Pesquisa avalia qualidade da água do lago do Museu
A superfície do lago do Parque do Museu Mariano Procópio amanheceu nesta terça-feira (5) tomada por objetos que despertaram a curiosidade de muitas pessoas. As opiniões se dividiram entre ser algum tipo de intervenção artística moderna ou fazer parte de algum experimento científico. Acertou quem apostou na segunda alternativa. Desde a tarde de segunda-feira, o lago é objeto de estudo para uma tese de doutorado do Programa de Pós-graduação em Ecologia do Instituto de Ciências Biológicas da UFJF, que pretende desvendar quais são os motivos que levam a água do lago a apresentar uma coloração esverdeada.
“Pelo nome do equipamento utilizado, mesocosmos, bem que poderia ser alguma atração nos moldes de Inhotim, por exemplo, mas não é. Trata-se da etapa conclusiva de um trabalho de análise sobre a qualidade da água e dos sedimentos do lago”, ressalta o diretor da Fundação Museu Mariano Procópio, Douglas Fasolato. O diretor destaca que a preocupação é mais estética do que biológica, pois a condição do lago não oferece riscos à biodiversidade local. “Com a conclusão, iremos eliminar alguns “achismos” e saber quais procedimentos poderão ser feitos para alterar a coloração.”
O estudo, realizado pela doutoranda em Ecologia Marcela Miranda, é coordenado pelo professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e doutor em Ecologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Marcelo Manzi Marinho. Ele explica que os mesocosmos ficarão instalados no lago por 30 dias para acompanhar se as técnicas de remoção das algas e de excesso de nutrientes acontece de forma adequada. A conclusão do estudo está prevista para acontecer em 2017, mas até o momento, algumas características do lago já foram descobertas. “Como trata-se de um lago artificial, ele abriga um grande depósito de material orgânico. Este excesso de nutrientes, proveniente da alimentação de peixes e das aves, também é aproveitado pelas algas, que crescem com mais rapidez e dão o aspecto esverdeado na água”.
O mesocosmo, conforme o pesquisador, é um equipamento formado por aros metálicos que são depositados no fundo do lago. Em seu interior são colocados produtos químicos que auxiliam este tipo de análise. Sua localização acontece por meio de boias plásticas que flutuam na superfície. O estudo sobre a água do lago do Museu Mariano Procópio (Mapro), segundo Douglas, tem sido acompanhado por pesquisadores internacionais, especializados na qualidade da água presente em museus do mundo inteiro. O levantamento no Mapro teve início em 2012 e já passou por diversas fases.
Segundo a história, o lago do museu foi construído e projetado com cinco ilhas, sendo a “ilha central” coberta por um bambuzal. Estudiosos de jardins históricos apontam que a obra é um dos marcos do arquiteto paisagista e botânico Glaziou. A região, que no passado abrigava um pântano, tem hoje diversas espécies de árvores e animais.