Desafios nos cuidados às pessoas idosas em ILPIs

Por Jose Anisio Pitico

Vou começar a coluna explicando, caro leitor e leitora, caso vocês nunca tenham ouvido falar ou não conhecem, o que quer dizer essa sigla do título acima, ILPI: Instituição de Longa Permanência para Idosos. Elas moram nesses espaços, são residentes desses ambientes coletivos de moradias e estão sujeitas às regras e condutas de comportamentos.

Essa nomenclatura ganhou fôlego, à partir dos anos 1990, quando houve mortes de pessoas idosas na Clínica Santa Genoveva, no Rio de Janeiro, que entrou no noticiário nacional com repercussões políticas no Congresso Nacional. A partir daí, várias caravanas de deputados e deputadas foram oficializadas, saindo país afora para conhecerem de perto as realidades dos abrigos, asilos e clínicas de atendimento às pessoas idosas.

O que viram? Essa realidade precisa mudar. Que realidade? A do abandono da própria classe política em relação a essa situação de cuidados às pessoas idosas. Viram também a falta de responsabilidade do Estado brasileiro com essa situação de institucionalização de pessoas idosas. Nesse momento de conhecimento da realidade brasileira sobre a política de abrigamento, entra em cena, uma nova denominação, as ILPIs. Mudou-se o nome, o tratamento(?), mas, efetivamente, qual foi o impacto pra valer de mudança na realidade desses idosos institucionalizados?

De um modo geral, continua “tudo como dantes no quartel de Abrantes”. O apoio oficial pouco saiu do lugar. O que se movimentou foi a criação do Fórum Nacional das ILPIs no país. O que é muito interessante e que se possa ter aqui na cidade. Como chegou a acontecer em momentos passados. Por que não revitalizarmos o Fórum Permanente das ILPIs? Já deixo aqui uma sugestão para debate. Ouvido os movimentos sociais de representação das pessoas idosas, como o Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa. A Comissão da Pessoa Idosa da Câmara Municipal. A Câmara Sênior.

Um desafio no cuidado às pessoas idosas é esse. Retomar a rotina de atividades do Fórum das ILPIS em Juiz de Fora. Outro grande desafio é buscar e ter a participação cada vez maior da cidade nas questões que envolvem a dinâmica de existência das ILPIs. É preciso ter investimento político e financeiro das associações empresariais e educacionais na promoção de atividades que garantam a qualidade de vida das pessoas idosas que se encontram nesses espaços de acolhimento institucional.

Estamos diante de um novo cenário demográfico. O aumento progressivo e muito rápido do número de pessoas idosas no nosso convívio. E a cidade, como o nosso país, não está se preparando para acolher as demandas desse novo contingente. No exercício de um (novo) futuro por que não temos uma ILPI gerida pelo município numa parceria com outras organizações?

As famílias, em sua grande maioria, não dão conta de cuidar até o final de uma doença instalada de seus idosos mais dependentes e com baixa autonomia: quem vai cuidar, então, deles? Esse é outro desafio: com a prevalência do aumento dos casos de pessoas idosas com demências – quem e onde cuidar delas? O que a cidade oferece nesses casos? E os cuidadores de pessoas idosas, quem são e onde estão?

Se não oferecermos respostas a essas e a outras questões, nosso futuro de desenvolvimento humano ficará comprometido (se já não está). Vamos mudar essa situação. Se culturalmente, não temos atenção e cuidado público com as pessoas idosas autônomas ou não, devemos, começando agora, a mudar essa cultura. Promovendo um mutirão de solidariedade intergeracional para fazer de Juiz de Fora uma cidade amiga da pessoa idosa.

Jose Anisio Pitico

Jose Anisio Pitico

Assistente social e gerontólogo. De Porciúncula (RJ) para o mundo. Gosta de ler, escrever e conversar com as pessoas. Tem no trabalho social com as pessoas idosas o seu lugar. Também é colaborador da Rádio CBN Juiz de Fora com a coluna Melhor Idade. Contato: (32) 98828-6941

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