BYD Shark surpreende no desempenho mas pesa no bolso
Picape foi lançada no Brasil e traz tecnologia híbrida plug-in, com baterias recarregáveis em tomadas
O segmento de picapes médias acaba de ganhar um concorrente de peso. A BYD lançou no Brasil a Shark, primeiro modelo do tipo, que traz um diferencial único em relação às rivais – trata-se da primeira híbrida plug-in, com baterias que podem ser recarregadas em tomadas. Porém, pesa contra o preço, de R$ 379.800, e o fato de o motor a combustão ser apenas a gasolina.
Para saber do que a novata é capaz, o Jornal do Carro rodou cerca de 940 quilômetros com ela, entre os estados de Goiás, Minas Gerais e São Paulo. Durante o trajeto, quase que totalmente em rodovias, saímos de Goiânia com destino a Uberaba (MG), nossa primeira parada.
Partimos com o tanque cheio e cerca de 60% da capacidade das baterias, sob chuva. No primeiro contato com a Shark, chama a atenção o tamanho. São 5,47 metros de comprimento, 1,97 metro de largura, 1,92 m de altura, e 3,62 m de distância entre os eixos.
Para comparação, a Toyota Hilux mede 5,34 m, 1,86 m, 1,81 m e 3,09 m, respectivamente. O amplo espaço interno da Shark, inclusive para quem vai atrás, contribui para o conforto também dos passageiros.
Na cabine, a qualidade do acabamento agrada. A picape tem painel digital de 10,25 polegadas e central multimídia com tela giratória de 12,8″, além de conexão sem fio com Apple CarPlay e Android Auto.
Também há carregador de celular por indução, seis air bags, bancos com ventilação e head-up display, entre outros. O sistema projeta vários dados no para-brisa e ajuda o motorista a manter o foco na via.
Porém, a central multimídia pouco intuitiva pode neutralizar essa virtude. Isso porque vários comandos, como os da ventilação, são ativados por meio da tela e difíceis de acessar. Assim, sua operação acaba comprometendo a segurança.
Em movimento
Ao dar a partida, o silêncio impera. Nas arrancadas, o que move a picape é o motor elétrico – o 1.5 só entra em ação quando o motorista afunda o acelerador. Apesar do porte avantajado, a dirigibilidade agrada – a picape é firme em curvas. Entretanto, a suspensão não filtra totalmente as irregularidades do piso. Com a caçamba vazia, a traseira trepida em ondulações no asfalto, exigindo cautela.
Seja como for, no desempenho a Shark surpreende, graças ao conjunto híbrido, que une o 1.5 turbo a dois motores elétricos e entrega 437 cv de potência e 65 mkgf de torque. No modo Sport de condução – há também o Eco e o Normal, toda a força fica disponível para o motorista. A tração integral ajuda a manter a picape sob controle.
Um aspecto que precisa ser melhorado é a aferição de consumo. No computador de bordo, a Shark, assim como outros carros da BYD vendidos no Brasil, apresenta medição de litros de gasolina queimados a cada 100 km (L/100 km). No melhor resultado aferido no painel, a picape rodou em torno de 9,7 l/100 km, o que dá cerca de 10,3 km/l. Portanto, são números próximos aos da Ford Ranger com motor V6 turbodiesel, por exemplo.
Além disso, o sistema elétrico plug-in, que é muito vantajoso na cidade, mostrou ser inócuo na estrada. Os poucos pontos de recarga ao longo do caminho ou estavam ocupados ou tinham sistema de carga lenta. Em um deles, em Uberaba (MG), a estimativa era de até quatro horas para repor 100% da energia das baterias.
Vale lembrar que a Shark tem sistema de regeneração de energia em frenagens. Porém isso só ocorre de forma efetiva em desacelerações severas. Seja como for, a BYD informa que a picape pode rodar até 100 quilômetros apenas no modo 100% elétrico. A autonomia total combinada é de 840 quilômetros, de acordo com dados da marca.
Pelo posicionamento, a BYD quer fazer da Shark um ponto fora da curva entre as picapes médias. Porém, dificilmente vai ameaçar o reinado da Hilux, líder de vendas do segmento e tabelada a R$ 371.390 na versão mais cara, GR-Sport. Afinal, pesa a favor da Toyota seu motor ser turbodiesel. Bem como a fama de ser difícil de quebrar e ter boa revenda.
Ficha técnica
BYD Shark
Preço sugerido R$ 379.800
Motor 1.5 turbo, gas + 2 elétricos
Potência total 437 cv
Torque total 65 mkgf
Tração 4×4, por demanda
Comprimento 5,47 metros
Largura 1,97 metro
Volume caçamba 1.200 litros
Capacidade de carga 790 kg
Prós e contras
Prós – Desempenho
Trem de força garante boas respostas em arrancadas e retomadas de velocidade e cabine muito ampla;
Contras – Posicionamento
Além do preço alto, motor só a gasolina pode limitar uso fora das grandes cidades.