pode levar a uma pena de três a oito anos. “A receptação qualificada gera impacto grande na sociedade, porque influencia o cometimento de furto. Ela é o grande financiador do furto”, explica Neto.
Cesama orienta registro de boletim de ocorrência em caso de furto
Caso uma pessoa tenha seu hidrômetro furtado, a primeira orientação é que faça um boletim de ocorrência junto à Polícia Militar. Com isso, a vítima pode comunicar a Cesama pelo telefone 115 ou pelo WhatsApp (32) 99198-1136. É possível, ainda, ir até a Agência de Atendimento, localizada na Avenida Getúlio Vargas 1001, esquina com a Avenida Barão do Rio Branco. De acordo com a Cesama, com o B.O. em mãos, o usuário não é cobrado para instalação de um novo hidrômetro.
“A proteção contra roubos de fios e hidrômetros consiste no combate à recepção das peças furtadas, realizado pelos órgãos de Segurança Pública. Uma vez que, não havendo comprador, não haverá furtos”, apontou a Cesama em resposta a questionamentos enviados pela Tribuna sobre as ações criminosas envolvendo furto de hidrômetros.
A Cesama ainda destacou a redução de 6,3% no número de ocorrências registradas em 2022 em comparação com 2021. “Isso se deve ao combate à receptação das peças roubadas, que vem sendo desenvolvido pela Polícia Civil, Militar e pela Guarda Municipal.”