Funcionários de lanchonete na Itamar deitam no chão em assalto
Roubos a pedestres e a estabelecimentos comerciais no São Mateus têm assustado a população
Dois jovens, de 22 e 23 anos, foram rendidos por um casal armado e obrigados a deitar no chão em assalto a uma lanchonete, na madrugada desta quinta-feira (1º), na Avenida Itamar Franco, próximo à Rua Monsenhor Gustavo Freire, no Bairro São Mateus, na Zona Sul de Juiz de Fora. O crime aconteceu pouco depois das 3h, quando os funcionários já se preparavam para encerrar as atividades. De acordo com informações da Polícia Militar, o criminoso estava armado com revólver e acompanhado da comparsa. A dupla abordou os trabalhadores e roubou vários pertences.
Uma das vítimas teve roubada uma mochila que continha roupas, além de um celular e todos seus documentos. Já do outro jovem foram roubados dinheiro e celular. Também foram pegos R$ 70, um telefone fixo e dois energéticos do estabelecimento comercial. Após realizar a “limpa” nos funcionários, o casal ordenou que eles deitassem no chão. Os bandidos ainda trancaram a porta do estabelecimento antes da fuga. Um dos atendentes conseguiu pular a janela. A chave havia ficado na fechadura pelo lado de fora, e ele conseguiu abrir a porta para libertar o colega e pedir socorro. A PM foi acionada e fez rastreamento na região na tentativa de capturar os assaltantes, mas nenhum suspeito foi localizado.
Assaltos a pedestres e a estabelecimentos comerciais no São Mateus têm assustado a população, principalmente à noite e nas madrugadas. Devido à concentração de bares e lanchonetes na região, os criminosos têm aproveitado a movimentação noturna desses estabelecimentos e o tráfego de pessoas em meio a ruas desertas para cometerem os delitos. Matéria publicada pela Tribuna em 21 de dezembro mostrou que, em um intervalo de apenas quatro horas, três pessoas haviam sido roubadas e outras duas sofreram tentativa de assalto no bairro. Os ladrões agem com força física ou ameaçam as vítimas com facas e até armas de fogo, como no caso da lanchonete.
Na noite do último dia 24, um comerciante, 51, foi rendido por quatro ladrões que usavam máscaras de palhaço em uma lanchonete na Rua Doutor Romualdo. Dois deles portavam armas de fogo. O bando roubou cerca de R$ 1 mil do caixa, além de duas pulseiras e um cordão. O grupo fugiu em um Gol, foi perseguido pela PM, mas conseguiu furar um bloqueio e escapar.
Insegurança
Naquela mesma noite de quarta-feira, uma publicitária, 33, teve seu celular roubado quando transitava falando ao telefone pela Rua São Mateus. Na esquina com a Carlos Chagas, ela foi surpreendida e teve o aparelho arrancado da sua orelha, junto com o brinco. “Eu estava em frente a um bar lotado. Comecei a gritar e correram atrás, conseguiram recuperar meu telefone.” Um tenente da PM que estava no local prendeu um dos suspeitos. Outras viaturas foram acionadas em apoio. Ao todo, uma mulher, 20, e três adolescentes, com idades entre 14 e 17 anos, acabaram detidos. Um simulacro de arma de fogo foi localizado próximo a um canteiro.
Para a publicitária, a ação foi muito ousada, além de tensa. “Sempre evitei andar sozinha em lugares vazios e muito tarde da noite, mas o que aconteceu comigo foi as 20h30 e em uma rua que estava lotada.” O crime mudou sua percepção de “tomar cuidado”. “Antes eu aproveitava os caminhos dos meus compromissos para fazer uma ou outra ligação e mandar mensagens de texto. Ainda mais na São Mateus e na Itamar, que considerava vias tranquilas e seguras por terem sempre bastante fluxo. Agora não vou mais fazer isso. Nem tiro mais o celular da bolsa enquanto estou na rua. Passei a ter medo do meu trajeto. É muito ruim isso.”
PM aponta redução de casos e realização de ações conjuntas
De acordo com o comandante da 32ª Companhia da PM, capitão Marcus Vinicius de Almeida Castro, apesar das ocorrências recentes, está havendo queda significativa de crimes violentos na região do São Mateus. “Em 2017, tivemos redução dos roubos em 20,2%, e, em janeiro de 2018, fechamos com diminuição de 42,8%.”
Segundo ele, o policiamento é setorizado, modelo no qual os militares passam a ter maior responsabilidade territorial em um menor espaço de cobertura, aproximando à comunidade, bem como facilitando o conhecimento sobre os criminosos que agem nos bairros. “Temos atuado com operações conjuntas com a Companhia Independente de Policiamento Especializado, com as blitze da Lei Seca e batidas policiais. Também há ações com a Secretaria de Desenvolvimento Social, por meio das abordagens aos moradores de rua; operação Bar Legal, em conjunto com a SAU e Vigilância Sanitária; Operação Anjo da Guarda, com o Comissariado de Menores; e a Vaga Legal, com a Guarda Municipal.”
Segundo o capitão, as ações têm surtido efeito positivo. “No entanto, deparamos com as mazelas sociais no nosso dia a dia, onde a vida humana carece de maior valor por parte da sociedade. Há necessidade de que a comunidade acorde para o que está acontecendo com as crianças e os adolescentes que estão se perdendo por conta do prazer da droga e da libertinagem. Fiquemos atentos e busquemos juntos uma solução plausível para o que acontece na nossa rotina.”