Roberta Lopes diz que, independentemente do tema, é “100% oposição ao governo petista” e defende multa para usuários de drogas
Vereadora mais votada prevê projetos para colocar câmeras nas salas de aula e proteger professores de perseguição ideológica, além de não descartar candidatura a deputada
A Rádio Transamérica entrevistou, nesta segunda-feira (18), Roberta Lopes (PL), na série com os vereadores eleitos em Juiz de Fora. Ela chega à Câmara Municipal como a segunda vereadora mais votada no último pleito, após receber 7.924 votos.
Transamérica: Você esperava tanto votos assim ou mais?
Roberta Lopes: Não, eu confesso para você que foi uma surpresa até para nós, né? Trabalhamos muito para poder conseguir esse resultado, mas realmente foi uma coisa assim muito inesperada. A gente imaginava que teria em torno de 3.800, 4 mil votos.
Transamérica: Mas foi modesta, você teve três vezes mais.
Roberta Lopes: É, fui. Mas assim, graças a Deus temos um trabalho consolidado, são 12 anos de militância no Direita Minas, temos um grupo político muito forte. E graças a Deus, à essa nossa atuação e à confiança que temos com o nosso grupo político, através desse trabalho consolidado, conseguimos o apoio de muitas pessoas que assinaram embaixo do meu nome e trouxeram esse resultado magnífico para nós.
Transamérica: Em quem você vai votar para a presidência da Câmara? Você já definiu seu voto?
Roberta Lopes: Então, eu tenho visto aí algumas conversas de bastidores. Eu ainda não participei de nenhuma reunião para tratar sobre esse assunto na Casa com meus colegas, mas o que nós temos ouvido de bastidor é que inicialmente vai ser uma chapa única. Pela representatividade do Garotinho, por ser governista, eu vou me colocar realmente como oposição, porque eu sou 100% oposição ao governo petista, né?
Transamérica: Independentemente de qualquer assunto?
Roberta Lopes: Independentemente de qualquer assunto, eu sou 100% oposição. Eu acredito que seria total incoerência da minha parte apoiar uma candidatura que vem fortalecer o governo PT. Estou aqui para poder fazer uma oposição, fazer uma fiscalização forte, responsável, para poder trazer à luz fatos que ainda não conseguimos perceber diante da última legislatura. Eu quero trazer um ponto diferencial de visão. Não seria coerente da minha parte apoiar uma candidatura que fortalece o PT. Não tenho nada contra o Garotinho, já conversamos algumas vezes, mas o meu posicionamento realmente é contrário.
Transamérica: Nós já conversamos com alguns candidatos que foram eleitos e, entre eles, o seu colega de partido, o Sargento Mello (PL). Como será a relação de vocês, da bancada do PL? Vocês vão trabalhar coordenados ou há alguma dificuldade dentro da própria legenda?
Roberta Lopes: Eu acredito que cada parlamentar tem sua representatividade, tem seu público-alvo para poder atingir, então vai ter um trabalho mais autônomo. Mas, inevitavelmente, como estamos na mesma bancada e também representa os anseios da direita, eu acredito que vai ter muito trabalho em conjunto. Mas eu não acredito que vai ser totalmente coordenado, totalmente alinhado, o mesmo direcionamento porque são públicos muito diferentes. Eu tenho um trabalho consolidado mais de formação de base, mais na linha ideológica. Acredito que vamos cruzar em algumas pautas, mas que vamos ter propostas muito diferentes que, inevitavelmente, vão se convergir e, inevitavelmente, um vai apoiar o outro. Mas a minha relação é estritamente profissional, eu sou uma pessoa de muito acesso, uma pessoa de diálogo, eu não tenho porquê não tratar de forma profissional qualquer colega ali na Casa. Tenho meu posicionamento, sou uma pessoa muito convicta das minhas posições, mas estou vindo mesmo para fazer um trabalho bem autônomo nesse sentido.
Transamérica: E quais são os seus principais projetos? Você já tem um projeto que você vai apresentar de cara?
Roberta Lopes: Um projeto muito importante para nós vai ser uma multa que vamos aplicar para usuários de drogas. Vamos fazer essa propositura para que os usuários que estiverem fazendo uso de maconha em espaços públicos e praças recebam uma aplicação de uma multa. Temos diversas propostas em vários segmentos, mas a nossa linha vai ser totalmente nesse direcionamento de convicções, de valores morais, de proteção da criança, proteção da criança nas escolas, nas instituições, então vai ser muito nessa linha, principalmente para combate à doutrinação ideológica, proteção da integridade da criança, fortalecimento e valorização dos professores no sentido de qualificação para poder protegê-los também de perseguição ideológica que eles também sofrem nas escolas, então vamos fazer um trabalho muito intenso nesse sentido.
Transamérica: Fala um pouquinho mais sobre esse projeto de multa à pessoa que for pega fumando maconha na rua. Como seria o desenvolvimento desse projeto, a aplicação?
Roberta Lopes: Nós já fizemos estudos com alguns colegas parceiros, temos um agrupamento político muito grande no Brasil, que já tem vários vereadores eleitos e alguns foram até reeleitos, e essa proposta está sendo discutida, vamos fazer em vários municípios de forma coordenada. Ela funciona da seguinte forma: não tem como legislar na questão criminal, então vamos aplicar multas administrativas no âmbito do município, ou seja, o usuário que for pego utilizando maconha ou qualquer tipo de droga entorpecente em praças públicas, ele será abordado e será aplicado um sistema administrativo de multa. A gente vai fazer todo esse sistema para que nós possamos impedir esse uso recreativo nas praças públicas de forma transparente para a população.
