O aumento do risco de doenças provocadas pela ingestão de alimentos processados e ultraprocessados
Basicamente, podemos dividir os alimentos em quatro categorias:
– In natura: como vem da natureza (verduras, frutas e legumes).
– Minimamente processados: alimentos que foram submetidos a processos que não envolvam agregação de substâncias. Passam apenas por limpeza, moagem, secagem ou congelamento. Não foi adicionado nada (arroz, feijão, frutas secas).
– Processados: sofreram adição de sal ou açúcar para aumentar o tempo de duração (conservas, compotas de frutas, carnes salgadas, enlatados).
– Ultraprocessados: alimentos ricos em gorduras e sódio; muitos aditivos químicos (corantes, aromatizantes, espessantes) para melhorar o sabor do produto; e pouco ou nenhum alimento (refrigerantes, sorvetes, biscoitos recheados, macarrão instantâneo, suco em pó, embutidos e até o pão de forma integral).
Tivemos uma grande mudança na dieta nas últimas décadas. Houve uma substituição de alimentos in natura ou minimamente processados por alimentos processados e ultraprocessados, ou seja, trocamos alimentos ricos do ponto de vista nutricional por alimentos pobres em fibras e nutrientes e ricos em açúcar e/ou sódio e outros aditivos químicos como os como corantes e estabilizantes artificiais, e nós sabemos que os maus hábitos alimentares estão associados a uma série de doenças crônicas e podem potencialmente ser um dos principais contribuintes para mortalidade em todo o mundo.
Os estudos mostram que a ingestão de alimentos ultraprocessados está associado a obesidade, doenças cardiovasculares, doenças cérebro-vasculares, depressão e mortalidade por todas as causas. Existe uma pesquisa realizada pela USP mostrando que além de aumentar o peso, esse tipo de alimento aumenta o acúmulo de gordura visceral, o que provoca o desenvolvimento de hipertensão arterial, doenças coronarianas, diabetes tipo 2, dislipidemia e aumento do risco de mortalidade. Sem contar os problemas psicológicos que a obesidade provoca, principalmente nos adolescentes, como ansiedade, depressão e diminuição da autoestima. E quando se fala em obesidade, não se trata apenas de apenas questões estéticas ou de aparência, mas sim de bem-estar físico e emocional.
Fast Food mata mais que cigarro e hipertensão arterial. Pesquisa realizada na Universidade de Washington e publicado na revista científica The Lancet, realizada em 195 países, com adultos acima de 25 anos, mostrou que o consumo de alimentos com elevada taxa de sódio (sal) e de gorduras trans (carnes processadas, refrigerantes e sucos artificiais) associado ao baixo consumo de frutas, legumes, verduras e grãos integrais causou em 2017, 11 milhões de mortes, ou seja, 22% do total de mortes no ano. O cigarro matou 8 milhões e a hipertensão arterial matou 10 milhões.
Estudos mostram também, que a ingestão de alimentos ultraprocessados aumenta o risco de câncer por meio de propriedades obesogênicas e valor nutricional reduzido. Sabemos que 35% dos cânceres estão ligados a obesidade. Pesquisadores do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos mostraram que pessoas que faziam uso de dieta ultraprocessada, comiam mais rápido, e ingeriam 500 calorias a mais por dia do que as pessoas que comiam alimentos não processados. Os alimentos ultraprocessados estimulam o desejo de comer mais. É aquela velha história. É impossível comer um só.
Tudo isso mostra a necessidade de grandes mudanças em vários setores do sistema alimentar, em nível global, para melhorar a dieta da população. Importante substituir o uso de alimentos e bebidas processadas e ultraprocessadas por alimentos naturais e/ou minimamente processados, buscando reduzir não só o risco de câncer, mas várias outras doenças.
O que você come determina o que você é, e não é possível gozar de boa saúde se a alimentação não for saudável.