Melhorar para atrair negócios
O Governo tem que investir na estrutura e no acesso ao Expominas, a fim de garantir – com preços acessíveis – a sua ocupação
No segundo semestre de 2002, já em plena campanha eleitoral, o governador Itamar Franco, em um evento na sede da Associação Comercial, apresentou o deputado Aécio Neves às lideranças locais como candidato à sua sucessão. Diante de um seleto público, fez só dois pedidos ao candidato. Se eleito, ele deveria concluir as obras do Aeroporto Regional e o Centro de Convenções, às margens da BR-040, na altura do quilômetro 790. Aécio topou e cumpriu.
O aeroporto era um projeto iniciado quando Itamar ainda era presidente da República, entre 1992 e 1994. A ideia inicial era melhorar as condições do Aeroporto da Serrinha, dotando-o de modernos equipamentos e, sobretudo, ampliando a pista de pouso e decolagem. Um estudo realizado por técnicos da Aeronáutica apontou a necessidade de uma torção de 45 graus na pista, a fim de garantir uma extensão que desse segurança para as aeronaves. Para tanto, o local onde se encontra a parte do alta do Bairro Santos Dumont, ainda com pouquíssima ocupação, seria aplainado. Como a obra não saiu, o local foi ocupado e o projeto se inviabilizou.
Quatro anos depois, já como governador, Itamar voltou ao tema e definiu a divisa entre as cidades de Goianá e Rio Novo como local adequado.
Com os dois projetos, Itamar considerava que Juiz de Fora teria plenas condições de se tornar um centro de atração de negócios, já que teria o meio de transporte de longa distância e o espaço adequado para eventos de grande porte. O que não foi concluído por Aécio, e nem pelos seus sucessores, foram as vias de acesso a esses dois próprios.
O aeroporto carece de uma discussão à parte, tal a sua relevância para a região. O Expominas, de solução tornou-se um problema, já que em duas tentativas de privatização não houve avanços. A primeira licitação deu deserta e a segunda ainda está na fase de avaliação das propostas.
A Tribuna acompanha os dois casos de perto e tem ouvido lideranças políticas e empresariais na busca de uma saída. O Centro de Convenções, de acordo com o próprio Governo, dá prejuízos, daí a sua busca por parceiros. Mas há problemas. Como destacou o presidente da Associação Comercial, Aloísio Vasconcelos, ninguém compra um carro enguiçado. O Expominas não está neste estágio, mas precisa de ações para se tornar rentável e, por consequência atraente para os investidores.
É preciso um calendário de eventos mais robusto, capaz de garantir sua lucratividade, mas até para isso são necessárias obras. Hoje, a única saída é pela BR-040, num trecho de alta velocidade. É de se imaginar não ser prudente os participantes de um evento, principalmente à noite, saírem diretamente numa área de tamanho risco. Há opções, como a construção de uma via que ligue diretamente à Cidade Alta. Ela, aliás, já existe, mas carece de pavimentação.
O governador Romeu Zema conhece o local e as suas dificuldades. No segundo mandato, a ser inaugurado em 1º de janeiro de 2023, poderia voltar sua atenção para essa questão, já que não faz sentido desvirtuar o sonho de Itamar. O que é preciso é exercer a criatividade e torná-lo viável. Polo de uma região com mais de um milhão de habitantes, é certo que Juiz de Fora tem eventos suficientes para cumprir as metas de ocupação, mas é preciso interesse do Estado em promover essa atração, com estrutura e preços que, ao invés de afastar, atraiam os possíveis parceiros.