O setor de calçados vem apresentando ritmo de recuperação após a crise pandêmica que trouxe grande impacto para o segmento. A área registrou um grande número de demissões no início da pandemia, além de ter tido uma forte retração nos níveis de produção e venda.
Ao analisar os dados de emprego, no mês de abril de 2020, o setor registrou saldo, isto é, número de admissões menos número de desligamentos, negativo de aproximadamente 30 mil postos de trabalho de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) e da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). Na análise com o saldo acumulado de 12 meses, a fim de evitar sublevação de curto prazo, o final do segundo trimestre de 2020 assinalou uma marca negativa de 44 mil empregos perdidos. Nesse mesmo período, o número de ocupados do segmento reduziu para 215 mil.
Em contrapartida, a partir de abril de 2021 o setor iniciou uma trajetória de 12 meses de saldos positivos, chegando ao ápice em julho de 2022, quando atingiu o patamar de 46,5 mil novos postos de trabalho. Nesse período, o setor alcançou a marca de 310 mil pessoas ocupadas, um incremento de aproximadamente 95 mil pessoas na força de trabalho do segmento em pouco mais de dois anos.
A produção do setor também vivenciou uma desaceleração na pandemia, visto que, no segundo trimestre de 2020, o setor teve um recuo produtivo considerável, com queda de 63% quando comparado ao mesmo período de 2019, segundo a Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entretanto, a pesquisa evidenciou que, desde 2021, o nível de produção vem se recuperando. No período de janeiro a novembro de 2022, o nível de atividade do setor cresceu 0,8% em relação ao mesmo período de 2021, e se manteve 8,6% acima do nível registrado em 2020. Vale ressaltar que o setor não se recuperou totalmente. Na comparação com 2019, o resultado de 2022 foi 14,8% menor.
A queda nos níveis de produção não é justificada somente pela pandemia. A crise estrutural enfrentada pelo país desde o último trimestre de 2014 também afetou o setor de calçados. Conforme os dados da PIM-PF, de janeiro a novembro de 2022, o setor produziu 24% abaixo do nível registrado no mesmo período de 2012, ano de referência da pesquisa.
No geral, o setor vem se estabilizando no pós-pandemia, com geração de empregos, crescimento na produção e nas vendas. Entretanto, o segmento ainda não apresentou uma recuperação da recessão conjuntural brasileira, a qual tende a ter sua superação vista num prazo maior, dado o cenário macroeconômico para este ano e para os próximos.
Por Jonas Nogueira, Jefferson Pereira e Weslem Faria