Aglomerações preocupam população de Juiz de Fora
Durante feriado, Prefeitura recebeu reclamações de três eventos realizados com grande concentração de gente; baile funk, no Bairro Sagrado Coração de Jesus, trouxe temor a moradores.
Circulam pelas redes sociais imagens do que seria um baile funk realizado, no último sábado (31), no Bairro Sagrado Coração de Jesus, na Zona Sul de Juiz de Fora. O evento foi promovido em um imóvel, que seria uma granja, na Rua Marciano Pinto, gerando a aglomeração de pessoas no interior do local onde o baile aconteceu e ao longo da via pública, já que uma grande fila de pessoas que aguardavam para entrar na festa foi formada.
Nas imagens que circulam pela internet é possível ver pessoas aglomeradas no interior da granja em um pavimento térreo ao redor de uma piscina. Ainda é possível ver pessoas dançando sob uma iluminação colorida e ouvir a música que tocava no local. Em seguida, o vídeo mostra uma fila com pessoas que estariam esperando para entrar no local. Tanto nas imagens que mostram o lado de dentro da festa, quanto nas que aparecem o lado de fora, os frequentadores estão sem máscara e sem respeitar o distanciamento que deveriam ter um dos outros. Além desse caso, que não foi denunciado à Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), a fiscalização municipal registrou três ocorrências de descumprimentos às normas de enfrentamento à pandemia neste fim de semana, envolvendo um bar, uma rede de fast-food e um restaurante.
As imagens postadas nas redes sociais acerca da realização do evento, no Sagrado Coração, geraram críticas de internautas no que se refere à aglomeração e à proliferação do coronavírus e também acerca da falta de fiscalização, por parte do Município, para garantir a segurança das pessoas que optam em participar desse tipo de evento. Duas moradoras da Rua Marciano Pinto ouvidas pela Tribuna relataram preocupação com a realização dessa festa. Uma delas, de 66 anos, disse que, além da aglomeração, houve som alto e gritaria na via pública.
“É uma situação preocupante. Eu e meu marido somos idosos e estamos no grupo de risco. Desde março, temos evitado sair de casa. Só vou ao supermercado por necessidade, quando não é minha filha que faz as compras para mim. Não sei como as pessoas têm coragem de frequentar essas festas, pois é só olhar os jornais e ver que já tem países na Europa que estão entrando na segunda onda da Covid. Então, ainda é preciso se prevenir”.
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A outra moradora, de 61 anos e diabética, também afirmou preocupação com a situação. “Essa granja sempre foi um local de eventos, que não acontecem desde o início da pandemia. Neste sábado, foi a primeira vez que foi realizado, depois que entramos em quarentena. Realmente, houve aglomeração na rua, e as pessoas não estavam usando máscaras, o que é um problema quando pensamos na proliferação do vírus”, ressaltou.
A Associação de Moradores do Bairro Sagrado Coração de Jesus foi procurada pela Tribuna a fim de que pudesse passar informações sobre ter recebido reclamações acerca da realização do evento, todavia o jornal foi informado pela presidente da associação que a entidade não tinha ciência sobre o evento e que só soube da realização dele depois que foi acionada pela reportagem. O jornal também não conseguiu o contato do responsável pela promoção da festa.
A PJF, por meio da assessoria da Secretaria de Meio Ambiente e Ordenamento Urbano (Semaur), informou que nenhuma denúncia acerca do evento em área particular foi recebida pelo seu setor de fiscalização ou pela Guarda Municipal. Ainda conforme a pasta, durante os finais de semana, uma equipe realiza o atendimento de denúncias prévias em todas as regiões da cidade, inclusive no período noturno. Também informou que esse evento não foi licenciado pelo Município.
A secretaria ressalta sobre a importância de colaboração da população em denunciar este tipo de evento não permitido, lembrando “que os protocolos de segurança em relação à pandemia são amplamente divulgados”. Entre eles, estão o da Ouvidoria Geral do Município, pelo Fala.br; o telefone 3690-7507, da Semaur, que funciona de segunda a sexta-feira, das 8h ao meio-dia e das 14h às 18h; o da Central da Guarda Municipal, pelo 153; e o aplicativo “Cidade Segura”.
