Santa Helena, um dos mais cobiçados
Região está entre as mais valorizadas da cidade; proximidade com o Centro é um dos principais atrativos
A localização privilegiada é o principal diferencial que tornou o Bairro Santa Helena um dos mais procurados para se viver em Juiz de Fora. A oferta de terrenos para a construção de edificações é pequena se comparada a outros bairros da cidade e, por não acompanhar a demanda dos juiz-foranos, faz o local ser ainda mais cobiçado, conforme informações do setor imobiliário.
Ruas arborizadas, maior tranquilidade em relação a outras regiões e a proximidade com o Centro, o que permite aos moradores o acesso a uma rede completa de comércio e serviços, são aspectos diferenciadores. Dentre as construções que integram a identidade do bairro estão a Igreja Greco-Católica Melquita, um dos cartões postais da cidade pelo estilo arquitetônico e a menção à cultura sírio-libanesa, e o Colégio de Aplicação João XXIII, referência de ensino.
O Santa Helena está entre as localidades mais valorizadas do município, segundo o portal Agente Imóvel, que mapeia preços em todo o país. O valor médio do metro quadrado para a venda está calculado em R$ 5.014, o quarto mais caro de Juiz de Fora, atrás de Alto dos Passos (R$ 5.207), Bom Pastor (R$ 5.065) e Centro (R$ 5.037). O preço médio das residências à venda é de R$ 738.534.
A oferta imobiliária inclui apartamentos de tamanhos variados. “Há imóveis de dois, três e até quatro quartos, tanto para venda quanto para locação. O principal perfil dos moradores é a família com filhos”, diz o delegado do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci) na Zona da Mata, Reinaldo Fontes. As casas são opções mais raras de moradia, já que a maior parte tem sediado negócios do setor de serviços, enquanto outras foram demolidas para a construção de novas edificações.
Na avaliação do empresário Wilson Rezende Franco, sócio do Grupo Rezato, que possui dois recentes lançamentos no local, a dificuldade em encontrar terrenos disponíveis faz com que a oferta não consiga suprir a demanda criada pelos juiz-foranos. “O bairro é o mais procurado nos últimos 15 anos por conta da excelente localização. O morador garante uma tranquilidade maior em relação ao Centro, mas está a poucos minutos de tudo o que ele oferece, podendo até mesmo ir a pé.”
Tranquilidade de bairro com proximidade da região central
Estas foram algumas das questões analisadas pelo jornalista Douglas Fasolato quando decidiu se mudar para o Santa Helena, em 1998. “A escolha se deu por conta da grave deterioração da qualidade de morar na Rua Halfeld, por causa da insegurança e do barulho. Desta forma, optamos por um bairro próximo, que possibilitasse o deslocamento fácil e sem carro, que oferecesse mais segurança e silêncio.”
O servidor público Adriano Sousa destaca a facilidade de acesso que a Rua Olegário Maciel propicia a diferentes pontos da cidade. “Além do Centro, há uma facilidade de deslocamento para a UFJF e a região do Bairro Jardim Glória. Para quem tem família com crianças, esta praticidade é muito importante”, diz ele, que há 12 anos mora no Santa Helena com a mulher e os dois filhos. “Nos horários de pico, o tráfego é intenso e o trânsito fica mais lento, mas, ainda assim, a Olegário é um eixo importante de ligação na cidade.”
Necessidades
Questões de mobilidade fazem parte dos impactos sociais e estruturais que o bairro sentiu com o crescimento da cidade. “Há muitos motoristas que estacionam em local proibido”, conta Douglas. “É preciso que o poder público fiscalize o trânsito e a ocupação, pois temos visto problemas com construções irregulares que não respeitam os recuos frontais e laterais”. Ele defende, ainda, o aumento da segurança, o reestabelecimento da arborização na Rua Tiradentes, e a manutenção mais frequente das vias, passeios e praça para a garantia da qualidade de vida no bairro. Na avaliação de Adriano, é preciso intervenções para que as famílias voltem a ocupar a praça. “É um local arborizado e com muito potencial para entreter os moradores, mas ainda é subutilizado.”
Rede de serviços é promissora
Há 12 anos, a família da técnica em enfermagem Janaína Dias também mora no bairro. “É um bom local para se morar, pois é mais calmo por ser residencial.” Ela destaca que a pequena infraestrutura de comércio e serviços é capaz de atender os moradores. “Temos padaria, supermercado, colégio, cursos e escritórios que movimentam a região. O grande facilitador é que para qualquer outra necessidade estamos muito perto do Centro.”
O presidente do Sindicato do Comércio de Juiz de Fora (Sindicomércio-JF), Emerson Beloti, explica que o Santa Helena mantém características da ocupação inicial feita na cidade. “A Avenida Rio Branco dividiu a parte baixa das ruas em comercial e a parte de cima em residencial”, explica. Segundo ele, nos bairros residenciais, a concentração de serviços é crescente. “Na região do Santa Helena, observamos a presença de segmentos em saúde, estética e educação. Com certeza, é uma área promissora para o setor de serviços.”
Identidade cria memória afetiva
Até mesmo quem nunca morou no Santa Helena guarda boas lembranças do bairro. “Frequentei as festas da Igreja Melquita na minha adolescência. Era um evento que atraía gente de toda a cidade, realizado com segurança. Foi uma época muito boa em que reunia com amigos que ficaram para vida toda”, conta a assistente administrativo Renata Souza, moradora do Bairro Manoel Honório. “Até hoje quando passo por ali, recordo com carinho daquela época.”
Localizada na Rua São Sebastião, 1.300, a Igreja Melquita foi construída em 1950 por imigrantes sírios e libaneses. Com pouco espaço para a erguer o templo, foi preciso criar uma estratégia arquitetônica para aproveitar a área, o que deu um formato “arredondado” para a edificação, que ficou popularmente conhecido como “disco voador”. Internamente, a igreja possui ícones que representam passagens bíblicas por meio da simbologia, utilizando cores e significados. Como toda igreja católica do rito bizantino, na área do altar existe um painel em que os ícones ficam dispostos.
João XXIII
O Colégio de Aplicação João XXIII, situado na Rua Visconde de Mauá, é outra referência afetiva do bairro. “Foram 11 anos de estudo, que contribuíram para minha formação acadêmica e humana. O colégio me despertou desde cedo a vontade de querer aprender mais, descobrir coisas novas”, diz o ferroviário Rodrigo Aguiar, que passou a maior parte da vida acadêmica na instituição.
“Por ser uma referência de ensino, o João XXIII sempre atraiu alunos de diferentes regiões da cidade. Na época, eu morava no Bairro Cidade do Sol, na Zona Norte, e atravessava a cidade para estudar. Passava a maior parte do meu dia na escola. Guardo muitas boas memórias de lá.”