O VAR, o fusquinha e a Ferrari
O VAR precisa ser revisado. Para que não seja nem protagonista, nem antagonista e sim coadjuvante
Caso a CBF tenha um profissional responsável por fazer clipping, que é o monitoramento e arquivamento de menções feitas em veículos de comunicação a uma determinada marca, produto, celebridade etc, destinado exclusivamente à checagem do termo VAR, certamente esta pessoa é uma das que mais têm trabalhado na entidade.
Afinal, entra rodada, sai rodada e o tal vídeo assistant referee disputa o protagonismo – ou antagonismo, para sermos mais exatos – com equipes e jogadores. Em certos confrontos, a tecnologia, criada para analisar jogadas incapazes de serem decididas a olho nu, mais atrapalha do que ajuda. Árbitros de cabine e de campo não se entendem, lances que cabem e que não cabem interpretação são colocados em um pacote só, e o futebol, um dos mais ricos, poderosos e populares esportes do mundo, não consegue implantar a ferramenta de forma isenta. Mesmo em uma era na qual empresas de softwares criam das mais variadas inovações para tudo quanto é segmento, ainda não há nada credível que faça torcedores terem a certeza sobre uma linha de impedimento, por exemplo.
Enquanto as federações de arbitragem do mundo da bola hesitam com o dispositivo, automobilismo, atletismo, natação, vôlei, tênis, basquete e tantas outras modalidades têm know-how suficiente. Usando Renato Gaúcho como referência no exemplo, é como se o esporte bretão estivesse pilotando um fusquinha, enquanto os demais dominassem uma famosa Ferrari.
É certo de que recuar na ideia seria um retrocesso. Repetindo o argumento já apresentado, em um mundo com tantas tecnologias, ter um controle fidedigno de jogadores e bola não requer nada tão futurístico. Preparar profissionais para dominar a ferramenta idem.
Mas o VAR precisa ser revisado. Para que não seja nem protagonista, nem antagonista e sim coadjuvante. Afinal, mais importante do que as máquinas guiadas, o condutor – inclusive do espetáculo – é quem deve receber a atenção.