Zelensky faz apelo a líderes globais após ataque a usina nuclear

Presidente ucraniano disse que se houver explosão da usina de Zaporizhzhia, que pegou fogo, será “o fim da Europa”


Por Agência Estado, com agências internacionais

04/03/2022 às 08h59

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelensky, fez um apelo emocionado na madrugada desta sexta-feira (4), horário de Brasília, aos líderes globais, para que pressionem a Rússia pelo fim dos ataques ao país. O discurso ocorreu após a usina nuclear de Zaporizhzhia ter sido bombardeada e pegar fogo.

“Se houver uma explosão (da usina), será o fim para todos. O fim da Europa. A evacuação da Europa”, disse Zelensky. “Apenas uma urgente ação da Europa pode parar as tropas russas. Não permitam a morte da Europa a partir de uma catástrofe em uma usina nuclear”, afirmou o líder ucraniano.

O incêndio, porém, foi controlado, e tropas russas assumiram o controle da usina nuclear. Apesar do bombardeio e do incêndio, os reatores nucleares de Zaporizhzhia não foram atingidos, e o nível de radiação na região é normal, segundo informações repassadas por autoridades ucranianas à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). A usina nuclear é a maior da Europa e responde por 25% da geração de energia na Ucrânia.

Após o ataque, Zelensky falou com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e com outros líderes europeus para renovar os apelos por ajuda na guerra contra a Rússia.

Reatores não foram atingidos, diz agência atômica

Apesar de cidades estratégicas estarem sob cerco russo e embates continuarem ocorrendo pelo país, o nono dia de conflito começou com uma redução de tensões, após o incidente na usina não ter escalado para uma catástrofe nuclear.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) disse que não há sinal de vazamento radioativo. Segundo a agência, os equipamentos essenciais da usina e os reatores de Zaporizhzhia não foram afetados pelo fogo e não há variação nos níveis de radiação.

De acordo com o diretor da agência, Rafael Grossi, o ataque atingiu um prédio de treinamento, e os reatores nucleares não foram afetados. Houve um incêndio em um prédio onde os funcionários da usina eram treinados, informou o porta-voz da usina.

Cerco da Rússia a cidades da Ucrânia cria 1 milhão de refugiados em 8 dias

Em apenas uma semana de conflito, o cerco da Rússia a cidades ucranianas já deixou mais de um milhão de refugiados – mais da metade buscou proteção na Polônia. É o êxodo mais rápido do século, disse nesta quinta a Agência da ONU para Refugiados (Acnur). A estimativa mais conservadora é que o número possa chegar a quatro milhões de deslocados se a guerra continuar, o que equivale a 10% dos 44 milhões de habitantes da Ucrânia.

A diáspora de ucranianos pode se tornar a pior crise humanitária da Europa em um século, superando o número de refugiados da Síria e de outros países de Oriente Médio e Norte da África. Durante a guerra civil síria, que teve seu auge em 2015, cerca de 1,3 milhão de pessoas pediram asilo na Europa.

“Agora, em apenas sete dias, um milhão de pessoas fugiram da Ucrânia, arrancadas de suas raízes por esta guerra sem sentido”, disse o diplomata italiano Filippo Grandi, alto comissário da ONU. “Trabalhei em emergências de refugiados por quase 40 anos e raramente vi um êxodo tão rápido quanto este.”

Se a luta se prolongar e os ucranianos continuarem a migrar no ritmo atual, essa pode ser a maior crise de refugiados desde a 2 ª Guerra, disse Philipp Ther, professor de história da Europa Central na Universidade de Viena. “Isso chegaria à escala da situação do pós-guerra”, afirmou.

A fuga em massa para o oeste vem causando filas de até 24 horas nos postos de controle ao longo das fronteiras da Ucrânia com Polônia, Moldávia, Hungria, Eslováquia e Romênia, e provocando uma intensa resposta humanitária por parte de governos e da sociedade civil nos países vizinhos.

Os refugiados estão sendo abrigados em escolas adaptadas, em apartamentos particulares, acampamentos improvisados, centros de conferência, vinícolas de luxo e até mesmo na casa de um deputado moldávio. “Não sabemos para onde estamos indo”, disse Anna Rogachova, de 34 anos, dona de casa de Odessa, cidade ucraniana no Mar Negro, minutos depois de cruzar para Moldávia com sua filha de 8 anos na manhã de terça-feira. “E não sabemos quando voltaremos.”

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