A busca pelo elixir da eterna juventude sempre foi um desejo mágico da humanidade, o que fez da velhice e ainda faz do envelhecimento realidades poucos desejáveis pelas sociedades, de um modo geral. Se há um tema polêmico no debate social, a passagem do tempo, em nós, com certeza é um deles. Um pouco desse desejo estamos conseguindo realizar: estamos vivendo mais e vamos viver mais ainda.
Algumas pessoas centenárias já nasceram e estão entre nós. Certamente, são mulheres, porque elas vivem mais do que nós. Daí a consideração da geriatria e da gerontologia de que o campo do envelhecimento é o campo do universo feminino, o que já sinaliza, para os gestores públicos e implementadores de políticas públicas, o planejamento específico de programas, projetos, ações e serviços para a predominância desse gênero humano.
O que trouxe essa longevidade para o território contemporâneo, caracterizando o tempo atual como sendo o tempo de vivermos mais? A mudança socioeconômica e política da ordem mundial e o avanço tecnológico da comunicação, com a internet e outros instrumentos informacionais que transformaram o mundo em uma grande aldeia.
Esse conteúdo do envelhecimento, que começou a ganhar visibilidade social principalmente na TV do início dos anos 90, hoje em dia, já tem pauta assegurada nas novas redes sociais. O que não significa que, automaticamente, tenha melhorado as condições de vida da maioria das pessoas idosas no nosso país e em nossas cidades. Não. A desconsideração social, pública e política ainda é muito grande em relação às pessoas idosas.
Nossa sociedade é muito preconceituosa e agressiva: a cada ano que conquistamos, menos valor vamos tendo. Mesmo com todos os reveses, no nosso caso, de um país que não tem tradição histórica de atenção pública às pessoas idosas, ampliamos nossa expectativa de vida, o que nos coloca um enorme desafio público porque estamos em um ritmo de envelhecimento muito rápido, mas sem a proteção social do Estado para a conquista de um envelhecimento ativo e saudável.
Sem deixar de considerar, sobremaneira, a responsabilidade estatal sobre o desenvolvimento de nossos indicadores sociais e econômicos para um envelhecimento cidadão com atenção e dignidade no dia-a-dia, podemos promover algumas medidas de comportamentos individuais para a melhoria de nossa satisfação pessoal: a qualidade de nossas relações sociais. Estudos científicos recentes apontam que, embora a nossa herança genética ainda seja um fator preponderante que possa justificar um tempo maior de vida, sozinha, ela perde fôlego. O que vem ganhando notoriedade para a conquista de uma longevidade feliz são os encontros e as relações sociais de qualidade que angariamos ao longo da vida.