Estabelecimentos notificados por desrespeitar normas
A Prefeitura informa ter realizado três registros de descumprimentos às normas de enfrentamento à pandemia ao longo do fim de semana. As diligências foram realizadas após denúncias aos canais da PJF. Conforme a Secretaria de Segurança Urbana e Cidadania (Sesuc), um bar, na Rua Monsenhor Gustavo Freire, no Bairro São Mateus, Zona Sul, foi notificado por infringir os protocolos, como ultrapassar o horário limite.
A segunda ocorrência diz respeito a uma promoção realizada por uma rede de fast-food, que levou centenas de pessoas a se juntarem em fila para retirada gratuita de hambúrguer. O estabelecimento teria sido orientado e notificado, atendendo prontamente às exigências. Por último, um complexo de gastronomia, no Salvaterra, foi notificado por várias infrações. O local mantinha em funcionamento espaço kids e autosserviço e não respeitava o distanciamento mínimo de dois metros entre as mesas. Conforme informou a pasta, nesta segunda (2), os fiscais voltaram ao local e confirmaram o atendimento às exigências.
Onda verde
Bares e restaurantes tiveram ampliação do horário de funcionamento até meia-noite, com a onda verde. Antes, a permissão era até as 22h. Mas as atividades de entretenimento continuam vedadas. De acordo com o Comitê Municipal de Enfrentamento e Prevenção à Covid-19 (coronavírus), essas promoções, como música ao vivo, atraem público, favorecendo a permanência de pessoas em pé, gerando aglomeração. Assim, estão proibidos autosserviço e ocupação máxima de 50% dos espaços. É necessário manter área mínima de dois metros entre as mesas, inclusive no ambiente externo. Também não é permitida venda de qualquer produto para o público, em pé, nestes estabelecimentos.
Minas libera 500 pessoas, mas assunto será debatido
Na última quinta, Minas Gerais liberou a presença de 500 pessoas em eventos nas cidades que já estão na onda verde do programa Minas Consciente. Em deliberação publicada no Diário Oficial de Minas Gerais, o Comitê Extraordinário Covid-19 do estado autorizou a realização de eventos públicos ou privados de qualquer natureza com até 500 pessoas. A capacidade máxima permitida, até então, era de 30 participantes. A alteração feita pela deliberação de número 97 ocorre sobre o primeiro inciso do artigo 6º da Deliberação nº17, de março de 2020, que trata exclusivamente dos eventos no estado. A mudança passou a valer no sábado (31).
Considerando as disposições sobre a onda verde do programa Minas Consciente, os eventos, reuniões e atividades precisam resguardar o distanciamento de quatro metros quadrados por pessoa em locais abertos. Em locais fechados, a distância obrigatória por pessoa será de dez metros quadrados. Esta regra inclui tanto reuniões festivas como atividades culturais.
A determinação alterada define as medidas emergenciais de restrição e acessibilidade de determinados serviços, bens públicos e privados e deve ser mantida em vigência enquanto durar o estado de calamidade pública em função da pandemia de coronavírus, em todo o território do estado. A publicação reforça que as excursões e os cursos presenciais seguem proibidos. A orientação ainda pode ser revista até o fim do ano, sendo que, já no dia 1º de dezembro, o Comitê Extraordinário Covid-19 irá analisar o impacto da mudança e, caso seja necessário, poderá propor novas alterações.
Entretanto, conforme a Prefeitura, a questão da presença de 500 pessoas em eventos em Juiz de Fora ainda será discutida pelo Comitê Municipal de Enfrentamento e Prevenção à Covid-19, na próxima quinta-feira (5). A Prefeitura também pontua que os eventos licenciados pela Administração municipal, no momento, autorizados na onda verde, devem seguir as regras do decreto.
Tópicos: coronavírus