Pesquisa indica que células intestinais podem contribuir para aterosclerose, diabetes, hipertensão e obesidade


Por Alice Amaral

18/02/2019 às 09h38

Um estudo da Harvard Medical School e Massachusetts General Hospital, Boston, publicado na revista Nature, aborda a questão de como células específicas do intestino de camundongos diminuem o metabolismo e, eventualmente, podem contribuir para aterosclerose, diabetes, hipertensão e obesidade.

De acordo com os pesquisadores, quando as células Linfócitos T intra-epiteliais (ou IELs naturais) não são encontradas nos organismos dos camundongos, o metabolismo deles entra em “overdrive”, que pode ser entendido como uma aceleração da atividade metabólica. E, mesmo consumindo uma dieta altamente calórica, rica em açúcares e gorduras, essa hiperatividade metabólica ajuda na resistência às doenças.

Segundo os estudiosos, a presença dos IELs naturais nos camundongos faz com que haja limitação da disponibilidade de hormônio, a incretina GLP-1, que auxilia a “acelerar” o metabolismo. Assim, a consequência é retardar o processo metabólico do organismo e, portanto, conservar, “estocar”, a energia proveniente da ingestão de alimentos.

Nossos ancestrais ficavam longos períodos sem se alimentar, havia escassez de alimentos e o organismo que armazenava energia sobrevivia por mais tempo. Porém, hoje, temos uma grande oferta de alimentos e essa economia de energia pode causar resultados indesejáveis.

Pesquisas são fundamentais para o avanço da ciência e abrem caminho para o tratamento de várias patologias. O estudo pode ser mais um aliado na busca da prevenção e também tratamento de doenças cardiovasculares. Contudo, é necessário melhor compreensão da função dos IELs no metabolismo e se pessoas com baixo número de IELs são naturalmente protegidas contra as doenças aqui abordadas.

Os estudos indicam caminhos, fornecem dados e informações, que serão cruzados com outros resultados de outras pesquisas e assim potencialmente propiciam condições de aplicação de novos recursos terapêuticos no tratamento de pacientes. Várias questões ainda devem ser respondidas de forma consistente. Não há atalho quando se trata de cuidados com a vida. Cabe acompanhar o desenvolvimento e buscar constante atualização, assim todos contribuímos por uma melhor qualidade de vida.

 

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