Sobre derrotas
Volto a defender a teoria de que para ser um vencedor é preciso saber perder. Mas, seja na vida, no futebol ou nos processos eleitorais, o brasileiro tem por essência assimilar porcamente os reveses. A cada derrota, uma nova caça às bruxas. Vejo o caso do torcedor do Tupi, por exemplo. Após ser eliminado pelo Ceará na Copa do Brasil, praguejou a “maldição” do estádio e a infantilidade de um atleta do qual se esperava experiência. Muitos deixaram o campo com a promessa de nunca mais retornar às arquibancadas para apoiar o Carijó. Ok! É inegável que há falhas repetitivas em momentos decisivos. Todavia, não fosse o juiz-forano um torcedor que só comparece ao Municipal na boa e um péssimo perdedor, provavelmente os jogadores do Tupi se sentiriam mais confortáveis em jogar em um estádio cheio, e o clube teria mais recursos para tentar voos mais altos. Enfim, a relação entre o torcedor que não sabe perder e os maus resultados é umbilical, e enquanto tal paradigma não for quebrado, as coisas tendem a permanecer estagnadas. Contudo não é só o carijó que não lida bem com insucessos. Outros mais acostumados com títulos expressivos também têm extrema dificuldade em aceitar a derrota. Eliminados da Libertadores pelo Tigres, os colorados escolheram Rafael Sóbis – hoje no clube mexicano – como algoz. Um infeliz chegou ao ponto de ameaçar o filho do jogador no confronto de ida do Beira-Rio, em um comportamento típico do brasileiro que prefere procurar nos outros a culpa por suas falhas, escolha que, definitivamente, não leva a vitórias pessoais ou esportivas.