20 apresentar 20 álbuns de 1992 – Parte 5

Por Júlio Black

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Oi, gente.

Chegamos ao final da série com os grandes álbuns lançados em 1992, outro grande ano para a música – a ponto de ser difícil decidir o que entraria ou ficaria de fora da nossa lista. Depois de lembrar os discos lançados por Nick Cave and The Bad Seeds, Lemonheads, Morrissey, Tom Waits, PJ, Harvey, Faith No More, Pavement, Ice Cube, Arrested Development, Sonic Youth, Aphex Twin, Sugar, Tori Amos, R.E.M., Rage Against The Machine e Kyuss nos meses anteriores, a “Classe de 92” ganha as inclusões do The Cure, Alice in Chains, Beastie Boys e Ministry.

Apesar de não entrarem na lista final, vale citar que há 30 anos tivemos, ainda, os lançamentos dos álbuns de Dr. Dre, Prodigy, Jesus and Mary Chain, The Black Crowes, k.d. lang, Prince, The Pharcyde, Leonard Cohen, The Disposable Heroes of Hiphoprisy, Lou Redd, TLC, Pantera, Cranberries e Danzig, entre outros. Depois de ler a coluna e conferir os derradeiros discos da série, vale a pena incluir toda essa turma na playlist do seu serviço favorito de streaming musical.

Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

THE CURE, “Wish”

Lançado em maio de 1989, “Disintegration” foi (e ainda é, mais de três décadas depois) considerado por muitos o melhor álbum do The Cure. Por isso, o lançamento de “Wish”, em 21 de abril de 1992, veio com a pergunta obrigatória: será que a banda inglesa conseguiria em seu novo álbum pelo menos igualar a qualidade absurda do trabalho anterior? Digamos que Robert Smith e seus camaradas chegaram bem perto.

Com oito das doze músicas passando com folga dos cinco minutos de duração (o que fez com que chegasse às lojas como um álbum duplo em vinil), “Wish” é menos sombrio que “Disintegration”, mas a melancolia continua marcando presença em canções sobre relacionamentos em diferentes estágios, sejam eles bons ou ruins. É, ainda, um disco com muito mais guitarras que o trabalho lançado em 1989.

Tendo chegado ao mundo dez anos após “Pornography”, que encerrava a fase mais soturna do Cure – marcada pela trilogia que ainda tinha “Seventeen seconds” e “Faith” -, “Wish” reunia uma mescla do melhor que havia a partir de “The Top” (1984). Havia canções apaixonadas e “pra cima” como a popularíssima “Friday I’m in love”, “High” e “Doing the unstuck”, baladas como “A letter to Elise”, a empolgante faixa de abertura, chamada… “Open” (dã), uma impressionante “From the edge of the deep green sea” e as melancólicas “Trust”, “To wish impossible things” e “Apart”. A última faixa do álbum, “End” (dã²), é o encerramento perfeito para um disco quase perfeito.

ALICE IN CHAINS, “Dirt”

Um dos expoentes do grunge, o Alice in Chains já havia feito algum barulho com seu álbum de estreia, “Facelift” (1990), graças à música “Man in the box”. Porém, foi com “Dirt” que o grupo deixou para trás as referências ao hard rock farofa que ainda marcavam o início de carreira, em um disco que vendeu milhões de cópias e fez parte de inúmeras listas de melhores do ano de 1992.

“Them bones”, a faixa de abertura, é uma porrada sonora logo em seu primeiro segundo e tem como tema a mortalidade. Entretanto, grande parte das letras do vocalista Layne Staley (1967-2002) são sobre o seu vício em heroína, e outros assuntos presentes nas músicas são o amor (!) e as experiências do pai do guitarrista Jerry Cantrell na Guerra do Vietnã. Entre as grandes canções presentes em “Dirt” estão “Rain when I die”, “Angry chair”, “Junkhead”, “Rooster”, “Dam that river”, “Down in a hole” e “Would?”, sobre a morte do vocalista Andrew Wood, da Mother Love Bone, que era a grande banda de Seattle antes da explosão do grunge.

BEASTIE BOYS, “Check your head”

Depois do clássico “Paul’s Boutique”, os Beastie Boys lançaram em 21 de abril de 1992 (o mesmo dia do lançamento de “Wish”, do The Cure) seu terceiro álbum de estúdio. Primeiro trabalho a contar oficialmente com o brasileiro Mário Caldato Jr. como coprodutor, além do tecladista Money Mark, “Check your head” é um grande álbum de hip-hop, porém também marca uma visita ao passado punk rock de Ad-Rock (Adam Horovitz), MCA (Adam Yauch) e Mike D (Michael Diamond). O trio voltou a tocar seus instrumentos da época punk: guitarra, baixo e bateria, respectivamente.

“Check your head” ainda ficou marcada por dar espaço para o hardcore, o funk, a psicodelia e ritmos latinos, com letras mais maduras em relação à farra juvenil presente em “Licensed to Ill”, de 1986. Em um momento inspirado, o Beastie Boys gravou canções demolidoras como “So wat’cha want”, “Groove Holmes”, “Jimmy James”, “Pass the mic”, “Live at P.J.’s”, “Finger lickin’ good”, “Time for livin’”, “Funky boss” e “The maestro”, entre outras.

MINISTRY, “Psalm 69”

Se estivermos vivos quando o tal do Apocalipse chegar, com certeza os demônios do Inferno colocarão “Psalm 69”, do Ministry, nas caixas de som enquanto o mundo arde em chamas e as almas dos condenados são tragadas para as profundezas do reino do capeta. O sexto trabalho de estúdio da dupla formada por Al Jourgensen e Paul Braker é um amontoado alucinado de guitarras heavy metal, batidas eletrônicas, sirenes, samples, berros e letras sobre guerras, o fim do mundo, drogas e porradas em evangélicos e a classe média norte-americana.

Foi desse caldeirão de insanidades que o Ministry tirou pancadões como a faixa-título, o clássico “Jesus built my hot rod”, “New world order”, “Just one fix”, “Hero”, “Corrosion”, “TV II” e outros pesadelos sonoros que assombram nossos ouvidos nas últimas três décadas.

Júlio Black

Júlio Black

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