Cesama: planejamento para contornar crises e não comprometer o abastecimento

A crise hídrica que atingiu a região Sudeste do Brasil entre os anos de 2014 e 2015, provocada pela escassez de chuvas que causou baixa nos mananciais responsáveis pelo abastecimento, trouxe consequências drásticas aos municípios mineiros, dentre eles, Juiz de Fora. Nesta época, relativamente recente, a cidade esteve imersa em um cenário sem precedentes na sua história: o racionamento de água, que durou 15 meses – de 17 de outubro de 2014 a 25 de janeiro de 2016. O acontecimento mudou a forma como a Companhia de Saneamento Municipal (Cesama) deveria atuar para que o abastecimento não ficasse comprometido caso o cenário viesse a se repetir novamente.

A primeira lição que a crise hídrica deixou para a companhia, segundo o diretor de Desenvolvimento e Expansão da Cesama, Marcelo Mello do Amaral, é que o planejamento precisa ser feito com bastante antecedência, pois as intervenções demandam tempo, e existe um espaço para o uso racional da água, com economia e reutilização do produto. Foi assim que, a partir de 2014, a Cesama iniciou uma série de investimentos que trouxeram inúmeros benefícios para a população (ver linha do tempo). Entre os mais relevantes estão aqueles que envolveram a Represa de Chapéu D’Uvas: a construção da adutora em 2014 e a interligação dela à Estação de Tratamento de Água (ETA) Marechal Castelo Branco, em 2017. Marcelo avalia que, do ponto de vista de infraestrutura, a Cesama aumentou significativamente sua capacidade de captação com essas duas intervenções, inclusive a redundância para as estações de tratamento. “Assim, a Cesama não ficará sujeita à situação de 2014, que foi falta de matéria prima para tratamento e distribuição”, relembra.

Mas um dado que chama a atenção da companhia é o consumo por parte do usuário. Antes da crise hídrica, em 2013, o consumo diário per capita era de 158,8 litros. Em 2015 atingiu o menor volume nestes seis anos – 144,6 -, vindo a subir nos anos seguintes, até que, neste 2019, o consumo bateu a casa dos 160,3. “Se observarmos os mananciais, estamos em uma situação dentro da normalidade para a época do ano. Em termos de chuvas, a previsão é a de que fique dentro do acumulado de 12 meses, então, não é algo que preocupe a Cesama neste momento. O que temos observado é uma irregularidade de chuvas em um curto prazo, alternando períodos de seca e de chuva ao longo do tempo. Estamos voltando ao mesmo patamar de consumo de 2013, e precisamos rever essa utilização de forma mais consciente, já pensando no futuro, no que tange às questões relativas a água e ao meio ambiente”, ressalta.

• Investimentos feitos pela Cesama que contribuíram para reforçar o abastecimento

• Booster do Parque de Exposições

A Cesama finalizou as obras da estação de bombeamento (Booster) do Parque de Exposições. A unidade aumentou a oferta da água distribuída em Juiz de Fora, reforçando o abastecimento, principalmente nos períodos de maior consumo, além de ter viabilizado sua futura interligação com a região da Cidade Alta, no Bairro São Pedro. O booster é composto por dois conjuntos motrizes em paralelo, mais um de reserva, com potência de 600 cavalos e vazão de 600 litros por segundo cada. Esta estação funciona de acordo com a demanda, aumentando a velocidade da água nas tubulações e, consequentemente, na oferta do produto, podendo chegar a uma vazão de mil litros por segundo.

• Captação e Adutora de Chapéu D’Uvas

Composta por mais de 17 quilômetros de tubulação, a adutora sai da barragem até chegar à Estação de Tratamento de Água Walfrido Machado Mendonça (ETA CDI), onde a água é tratada e distribuída. A adutora tem capacidade de adicionar ao sistema da cidade cerca de 900 litros de água por segundo, reforçando o abastecimento em todo o município. A obra representou um investimento de mais de R$ 37,5 milhões em abastecimento e proporcionou um acréscimo de 60% na capacidade produtiva do município, garantido água para toda a cidade.

• Sistema de Bombeamento da UFJF

A finalização desta obra permitiu bombear água do sistema central diretamente para a Cidade Alta, reforçando o abastecimento da região, principalmente em momentos de maior consumo.

• Interligação da Adutora de Chapéu D’Uvas à estação de tratamento

Houve a interligação da adutora de Chapéu D’Uvas à Estação de Tratamento de Água (ETA) Marechal Castelo Branco. Esta obra teve como objetivo aumentar a flexibilidade operacional do sistema, além de representar um ganho de produtividade na unidade de tratamento devido à melhor qualidade do manancial de Chapéu D’Uvas quanto à turbidez e à estabilidade. Desta forma, a Represa João Penido pode ser poupada quando necessário. A adutora tem uma extensão de 6.450 metros, sendo composta por tubos de ferro fundido, com 600 milímetros de diâmetro. Com a obra, a ETA Marechal Castelo Branco, que tratava a água da Represa Dr. João Penido, hoje pode operar, também, com a água vinda de Chapéu D’Uvas.

Perspectivas para 2020

Para o próximo ano, a Cesama planeja continuar investindo nas obras de ampliação da ETA CDI, para aumentar a capacidade de produção para mil litros/segundo (l/s), e da ETA Castelo Branco, para elevar a produção de 800l/s para 1.200l/s. Com isso, a projeção é aumentar a produção para 2.260 l/s, volume 56% maior se comparado a 2013, e a captação para 2.450 l/s, 57% maior do que era realizado em 2013. Outro objetivo é ampliar em 15% a capacidade de reservação.
Na estação Castelo Branco, a companhia seguirá com a reforma dos filtros, cujo início foi antecipado para este ano. A companhia ainda planeja focar na Subadutora de São Pedro, reduzindo a dependência da Represa de São Pedro de outros mananciais, e na 4ª Adutora de Água Tratada, para ampliar a capacidade de transporte da produção das ETAS para o sistema de distribuição, melhorando o fornecimento de água para a cidade.

Endereço: Avenida Getúlio Vargas, 1.001, Centro
Telefone: 115
Horário de funcionamento: segunda a sexta, das 7h30 às 17h30
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