Relatório recente divulgado pelo Fórum Econômico Mundial apontou que o Brasil perdeu pontos no ranking global de competitividade: de 56º para 57º lugar entre 144 países observados. A notícia levanta os questionamentos de sempre sobre restrições estruturais da economia brasileira, como infraestrutura precária, arranjos institucionais pouco criativos, sistema educacional ineficiente e baixa capacidade inovadora do país.
Sobre esse último ponto, a divulgação da última Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec) pelo IBGE, referente ao período 2009-2011, indica que as atividades produtivas brasileiras em geral estão inovando menos. De um total de 128.700 empresas pesquisadas, 45.900 implementaram produtos ou processos novos entre 2009 a 2011, o que corresponde a um taxa de inovação de 35,7%. Tal resultado é inferior ao observado no período 2006-2008, de 38,1%. Segundo o responsável pela pesquisa, o aumento na aversão aos riscos e a deterioração das expectativas dos empresários foram as prováveis razões para a queda observada.
Considerando apenas a indústria, que abarca 90% das empresas inovadoras na classificação da Pintec, a taxa de inovação foi de 35,6%, também inferior ao observado na pesquisa anterior. Nesse universo, a maioria se refere a empresas que inovaram apenas em seus processos internos (18,3%), seguidas pelas que inovaram tanto em produto quanto em processos (13,4%). Ou seja, trata-se de inovação marginais, em oposição a inovações radicais, capazes de permitir um salto qualitativo relevante na produção.
Anualmente, a Organização Mundial de Propriedade Intelectual (Ompi), a americana Cornell University e a escola francesa Insead divulgam o resultado do Índice Global de Inovação (IGI) de 143 países selecionados. Em 2014, o Brasil alcançou o 61º lugar no ranking, uma melhora quando comparado ao resultado obtido em 2013 (64º), mas ainda insatisfatório quando comparado ao 47º lugar ocupado em 2011. No Brasil, de acordo com o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o investimento total em inovação oscila próximo a 1,2% do PIB. Cabe destacar que do investimento total das empresas em atividades inovadoras no Brasil, 30,8% foram direcionados a Pesquisa e Desenvolvimento (P&D).
Tal fato sinaliza o esforço e preocupação dessas empresas com a inovação. A Confederação Nacional da Indústria (CNI), entretanto, destaca que o investimento total em inovação deveria estar em torno de 2,4% para que o país pudesse melhorar sua posição na competitividade mundial em indústria e serviços, aproximando-se de países como EUA e Alemanha. E ainda: considera tímidas as medidas propostas pelo Governo Federal, anunciadas em 2012, para promover o crescimento e inovação por meio de incentivos fiscais direcionados a P&D.
A ampliação do investimento na capacidade inovadora e o decorrente progresso tecnológico alavancariam a competitividade e sustentariam um crescimento de longo prazo mais expressivo na economia brasileira. Essa é a receita seguida por economias em fase moderna de desenvolvimento.
Admir Betarelli, Aline Barreto, Breno Mendonça, Gabriele Ribeiro, Guilherme Cardoso, Tamires TostaConjuntura e Mercados Consultoria Jr.
Faculdade de Economia/UFJF
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