A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) Ă© um indicador econĂŽmico fundamental, que agrega os investimentos realizados em mĂĄquinas, equipamentos, construção civil e outros ativos fixos. Os resultados apresentados pelo Instituto de Pesquisa e Economia Aplicada (Ipea) no mĂȘs de maio de 2023 mostraram que, entre janeiro e fevereiro deste ano, o Ăndice de FBCF sofreu uma queda de 1,7% considerando o ajuste sazonal e de 5,8% quando comparado ao mesmo perĂodo do ano anterior. No trimestre encerrado em fevereiro deste ano, a queda foi de 6,9%, o que representa decrĂ©scimo de 3,1% em relação ao trimestre mĂłvel terminado em fevereiro de 2022.
Esses resultados devem ser observados atentamente, pois os investimentos na FBCF desempenham papel crucial no crescimento econĂŽmico de um paĂs, jĂĄ que permite o aumento da capacidade produtiva e a modernização dos setores produtivos. Se a tendĂȘncia de queda atual permanecer pelos prĂłximos meses, isso pode significar problemas de crescimento mais adiante. De acordo com os resultados apresentados pelo Ipea, no acumulado em doze meses, os investimentos totais cresceram modestos 0,3% em fevereiro. Desse modo, o indicador permanece 14,3% abaixo do mĂĄximo atingido na sĂ©rie.
Ao se analisar setorialmente o Ăndice, verifica-se que mĂĄquinas e equipamentos registraram queda de 3,4% em fevereiro, encerrando o trimestre mĂłvel entre dezembro e fevereiro com uma baixa de 9,7%. O setor da construção civil foi um dos poucos, entre os mais relevantes, a registrar um crescimento positivo no perĂodo entre janeiro e fevereiro. Os investimentos no segmento tiveram avanço de 2,4%, interrompendo trĂȘs quedas consecutivas. Entretanto, no trimestre mĂłvel de dezembro a fevereiro, o segmento tambĂ©m registrou perda de 2%.
Este cenĂĄrio negativo para os investimentos se deve, principalmente, pela elevada taxa de juros na qual o paĂs se encontra nos Ășltimos anos. Atualmente, a taxa Selic estĂĄ em 13,75%, o que eleva a rentabilidade de aplicaçÔes em ativos mais seguros, como a renda fixa, e torna diversos projetos de riscos mais elevados pouco atrativos. Isso, consequentemente, leva a uma situação de queda nos investimentos como na construção de novas habitaçÔes, abertura de novos empreendimentos e investimentos na estrutura produtiva das empresas, resultando em uma corrida para investimentos mais seguros, como as prĂłprias aplicaçÔes em tĂtulos pĂșblicos.
Apesar do cenĂĄrio negativo no presente, a situação pode melhorar no futuro, com as taxas de investimento voltando a subir. Isso porque existe uma alta expectativa de que o Banco Central reduza a taxa de juros em breve. De acordo com o RelatĂłrio Focus do Banco Central divulgado em maio, espera-se que a taxa de juros termine o ano em 12,50% em 2023 e em 10% ao final de 2024. Apesar da tĂmida expectativa de baixa, isso pode amenizar essa tendĂȘncia de queda.
Por: Thiago Gouvea, Gustavo Andrade, Jefferson Pereira, Weslem Faria