Melhores pais, melhores filhos – Educar pelo exemplo
Queremos filhos melhores, alunos melhores, mas o que temos feito para melhorar os pais, os professores que somos?
Todo dia pode ser comum, mas também pode ser de festa. Os dias podem ser de festa se há esperança e trabalho. Um educador (pais e mestres) de verdade ensina com as cores e a festa que tem por dentro. Se este carece de alegria, de vontade, de certezas, de entusiasmo, de verdades, precisa começar a criá-las para poder ensinar. Necessita, primeiro, construir um conceito claro a respeito do seu papel social, político, moral, ético para conduzir com firmeza seu labor. Quando isso não ocorre, costuma “pegar emprestado” algumas ideias, apropriando-se de algo que não foi nascido do próprio ventre e, portanto, sem colorido.
Uma mãe confidenciou em uma reunião pedagógica para todos os presentes que todos os dias assistia ao programa Malhação, porque queria aprender a forma correta de orientar seus filhos em relação aos dilemas e conflitos próprios da faixa etária. Tive oportunidade de levantar algumas reflexões para ela: o que acontece quando educamos os filhos com estes “empréstimos”? O que isso significa? Qual repercussão na vida do discente? Os conceitos regem a conduta e, se não os tenho, o que/quem regerá minha vida?
Viver com conceitos “emprestados” faz com que não haja sustentação daquilo que se sabe, que se fala e que se faz. Dessa forma, haverá flutuação em relação à orientação dada aos filhos e essa insegurança pode provocar equívocos, erros, dissabores. Crianças e jovens precisam da consistência e segurança da palavra dos pais, servindo de norte e freio.
A natureza é ensinamento e festa, é a primeira mestra do ser humano. A observação atenta de seus processos orienta o homem a conduzir-se na vida: a aranha tece sua teia nos fios produzidos pelo próprio corpo; cada fio é fundamental para gerar a unidade que sustenta, protege e dá estabilidade. Um educador de verdade é aquele vai fiando sua teia, produzindo-a fio por fio, com os elementos que recolhe daquilo que lê, ouve, pensa, criando juízos, formando traçados de estabilidade e construindo a sua práxis humana e pedagógica.
Para chegar a ter um mundo de paz e acerto – de festa-, é preciso começar a mudar a cultura interna: deixar de destacar o erro, de provocar diferenças, de viver olhando para o outro e gerar violência. Que tal provocar o bom que cada um pode realizar, buscar os próprios recursos e observar para aprender, destacar os feitos, por pequenos que sejam, estimular os bons hábitos, dedicar atenção ao que é certo e conveniente, ao que tem valor, e destacar as ações generosas, compartilhadas?
Pais e professores amam seus filhos/alunos e têm os melhores anelos de ajudar e favorecer seu processo de crescimento, mas esses dois fatores são suficientes para educar? É preciso ensinar pelo exemplo. Quando o professor ou pai fala algo e age diferentemente do que disse, o que está comunicando? Que, apesar das palavras pronunciadas serem muito bonitas, elas são irrealizáveis ou não têm valor. Afinal, se o “próprio professor ou pai não consegue ou não faz o que falou, eu também não conseguirei”. Mas, quando as palavras são da mesma natureza que as ações, surge a possibilidade de realização, porque elas servem de estímulo positivo e de colorido ensinamento.
Educação pelo exemplo é aquela em que o par educativo que se forma – pai e filho, professor e aluno -, convidando a uma construção e desenvolvimento afetivamente parceiro: docente e discente aprendem. Este trabalho convida à mudança de um antigo hábito, o de achar que são os demais que têm que mudar o seu modo de ser.
O verdadeiro educador , o que coloca cor e festa no seu dia, observa as características, debilidades, necessidade e, ao mesmo tempo, reflete sobre suas condições docentes, traçando um plano paralelo para sua capacitação.
Queremos filhos melhores, alunos melhores, mas o que temos feito para melhorar os pais, os professores que somos?