Dono da JBS grava Temer dando aval para silĂȘncio de Cunha
Os donos da JBS, Joesley Batista e Wesley Batista, disseram em delação Ă Procuradoria-Geral da RepĂșblica (PGR) que gravaram o presidente Michel Temer dando aval para comprar o silĂȘncio do deputado cassado e ex-presidente da CĂąmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), depois que ele foi preso na operação Lava Jato. A informação foi revelada com exclusividade pelo colunista do jornal “O Globo” Lauro Jardim.
Segundo informaçÔes do jornal, o empresårio Joesley Batista entregou uma gravação feita em março deste ano em que Temer indica o deputado Rodrigo Rocha Lourdes (PMDB-PR) para resolver assuntos da J&F, holding que controla a JBS. Depois, Rocha Lourdes foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil, enviados por Joesley.
Em outra gravação, feita com um gravador escondido, tambĂ©m feita em março, Joesley diz a Temer que estava dando a Eduardo Cunha e ao operador LĂșcio Funaro uma mesada para que permanecessem calados na prisĂŁo. Diante dessa informação, Temer diz, na gravação: “tem que manter isso, viu?”. Joesley diz ter gravado conversa com Temer na noite de 7 de março durante reuniĂŁo de cerca de 40 minutos no PalĂĄcio do Jaburu. O executivo disse que comentou detalhes com o presidente da mesada tambĂ©m paga ao lobista LĂșcio Funaro, antigo aliado de Cunha. Os dois estĂŁo presos – o ex-deputado pegou 15 anos e quatro meses de condenação imposta pelo juiz federal SĂ©rgio Moro; o lobista estĂĄ custodiado preventivamente em BrasĂlia.
O ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ) se mostrou “apreensivo” esta semana com a possibilidade de vazamento do teor das delaçÔes dos executivos do Grupo JBS. Em conversa com interlocutores, ele afirmou que “se a JBS delatar, serĂĄ o fim da RepĂșblica”.
Em depoimento aos procuradores da força-tarefa da Lava Jato, Joesley disse que “nĂŁo foi” Temer quem determinou a mesada a Eduardo Cunha. Mas ele afirma que o presidente “tinha pleno conhecimento” da operação pelo silĂȘncio do peemedebista. Os pagamentos ilĂcitos foram monitorados pela PolĂcia Federal. O procedimento Ă© denominado “ação controlada” – com autorização judicial, agentes seguem os alvos, fazem filmagens e gravaçÔes ambientais. Um repasse filmado foi de R$ 400 mil para uma irmĂŁ de Funaro, Roberta.
Na delação de Joesley, o senador AĂ©cio Neves (MG), presidente do PSDB, Ă© gravado pedindo ao empresĂĄrio R$ 2 milhĂ”es. A entrega do dinheiro a um primo de AĂ©cio foi filmada pela PolĂcia Federal (PF). A PF rastreou o caminho do dinheiro e descobriu que foi depositado numa empresa do senador Zeze Perrella (PSDB-MG). AtĂ© o fechamento desta edição, nem Temer nem AĂ©cio haviam se manifestaram ainda sobre a declaração. A defesa de Eduardo Cunha informou que nĂŁo se pronunciarĂĄ.