Apostas on-line levam 1 em cada 3 jovens a desistir da faculdade
Impacto financeiro das bets já faz alunos trancarem cursos e atrasarem mensalidades, principalmente nas classes B e C

Os gastos com apostas online estão afastando milhares de jovens brasileiros do ensino superior. Segundo levantamento da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes) e da Educa Insights, 34% dos jovens de 18 a 35 anos afirmam que precisariam ter interrompido as apostas para iniciar uma graduação no primeiro semestre de 2025.
O estudo, intitulado O impacto das bets na educação superior, ouviu 2.317 pessoas de todas as regiões e classes sociais em março de 2025. Os dados revelam que a prática de apostar tem comprometido não só o ingresso, mas também a permanência nos cursos: 14% dos alunos de instituições privadas já atrasaram mensalidades ou trancaram a matrícula por causa dos gastos com bets. Entre as classes B1 e B2, o índice sobe para 17%.
Gastos pesados e renda comprometida
A pesquisa aponta que os valores investidos em apostas variam conforme a classe social. Jovens da classe A destinam, em média, R$ 1.210 por mês às plataformas de betting. Já nas classes D e E, o gasto médio é de R$ 421 mensais.
A maioria dos apostadores compromete até 5% da renda mensal com as bets. No entanto, o levantamento mostra um aumento no número de pessoas – especialmente das classes mais baixas – que destinam mais de 10% do orçamento familiar a essa atividade.
Diferenças regionais e projeções preocupantes
Nordeste e Sudeste concentram as maiores proporções de jovens que adiaram os estudos por causa das apostas: 44% e 41%, respectivamente, relataram que as bets impactaram diretamente os planos de ingressar na faculdade. No Sul e no Centro-Oeste, os índices são menores, de 17% e 18%.
O cenário se mantém preocupante para o futuro próximo. A projeção da pesquisa é que, entre os quase 2,9 milhões de potenciais novos universitários no primeiro semestre de 2026, cerca de 986 mil (34%) estejam em risco de não efetivar a matrícula devido ao comprometimento financeiro com apostas.
O perfil dos apostadores
O estudo traçou o perfil mais comum entre os apostadores que impactam a própria educação: homens de 26 a 35 anos, trabalhadores, com filhos, pertencentes às classes C e D e egressos de escolas públicas. Mais da metade (52%) aposta regularmente, com frequência de uma a três vezes por semana – um aumento em relação à edição anterior da pesquisa, em setembro, quando 42,9% tinham essa rotina.
Preocupação e alerta
“O estudo mostra que as apostas online se tornaram um obstáculo adicional para o acesso à educação superior no Brasil”, afirma Paulo Chanan, diretor geral da Abmes. Para ele, o fenômeno ainda é recente no país e requer ações de conscientização. “Precisamos olhar com seriedade para esse cenário e desenvolver políticas públicas que orientem os jovens sobre as responsabilidades envolvidas com a prática de apostar”, acrescenta.
*Texto reescrito com o auxílio do Google Gemini e revisado por nossa equipe