Mãe de estudante morto diz que vai lutar por Justiça
Foi com muita emoção que familiares e amigos acompanharam a missa de sétimo dia em memória do estudante Flávio Luis Lopes Garcia, 16 anos, assassinado com cinco tiros no Bairro Santa Luzia, na Zona Sul, no último dia 26. A celebração, realizada ontem à noite, na Catedral Metropolitana, foi promovida pela mãe do garoto, a agente de turismo Marluce Rocha Lopes Silva, 35. A intenção era reunir todas as mães que perderam seus filhos de forma violenta em 2012, numa tentativa de chamar a atenção das autoridades para a onda de violência que vem dizimando jovens de diversos bairros da cidade, no entanto, apenas a família de Flávio compareceu à igreja.
"Não tive como entrar em contato direto com as outras mães, mas pretendo fazer isso em breve. Estou afastada do trabalho para acompanhar o caso do meu filho, pois se não focar nele agora, cairá no esquecimento", relatou Marluce, que deseja criar uma associação para servir de apoio às famílias de vítimas de assassinatos e de luta pela paz entre os jovens. Ela completou, ainda, que, além da dor da perda, tem cultivado outro sentimento: o de justiça. "A dor que estou sentindo não desejo nem para a mãe de quem tirou a vida do Flávio. Quero que a justiça dos homens e a de Deus seja feita."
Parentes e amigos do garoto entraram na Catedral vestidos com uma camiseta branca, estampada com a foto de Flávio e com os seguintes dizeres: "Te amo tanto! Amor eterno". Antes de colocar a camisa, a mãe vestia uma camiseta branca com o pedido de paz bordado com linha na cor prata. "Flávio nunca saia sozinho de casa. Ele tinha o compromisso de buscar o irmão mais novo, de 1 ano e 6 meses , todos os dias na creche, além de cuidar dos avós, que já são idosos. Ele cursava o 1º ano do ensino médio e queria seguir os mesmos passos do tio, que é policial militar", conta a mãe.
Três amigas de Flávio relataram que, além do adolescente, conheciam outros quatro jovens que perderam a vida recentemente da mesma maneira que o amigo. "Não pode ir matando só porque moram em bairros diferentes. O que eles ganham em tirar a vida de outra pessoa à toa? Temo que as mortes desses meninos se tornem apenas registros ", destacou uma delas, que preferiu não se identificar.
Flávio foi morto por volta das 5h30, enquanto aguardava, junto de amigos, o ônibus para voltar para casa, após um evento em uma casa de show no Salvaterra. Segundo a PM, dois ocupantes de uma moto teriam perguntado de que bairro o grupo era. Após a resposta de que eram do Nossa Senhora das Graças, Zona Nordeste, o condutor teria mandado o carona desembarcar do veículo e atirar contra os jovens. Obedecendo a ordem, o comparsa disparou contra os adolescentes, entre eles, duas garotas, que estavam na via. Flávio foi o único ferido. Ele foi alvejado na cabeça, mandíbula, tórax, braço esquerdo e nádega. Ele chegou a ser levado para o HPS, mas não resistiu.