Infraestrutura brasileira: como tem se comportado o investimento no setor?

Por Jonas Nogueira, Kariny Costa, Jefferson Pereira e Weslem Faria

Os investimentos em obras de infraestrutura, que englobam os desembolsos feitos pelos setores de energia elétrica, transportes, saneamento e telecomunicações, possuem uma participação relevante no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. No período de 2008 a 2015, de acordo com a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústria (ABDIB), a participação desses investimentos no PIB sempre esteve igual ou superior a 2%, atingindo valor máximo em 2013 (2,40%). No entanto, a partir de 2016, os investimentos em infraestrutura reduziram sua importância relativa na atividade econômica, atingindo 1,67% do PIB em 2019 e em 2020, menor percentual registrado desde 2003 (1,51%). O cenário dos últimos anos tem apontado para uma possível recuperação da participação desses investimentos no PIB. Em 2021, o investimento em infraestrutura alcançou 1,71% do PIB. Para 2022, as projeções indicam uma participação em torno de 2%.

Além de trazer informações sobre a participação, os dados da ABDIB mostram a natureza dos investimentos em infraestrutura. O investimento público vem perdendo participação no total dos investimentos, saindo de 43,62%, em 2010, para 19,57%, em 2021, menor percentual registrado pela série da instituição. De 2018 a 2021, a iniciativa privada foi responsável, em média, por 75,47% dos investimentos totais em infraestrutura. Isso mostra que, sobretudo, nos últimos anos, os gastos na área vêm se sustentando pelo incremento da iniciativa privada em detrimento do setor público.

A menor participação do setor público nos investimentos totais pode ser decorrente de dois fatores. O primeiro é o crescimento da relação dívida/PIB, que atua reduzindo a capacidade de atuação do Estado. De acordo com a Receita Federal, a dívida do país vinha em uma trajetória de crescimento até 2020, quando alcançou 67% do PIB (houve um salto entre 2019 e 2020, em decorrência dos dispêndios para o enfrentamento da pandemia da Covid-19), e reduziu em 2021 para próximo de 64,6%. O segundo é que movimentos institucionais favoreceram a participação da iniciativa privada nas obras de infraestrutura. O novo marco regulatório das ferrovias e o Marco Legal do Saneamento são exemplos desses movimentos.

Apesar da aparente recuperação dos investimentos em infraestrutura, a ABDIB destaca que, em 2021, o hiato desses investimentos no país foi de 2,60%. Segundo cálculos da associação, em 2021, para manter a infraestrutura do país seriam necessários investimentos na ordem de 4,31% do PIB, e não a 1,71%, conforme registrado. O setor com maior hiato é o de transportes e logística (1,91%), seguido pelo setor de telecomunicações (0,37%). O setor de energia elétrica possui o menor hiato (0,07%), seguido do setor de saneamento (0,25%).

De todo modo, as informações da ABDIB mostram que os investimentos em infraestrutura estão se recuperando nos últimos anos e que essa recuperação tem uma participação importante da iniciativa privada.

 

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