Até mais, e obrigado pelos peixes

Por Júlio Black

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Oi, gente.

Chegou a hora de dizer “até mais, e obrigado pelos peixes”. Depois de mais de sete anos e trezentas e tantas publicações (deu preguiça de contar), a coluna se despede da Tribuna de Minas. Pude compartilhar com as ah migas, os ah migos e ah migues, desde 2015, as minhas considerações consideráveis sobre o que havia de legal na música, séries, cinema, quadrinhos e literatura.

Foi, ainda, um período feliz em que pude resgatar memórias afetivas, compartilhar a alegria com a chegada de Antônio, O Primeiro de Seu Nome, escrever sobre expectativas e fazer séries como a dos 20 álbuns clássicos ou dos artistas islandeses. Tenham certeza de que me diverti, e muito, por poder escrever sobre tantas coisas que gosto; afinal, sempre digo que uma das melhores coisas da vida é poder compartilhar com os outros o que existe de bom neste mundo, e isso sempre vai incluir a cultura.

Porém, entretanto, todavia, não é momento de tristeza, e prova disso é que vou aproveitar nossa series finale para minhas últimas considerações consideráveis sobre “Pantera Negra: Wakanda para sempre”, o mais recente filme do Universo Cinematográfico Marvel (MCU, em inglês). QUE FILME LEGAL E EMOCIONANTE, que belíssima homenagem ao Chadwick Boseman!

Caso você tenha desaparecido com o estalar de dedos do Thanos e só voltou a se materializar agora, Boseman era quem interpretava o rei T’Challa/Pantera Negra e morreu em agosto de 2020 devido a um câncer de cólon. O primeiro “Pantera Negra” (2018) foi um fenômeno pop e social tão marcante – e muito disso graças ao ator – que o Marvel Studios decidiu não escalar um substituto para o papel. Se a homenagem era mais que justa, criou a pergunta: como explicar a morte do rei de Wakanda e como colocar outro ou outra personagem para ficar à frente do filme?

Pois bem: a primeira parte foi resolvida de forma satisfatória, inclusive criando ligação com eventos importantes do longa, e ainda rendeu um dos tributos mais emocionantes da história recente do cinema. Quem não ficar com os olhos marejados em algum momento dos primeiros dez minutos de “Wakanda para sempre” é porque morreu por dentro.

O filme dirigido por Ryan Coogler é marcado pelo luto e a presença de T’Challa/Chadwick Boseman é sentida até o final, e Angela Bassett (rainha Ramonda) e Letitia Wright (Shuri) brilham ao mostrar toda a dor pela perda do filho e irmão mais velho das personagens, respectivamente, e lidam com esse luto de formas diversas. É uma história, aliás, em que as mulheres assumem quase todo o protagonismo nos 161 minutos de duração do filme.

O único personagem masculino que tem grande destaque no novo “Pantera Negra” é o grande antagonista da história: Namor, que faz sua estreia no MCU. Além do Marvel Studios fazer uma ótima adaptação da origem do personagem, trocando a Atlântida dos quadrinhos por Talocan, inspirada nas mitologias maia e asteca, o personagem ganha força graças ao ator mexicano Tenoch Huerta, que faz um Namor muito próximo ao que conhecemos das HQs – ou seja, um cara arrogante, de pavio curto, ardiloso, sedutor e que oscila entre a nobreza e a falta de escrúpulos.

“Pantera Negra: Wakanda para sempre” tem, a meu ver, apenas dois defeitos. Um deles é a falta de um protagonista com a presença de Chadwick Boseman, por mais que o longa tente colocar a Shuri como o nome principal da trama. O outro é a escolha da pessoa que passará a usar o uniforme do Pantera Negra, que, dentre todas as opções, era a pior. Mas são detalhes que não estragam a experiência de quem for assistir a um filme que é emocionante de uma forma que seria difícil de imaginar num filme de super-heróis.

Considerações feitas, vamos fechar a lojinha. Foi muito bom enquanto durou, e só posso agradecer a todos que perderam alguns minutos de suas vidas lendo a coluna. Enquanto decido se vamos continuar em outro lugar nesse mundão da internet, os ah migos, ah amigas e ah migues podem me encontrar no Instagram toda terça-feira, às 20h, na Live d’OMinotauro, e no TikTok quase todos os dias com um novo vídeo – mas sem dancinha, por favor. Basta procurar nas duas redes sociais por @ominotauro, o perfil mais mitológico da internet.

A gente se vê por aí.

Até mais, e obrigado pelos peixes.

Júlio Black

Júlio Black

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