FamĂlia denuncia dificuldade para ter assistĂȘncia no SUS
Ouvidoria recebeu 43 denĂșncias sobre escassez de itens
A falta de itens do Programa de Nutrição Enteral e Oral do MunicĂpio Ă© uma adversidade que vem dificultando a situação de usuĂĄrios que dependem do fornecimento da dieta feito por meio do Sistema Ănico de SaĂșde (SUS). Ă o caso da aposentada Leda Delgado de Medeiros, 78, que hĂĄ nove anos Ă© dependente da dieta enteral. Aos cuidados dos filhos Ivelise Delgado – com quem vive -, e Emerson Delgado Borges, seu responsĂĄvel legal, a paciente, que sofre de demĂȘncia frontotemporal, depende da assistĂȘncia do programa para repor os nutrientes do organismo.
Contudo, de acordo com Emerson, desde abril, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), que hĂĄ oito meses vinha entregando a dieta de maneira fracionada, deixou de fornecer o alimento. “(A PJF) alegou falta de repasses e de verbas. NĂłs ligamos todos os dias, mas simplesmente deixaram de fornecer (a dieta). A Secretaria de SaĂșde passou um programa de dieta artesanal e estamos associando Ă dieta para tentar diminuir o custo”, conta Emerson, sobre a alternativa que a famĂlia tem encontrado para driblar o aumento na despesa mensal da mĂŁe, que recebe sua aposentadoria pelo Estado.
Em mĂ©dia, a unidade do alimento da dieta enteral custa R$ 27, e rende cerca de dez dias, segundo Ivelise. Atualmente, ela tem preparado para a mĂŁe a versĂŁo artesanal, a partir de legumes e carne, mas afirma que a mistura nĂŁo Ă© o suficiente. “Depois que tivemos que trocar a dieta, minha mĂŁe emagreceu muito, ficou com a imunidade baixa e teve infecção urinĂĄria, e tudo pela falta de nutrientes.”
Justificativa
A falta de itens do Programa Municipal de Nutrição Enteral e Oral tem angustiado famĂlias de pacientes que dependem da alimentação para se nutrirem. A Ouvidoria de SaĂșde registrou, desde o final de junho, 43 manifestaçÔes reclamando a ausĂȘncia do fornecimento da dieta pela PJF.
De acordo com a ouvidora Samantha Borchear, o ĂłrgĂŁo jĂĄ notificou e expediu ofĂcio Ă Secretaria de SaĂșde, solicitando providĂȘncias. Segundo a ouvidora, as justificativas da pasta afirmam que “determinados fornecedores nĂŁo querem entregar os itens, mesmo com os empenhos autorizados”. AlĂ©m disso, “devido Ă crise financeira, hĂĄ evidente dificuldade de custeio (de itens da dieta)”.
Regularização
Ă reportagem, a assessoria de comunicação da Secretaria de SaĂșde informou, por meio de nota, que a falta de distribuição de itens da dieta se deve ao processo para a troca de fornecedor que ofereça o “produto por um preço mais baixo”. Entretanto, “assim que forem concluĂdos os trĂąmites, a entrega serĂĄ regularizada, o que deve acontecer em setembro”, pontua a nota.
Falta de insumos para diabéticos
“Tive que entrar na Justiça para conseguir a bomba e os insumos para minha filha. Conseguimos, mas os insumos sempre faltam, mesmo com mandado judicial. Mas Ă© todo ano, sempre preciso fazer uma nova reclamação, aumentando a papelada. O pior Ă© que nem posso comprar, pois nĂŁo tenho acesso, jĂĄ que nĂŁo sou pessoa jurĂdica”, desabafa o aposentado, com a cĂłpia, em mĂŁos, do processo judicial que se estendeu atĂ© 2017.
HĂĄ 12 anos, o aposentado LuĂs Dias de Oliveira, 74, trava uma luta na Justiça contra a Prefeitura de Juiz de Fora, para que sua filha, Daniele Dias de Oliveira, 31, possa ter condiçÔes de tratar o diabetes tipo 1 – doença crĂŽnica em que o pĂąncreas produz pouca ou nenhuma insulina -, desenvolvido por ela aos 19 anos.
LuĂs conta que, embora a distribuição dos insumos tenha se normalizado em determinados perĂodos, mesmo com mandado judicial, ele novamente vem enfrentando problemas na Secretaria de SaĂșde de Juiz de Fora, para ter acesso aos insumos.
Segundo ele, desde maio, a filha nĂŁo tem recebido os itens necessĂĄrios para dar continuidade adequada ao tratamento. EstĂŁo em falta o MMT 332A – necessĂĄrio Ă bomba de insulina -, e o catĂ©ter MMT 397.
Sobre a situação, a assessoria da Secretaria de SaĂșde explicou que para os pacientes que apresentaram mandado judicial, jĂĄ estĂĄ sendo feito uma compra emergencial, para que a demanda seja atendida “o mais breve possĂvel, dentro da realidade dos trĂąmites do sistema pĂșblico”. Ainda segundo a assessoria, assim que o processo for concluĂdo e o produto entregue Ă Secretaria, serĂĄ dispensado para a paciente.
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