Com a realidade do envelhecimento da população da nossa cidade, não custa nada repetir: Juiz de Fora conta hoje extraoficialmente com mais de 100 mil pessoas com 60 anos ou mais, o que representa algo próximo ou um pouco mais de 20% da população total da cidade. Torna-se imprescindível que a gestão municipal, o quanto antes, de acordo com essa situação, ofereça serviços públicos, os mais diversos, às pessoas idosas. Notadamente, no campo da saúde pública. Sem deixar de considerar as outras necessidades que atingem também o modo de viver dos mais velhos. Destaco a saúde porque estamos falando de vida ou morte.
No âmbito público, desde 1999, num gesto concreto e pioneiro do ex-Prefeito Tarcísio Delgado, foi implantado o Departamento de Saúde do Idoso ligado institucionalmente à Secretaria Municipal de Saúde. De lá para cá, nada de novo foi implementado. Apesar do aumento progressivo e rápido de pessoas idosas no nosso dia a dia. E que só tende a aumentar, seguindo o ritmo e as projeções dos pesquisadores na área. Os serviços de saúde então, principalmente, na área pública, devem dirigir seus planejamentos de execuções de programas e serviços para as pessoas idosas. Investir na saúde da pessoa idosa.
Por exemplo, retirar do papel, leis municipais que obrigam ou faz o município ter programas educativos de prevenção de quedas em pessoas idosas. A literatura especializada nos adverte do quanto é importante esse capítulo no campo da Geriatria e da Gerontologia. Uma “simples” queda pode levar à morte uma pessoa idosa. Falando em quedas: como estão as nossas calçadas e passeios pela cidade afora? Uma outra necessidade que é urgente para se desenvolver ações, devido a procura diária, constante, é a oferta de cursos para as pessoas cuidadoras de pessoas idosas. Qualificar esse cuidado. Por que não, pela Secretaria de Saúde, oferecer esse serviço ou em parcerias com outras instituições afins? Os cuidadores informais familiares precisam de apoio para a tarefa de cuidar dos seus.
A criação de grupos temáticos do tipo de autoajuda também é muito bem-vindo para oferecer conforto e acolhimento emocional, nesse difícil, e muitas das vezes, solitário, expediente de cuidar dos entes queridos. Me lembro bem, dos anos 1990, do protagonismo do Dr. Márcio Borges, que coordenava reuniões sistemáticas, periódicas, de grupo de cuidadores profissionais e informais que trocavam seus sucessos e também angústias no acompanhamento do diagnóstico do quadro de saúde das pessoas idosas sob os seus cuidados. Penso que é muito importante o fortalecimento dessa rede de cuidados.
A UFJF tem bons programas nessa área, entre outras, para oferecer cursos e espaços de apoio aos cuidadores de idosos. Voltando ao espaço de atuação da gestão pública municipal: defendo a criação de um ambulatório de geriatria e gerontologia no SUS local. Não temos o PAI (Pronto Atendimento Infantil)? Podemos ter o PAPI (Programa de Atenção à Pessoa Idosa). Ah, não precisa, porque já temos o Departamento de Saúde do Idoso, que funciona à Rua Batista de Oliveira 943, no Granbery!
Mas esse Departamento (?) ou o hoje Serviço de Atenção à Saúde do Idoso precisa ser fortalecido politicamente, institucionalmente. Precisa ser re/vigorado. Coordenar e executar políticas de saúde para as pessoas idosas em todas as suas características, necessidades e peculiaridades. Precisa ir além da importante realização de consultas. Precisa executar, outros, e mais serviços, para a saúde dos idosos na cidade. Produzir conhecimentos científicos para a elaboração de políticas públicas na área. As necessidades das pessoas idosas são várias, são múltiplas e são muito complexas. Com a cidade caminhando em passos rápidos para ter mais gente idosa do que gente jovem, os serviços públicos municipais devem por força dessa nova realidade, dirigir seus esforços e recursos para receber as demandas da população idosa da cidade.