Quem cuida do planeta? Conheça a história de Carlos Ribeiro, funcionário há 30 anos no Parque Estadual do Ibitipoca
Desde os 18 anos, Carlos colabora para manter vivo o patrimônio natural para as novas gerações
Nas últimas décadas, a pauta ambiental se tornou cada vez mais presente e urgente. Muito se discute sobre os efeitos das mudanças climáticas, que estão sendo sentidos em diferentes regiões do mundo, e a busca por alternativas. Quando lemos notícias sobre meio ambiente, nos preocupamos com o futuro, com as novas gerações, mas e quem está por trás, trabalhando pela conservação dos biomas brasileiros?
Em homenagem ao Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado na última quarta-feira (5), a Tribuna percorreu a Zona da Mata em busca de histórias de pessoas que têm suas trajetórias marcadas pelas ações ambientais que desempenham. O primeiro personagem desta série é o funcionário do Parque Estadual do Ibitipoca Carlos Ribeiro, que, desde os 18 anos, colabora para manter vivo o patrimônio natural para as novas gerações.
Muito antes de usar o uniforme de funcionário do Parque Estadual do Ibitipoca, o monitor ambiental Carlos Ribeiro explorava as grutas e as cachoeiras por pura diversão. Era brincadeira de criança correr pelas trilhas, seguir o curso d’água e, vez ou outra, se deparar com um animal silvestre. Hoje, aos 48 anos, Carlos mantém o brilho nos olhos e a curiosidade da infância. Mesmo trabalhando há 30 anos no parque, ele afirma que cada dia é diferente e sempre há novas coisas por descobrir.
Ser funcionário da unidade de conservação, que fica no Distrito de Conceição do Ibitipoca, em Lima Duarte, foi seu primeiro emprego. O pai de Carlos já trabalhava para o Instituto Estadual de Floresta (IEF) de forma terceirizada e, assim que o filho fez 18 anos, conseguiu um cargo para ele também. “Foi o tempo de eu arrumar as papeladas e, no dia seguinte, já estava trabalhando aqui. Isso foi em 1994 e estou aqui até hoje”, conta.
Lá ele já fez de tudo, já trabalhou na portaria, no Centro de Visitantes e atualmente atua na parte ambiental, sua favorita. “É a que eu mais gosto de fazer. Gosto muito de estar em contato com a natureza, tudo o que for dentro da mata, dentro de gruta, eu adoro. Além de acompanhar pesquisadores, assim você aprende muita coisa.” Sua rotina é não ter rotina. A cada dia que chega é uma demanda diferente. Carlos conta que atua como guia para acompanhar pesquisadores, no manejo de trilhas e nas funções que aparecem no dia a dia da unidade de conservação. No momento, ele tem acompanhando muitos espeleólogos que estão realizando o mapeamento das grutas no parque.
Pelas grutas de Ibitipoca Carlos afirma nutrir uma verdadeira paixão. “Eu adoro, acho um outro mundo dentro das cavernas. Aqui tem bastante, algumas que ninguém nunca foi, então nós estamos descobrindo.” Numa dessas, ele chegou a se perder com outros exploradores. A história, para ele, é uma das mais emocionantes que já viveu dentro do parque. “Foi na gruta das Bromélias, estávamos eu e outros dois pesquisadores. A gente foi entrando, entrando, até que chegou um momento que percebemos que estávamos perdidos. Bateu um desespero. Nos sentamos, respiramos, e fizemos o caminho de volta. Até que encontramos uma claraboia e achamos a saída da gruta. Foi um momento bem emocionante, uma aventura.”
Proteger para as futuras gerações
Trabalhar com conservação ambiental, para Carlos, possui a importância de manter vivo o patrimônio para as novas gerações. “Eu sinto que nossa função é cuidar da biodiversidade do parque, já que é um dos poucos lugares do país que é bem preservado. Então cabe a nós protegermos esse patrimônio e explicar para os turistas o motivo de termos tanto cuidado com esse ambiente. A nossa missão é que as próximas gerações, nossos filhos, netos, possam vir aqui e encontrar as belezas preservadas, quem sabe até mais preservadas do que nós temos hoje.”
Trabalhar no parque é a realização de um sonho, é seguir o mesmo caminho que seu pai trilhou. Conforme Carlos, o sentimento é de orgulho por colaborar com a proteção de uma área que, apesar de ser procurada por turistas e pesquisadores do mundo todo, ele considera como quintal de casa. “É gratificante, muito bom. Eu me sinto super bem, não tem como me sentir mal trabalhando em um lugar como esse, com belezas únicas como essas. Comparado com outros trabalhos, né? Quem tem uma vista dessas? É uma benção, e aqui eu sou muito feliz.”