Fatias de limão: aprenda a fazer uma receita regada a memórias afetivas
Luciana e Andréia Mazocoli, do Amorita, ensinam o preparo do bolo de raspas de limão, uma receita da avó, cujo nome batiza o café
Bem ali em frente a uma banca de jornal, na Rua Oscar Vidal, no Centro de Juiz de Fora, tem uma portinha que guarda algumas surpresas. É que ao abri-la muda o clima, o cheiro, o barulho: todas as sensações. É como ser teletransportado a um outro lugar em fração de segundos. Assim que se entra, encontra-se Andréia Mazocoli: uma psicóloga que continua, neste lugar, ocupando uma cadeira. Desde outubro, entretanto, ela é um pouco maior, em um lugar diferente, que recebe pessoas diferentes, sem horário marcado. Logo atrás dela, sua irmã, Luciana: ela também trocou o consultório de fisioterapia pelas alquimias de uma cafeteria, os pacientes pelos sedentos por um bom café ou bolo quentinhos (gelados também, a depender do gosto). As duas, em maio do ano passado, decidiram seguir um caminho novo. “Foi uma ruptura brusca com tudo o que a gente já tinha construído. Foi preciso um bocado de coragem”, admite Andréia. Toda essa coragem foi destinada à construção do Amorita: um café que é, na verdade, um lugar de memória e surpresas. Um lugar afetivo das receitas à recepção.
O nome Amorita não foi difícil de escolher: é o nome da avó materna das irmãs. Um nome diferente, que a própria Amorita tinha um pouco de birra, já que só conhecia uma outra pessoa chamada assim, que, no caso, era uma prima. À Luciana e Andréia, o nome representa as melhores memórias que elas guardam: a casa cheia de primos e tios, com cheiro de bolo e cafés fresquinhos. Foram essas histórias que impulsionaram as duas a largarem mão das profissões para mergulhar na cafeteria, uma paixão antiga que elas sempre compartilharam.
Luciana é quem cozinha. Andréia assume que só experimenta. Foi, inclusive, com Amorita que Luciana aprendeu a cozinhar, sempre curiosa com os preparos, na coxia da cozinha. O sonho de abrir um negócio já é antigo, e uma cafeteria vinha ao encontro a tudo. O nome, então, não poderia ser outro, porque elas afirmam que tudo o que é feito no local, de certa forma, tem como referência as receitas da avó. Foi Luciana, inclusive, quem herdou o caderno de receitas.
Dentro desse caderno, tem o primeiro bolo que Luciana fez na vida, sob supervisão, é claro, de Amorita. Chama-se fatias de limão. Na casa da avó tinha um limoeiro. Elas lembram que todo dia, quando os primos se reuniam na casa da matriarca, saia o bolo de limão e um café. Apesar de não vendê-lo no Amorita, lá tem um de laranja que foi baseado no de limão, assim como grande parte das outras receitas.
É um bolo que tem história: como tudo por lá. Não à toa, o que as irmãs querem é que as pessoas se conectem em torno do café, essa bebida democrática. Por lá, o cardápio é todo pensado tendo como base o que elas chamam de a força do simples: um cardápio clássico, com algumas releituras, mas sem abrir mão do que é realmente simples.
Fatias de limão
Por Luciana e Andréia Mazocoli
Ingredientes
3 ovos
¾ de 1 copo de leite
2 xícaras de açúcar refinado
7 colheres de sopa de manteiga
7 colheres de sopa de farinha de trigo
2 colheres de sopa de amido de milho
1 colher de sopa de fermento em pó
raspas de limão
Modo de preparo
Bata as claras em neve e reserve. Bata as 3 gemas com o açúcar e a manteiga. Acrescente as 7 colheres de farinha de trigo, o amido de milho e o leite em temperatura ambiente. Bata a mistura de novo. Coloque o fermento e misture bem sem bater. Acrescente as claras batidas misturando bem, mas também sem bater. Coloque na assadeira untada e polvilhada. Asse em 200 graus.
Assim que sair do forno, espalhe sobre o bolo a calda de 1 ou 2 limões misturado com bastante açúcar até ficar bem grosso. Espalhe logo, assim que tirar do forno. Partir em quadrados e servir com cafezinho.