Apologia a imunidade de rebanho é um dos maiores crimes, aponta presidente da CPI da Covid

Segundo especialista, 375 mil poderiam ter sido poupadas se o Brasil adotasse medidas preventivas


Por Amanda Pupo, Daniel Weterman e Matheus de Souza (Agência Estado)

11/06/2021 às 18h47

O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), classificou o que chamou de “apologia a imunização de rebanho” como um dos maiores crimes já cometidos no Brasil. Para o senador, a atuação da comissão fez “empatar o jogo” com aqueles que defendem desde o início da pandemia medidas como o tratamento precoce e a imunidade de rebanho. “Desde o primeiro momento (da CPI), vimos que o Governo nunca teve interesse em comprar as vacinas, protelou ao máximo para comprar, se interessou por tratamento precoce”, disse o presidente da CPI na sessão de depoimento do médico sanitarista Cláudio Maierovitch e da microbiologista Natalia Pasternak.

Para Aziz, antes de o colegiado começar os trabalhos, o Brasil estava perdendo por “7 a 1”, uma vez que o contraponto às teses de imunidade de rebanho e do tratamento precoce não tinha o alcance que a CPI conseguiu promover, na visão do senador. “Quando iniciamos, o Brasil estava perdendo de 7 a 1, porque o contraponto à imunização de rebanho e ao tratamento precoce, por mais que os especialistas falassem na televisão, não tinha alcance que CPI teve para chegar à população brasileira. Nós empatamos esse jogo, porque eles continuam ainda prescrevendo esse medicamento, fazendo apologia ao tratamento precoce, à imunização de rebanho”, afirmou o senador.

Aziz quis saber a avaliação dos especialistas sobre a “importância” da CPI para o país. “Está sendo de extrema importância para trazer a ciência ao debate público”, respondeu Pasternak, que é pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP). “Há uma expectativa de que o poder legislativo brasileiro, representado por essa CPI, consiga produzir um contraponto à ausência de políticas públicas para enfrentar a pandemia”, disse Maierovitch, que já foi presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

“Espero que um dia a história faça justiça, espero que muito antes disso, vocês e os poderes investidos façam justiça a tempo de a gente ter menos mortes e sofrimento”, afirmou mais cedo o sanitarista.

Especialistas afirmaram durante o depoimento que a conduta do presidente Jair Bolsonaro fez o número de mortes por Covid-19 aumentar no país. Na quinta-feira, 10, o Brasil ultrapassou a marca dos 480 mil óbitos pela doença desde o início da pandemia.

Pasternak e Maierovitch apresentaram estudo do epidemiologista da Universidade Federal de Pelotas (UFP) Pedro Hallal apontando que, no caso de 500 mil mortes pela Covid, 375 mil poderiam ter sido poupadas se o Brasil adotasse medidas preventivas orientadas por especialistas e praticadas em outros países, como isolamento social, vacinação e campanha de comunicação coordenada.

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.