[…] Temos visto que muitos locais na cidade têm virado uma verdadeira Cracolândia a céu aberto e a nossa intenção é impedir que isso se eleve e ocupe os espaços públicos para se tornarem um ambiente novamente de circulação familiar das nossas crianças, de proteção da nossa população.
Transamérica: Roberta, você não teme a inadimplência dessas pessoas multadas? Porque boa parte dessas pessoas, socialmente, não tem condições de fazer o pagamento. O que você acha disso?
Roberta Lopes: Sim, nós vamos fazer um estudo nesse sentido, mas as multas são mais educativas, vamos dizer assim, não é para poder fazer a pessoa ficar sem meios. Nós queremos que ela não faça a utilização, por isso, vamos fazer algumas propostas também para que isso seja totalmente aplicável.
Transamérica: Agora, para defesa das crianças, qual o seu projeto?
Roberta Lopes: Nas escolas, além da implementação das câmeras nas salas de aula, vamos ter também um canal de denúncias que vamos fazer o acompanhamento dessas crianças e acompanhamento dos materiais escolares. Temos também projetos que fazem uma valorização dos professores e um treinamento deles para lidar com crianças com TDAH, com autismo. Queremos aplicar também as salas sensoriais nas escolas municipais, ainda não temos um sistema nesse sentido e queremos trazer para Juiz de Fora. Queremos trazer também vários projetos que protejam os professores de perseguição. Temos visto que tem um crescimento muito grande de violência escolar, tanto do aluno quanto com o professor, isso a gente também quer fazer um sistema de treinamento para que eles possam fazer o seu trabalho de forma mais digna, vamos dizer assim. E também queremos fazer uma propositura de que todos os alunos que estiverem com problemas ideológicos, com questões de invasão à privacidade religiosa, moral, consigamos fazer a tratativa dentro dos meios de tratativa nas coisas judiciais, porque tivemos uma atuação muito forte na militância de Juiz de Fora. Tivemos alguns processos que a gente moveu contra algumas escolas que estavam enfrentando esse problema, e, inevitavelmente, esbarramos com questões judiciais que não conseguimos proteger essas crianças, e hoje conseguimos perceber que o sindicato faz um fortalecimento maior de proteção à liberdade de expressão do professor, que não seria liberdade de expressão, seria liberdade de cátedra, e deixa os nossos alunos à mercê, então vamos trabalhar muito nesse sentido.
Transamérica: A Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou um projeto que estabelece a proibição do uso de celular na escola, inclusive no horário de recreio. Qual é a sua posição nesse sentido?
Roberta Lopes: Nós temos visto um debate até a nível federal nesse sentido, já tem um debate sendo feito na Câmara Federal, realmente podemos perceber que o uso dos aparelhos de celular tem atrapalhado muito o desenvolvimento pedagógico das crianças, só que temos que se atentar também na proteção delas, porque através do uso do aparelho já conseguimos pegar muitos flagrantes de professores cometendo abusos, até mesmo agressões contra a criança. Mas, neste sentido, entendemos que isso tem que ser aplicado, temos que colocar em prioridade a questão pedagógica das crianças, mas também de forma que proteja e que garanta o impedimento de qualquer abuso dentro da sala de aula.
Transamérica: Pensando já em 2026, você tem planos para disputar uma vaga na Câmara Federal ou na Assembleia Legislativa?
Roberta Lopes: Não, por enquanto não estou pensando nisso, acabamos de ganhar uma eleição agora.
Transamerica: Mas se o Nikolas (deputado Nikolas Ferreira – PL) falar assim: “Roberta, eu preciso de você para disputar uma vaga na Assembleia Legislativa”, por exemplo?
Roberta Lopes: Eu sou um soldado aqui, meu projeto político é de grupo, não sou somente questão partidária, então o que o meu grupo político definir, eu vou estar acompanhando. O presidente Bolsonaro tem me dado muitas sugestões, muitos conselhos, eu estou seguindo, e o Nikolas também não é diferente disso. O que o presidente, o que o Nikolas e o que o Bruno Engler decidirem do meu destino político, vai ser com certeza realizado por mim.
Transamérica: Você é uma soldado do partido?
Roberta Lopes: Sou soldado do partido, eu estou aqui pronta para poder estar no lugar onde eles definirem que vou ser mais útil para a população.
Transamérica: Roberta, para encerrar nossa entrevista, o que você falaria para os seus eleitores, aqueles 7.924 que votaram no seu projeto?
Roberta Lopes: Olha, eu só tenho a agradecer a confiança, realmente foi um trabalho sensacional, o engajamento deles foi absurdo, foi praticamente um trabalho familiar, porque formamos grandes amigos nessa campanha. Nós fizemos uma campanha limpa, muito honesta, muito alegre, muito diferente das campanhas tradicionais. E eu só tenho a falar para eles que ali dentro da Câmara, eles vão ter uma pessoa que está com um compromisso forte, com ética, com honestidade, de trabalhar para defender os nossos valores. Independentemente dos resultados da nossa caminhada, nós vamos estar ali honrando cada um deles que confiou a nós esse voto aí.
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