Grupo recolhe e reforma brinquedos usados para doação
Projeto Heróis dos Brinquedos dá vida nova ao que muitas vezes teria o lixo como destino
A lógica é simples: recolher, reformar e doar. De forma resumida, é o que o grupo Heróis dos Brinquedos se propõe a fazer em Juiz de Fora. Recuperar os itens descartados, dar manutenção a eles e destiná-los a um novo pequeno dono. Entretanto, por trás desta linha de produção, a iniciativa possui significado mais amplo, em que “consertar” transforma-se em sinônimo de esperança, principalmente em tempos tão difíceis.
Idealizado pelo casal Karla Lopes e Rodrigo Toledo, o projeto surge com a concretização de um sonho antigo da dupla de criar algo que pudesse beneficiar crianças, principalmente àquelas em situação de vulnerabilidade social. “Sempre quando tínhamos a oportunidade, nós fazíamos doações no final do ano ou no Dia das Crianças. A pandemia abriu nossos olhos para criar uma coisa voltada ao público infantil e que ajudasse as pessoas a destinar brinquedos usados”, conta a criadora.
A falta de uma referência para doação destes itens na cidade foi o combustível que faltava para que a iniciativa ganhasse forma, segunda Karla. “Quando começou essa situação da pandemia, de termos que ficar em casa, nós começamos a separar roupas para doar, sapato e brinquedos. As doações de roupas, por exemplo, as pessoas normalmente sabem para onde encaminhar, mas para brinquedos eu desconheço um lugar certo para destinar esses objetos. Assim surgiu a ideia, justamente por causa disso. Conhecemos muita gente que estava fazendo essa triagem em casa, sem ter ninguém para buscar e sem ter local certo para destinar. E aí a gente uniu o útil ao agradável.”
Por meio das redes sociais do projeto @heroisdosbrinquedos, no Instagram, e Heróis dos Brinquedos no Facebook, além do contato pelo WhatsApp – (32) 984916373 -, é possível realizar o pedido para que membros da ação possam buscar os itens na residência do solicitante. “Temos nossos meios de comunicação, onde divulgamos os brinquedos que a gente recebe e conserta. Muitos dos que chegam é necessário fazer apenas uma limpeza e não exige muita manutenção. Às vezes, o brinquedo está com uma rodinha quebrada ou é uma boneca com canetinha no rosto. Muitas vezes, as pessoas não tem afinidade para poder dar manutenção e conseguir consertar um brinquedo e fazer com que ele fique apresentável para outra criança”, esclarece a idealizadora.
Esforço em família e entre amigos
Atualmente, os Heróis dos Brinquedos são formados por 12 componentes, entre eles familiares e amigos próximos do casal, e cada um possui uma função, como explica Karla. “Minha sogra, por exemplo, fica com as bonecas e com a costura; minha cunhada, com a limpeza e manutenção; cada um tem a sua função. A demanda vem crescendo, e a gente imagina que, no futuro, precisaremos de mais voluntários. A ideia é ter um grupo que ajude e apoie.”
O projeto ainda conta com a colaboração de um “pequeno especialista” no assunto. “Temos dois filhos, um de cinco anos e outro de sete meses. No início, o mais velho teve uma certa dificuldade em entender, mas hoje ele já entende. Essa semana, nós recebemos alguns jogos e colocamos nosso filho para ajudar a separar. Sempre damos um jeito de colocar ele para participar, justamente para passar para esse valor: de que é importante doar e se doar. Porque não é apenas pegar o brinquedo e doar para uma instituição, mas o fato de doar o nosso tempo também.”
Por conta da pandemia, entrega é prevista para outubro
Por conta das medidas de isolamento social, impostas pela pandemia, o projeto segue recolhendo o máximo de brinquedos e planeja a doação em outubro, no Dia das Crianças, para instituições sociais e alguns bairros da cidade. Até lá, a expectativa pela entrega é o que motiva os membros da ação. “A gente imagina o momento da entrega, a felicidade da criança, até mesmo dos familiares pelo carinho recebido. Isso para a gente é o que faz toda diferença, é o que nos motiva a correr atrás de doação, dedicar nosso tempo, chegar ao máximo de pessoas possíveis e também ao máximo de crianças. Estamos doidos para repassar, mas queremos fazer com o máximo de segurança, sem aglomeração. Temos que saber esperar esse momento”, diz Karla.